Saúde

Média móvel de óbitos por Covid-19 tem alta de 18,6% no Brasil neste sábado





O Brasil registrou uma alta de 18,6% da média móvel de óbito por Covid-19 neste sábado (14), com 107 mortes registradas na média dos últimos sete dias. Em números absolutos, foram 92 novos óbitos registrados, segundo atualização do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) divulgada diariamente.

Ao todo, são 664.872 vítimas da doença no país.

A média móvel de casos registrados neste sábado é de 17.652, número que representa um crescimento de 12% em relação à semana anterior.

Os índices consideram a média de contaminações e de mortes registradas nos últimos sete dias. Os dados permitem o acompanhamento dos indicadores da pandemia sem eventuais distorções causadas por possível subnotificação aos fins de semana.

O país registra 30.682.094 casos da doença, desde o início da pandemia, em março de 2020.

 

- Só 43% dos adultos têm proteção adequada contra a covid-19

 

Essa é proporção dos que tomaram 3 doses de vacina; ômicron e subvariantes escapam da proteção vacinal

 

Só 43% da população de 18 a 59 anos no Brasil recebeu a 3ª dose da vacina contra a covid-19. Ou seja, menos da metade dos adultos tem proteção adequada contra a doença.

 

A aplicação não é mais considerada adicional ou “de reforço”. Passou a ser o patamar mínimo de proteção desde que se soube que a variante ômicron do coronavírus escapa com facilidade da vacina. “Não é mais uma opção para ficar mais protegido. É o básico. Quem não tem a 3ª dose está vulnerável, não tem proteção adequada”, afirma Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações.

 

Depois que a variante ômicron se alastrou rapidamente pelo mundo, a pandemia retrocedeu aos menores níveis de mortalidade em 2 anos. Atualmente, a média no planeta é inferior a 2.000 óbitos diários por causa da covid-19. No ápice da pandemia por aqui, 3.000 morriam por dia só no Brasil.

 

Mas a crise sanitária não acabou. Há uma nova alta de casos nos Estados Unidos e um repique em países da Ásia motivados por subvariantes que já estão se espalhando no Brasil. Por aqui, a média de mortes voltou a ter ligeira alta, o que preocupa alguns especialistas.

 

Poder360 lista algumas dúvidas sobre a proteção das vacinas contra essas novas variantes.

 

1 – Quais são as subvariantes ?

 

O nome técnico da variante ômicron é B.1.1.529. As subvariantes passaram a ser nomeadas a partir dessa sigla, acrescidas de novos números:

 

BA.1, BA.1.1, BA.2, BA.2.12.1, BA.3 e as mais recentes BA.4 e BA.5.

 

As diferenças entre elas se referem às mutações na proteína spike, a parte que o vírus usa para se ligar às células humanas. Essas mutações em geral fazem com que o vírus seja mais transmissível do que era na subvariante anterior. Por exemplo, estudos mostram que a subvariante BA.2 é de 30% a 60 % mais transmissível que as anteriores.

 

2 – Quão grave é a doença?

 

Assim como a ômicron se mostrou menos letal, suas subvariantes também estão relacionadas a casos menos severos de covid-19. Pesquisas mostram que a taxa de hospitalização pela subvariante BA.2, a que mais se espalhou até agora, é similar à da BA1. Ou seja, abaixo do que o mundo viveu durante a maior parte da pandemia.

 

Até agora não há perda de proteção nas formas graves. As subvariantes têm infecções nas vias aéreas superiores e as vacinas continuam protegendo contra as formas mais graves“, diz Renato Kfouri, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações.

 

Pouco é sabido até agora, no entanto, sobre as subvariantes BA.4 e BA.5. Há menos estudos e as conclusões não são definitivas.

 

Há preocupação, no entanto, com a covid longa. Hoje se sabe que mesmo quem tem covid leve pode ter sequelas por mais de 1 ano, o que traz impactos para todo o sistema de saúde no longo prazo.

 

3 – A vacina protege contra as subvariantes ?

 

As novas versões do coronavírus conseguem escapar das vacinas atuais. Os imunizantes, mesmo com a 3ª dose, não são mais eficientes para evitar o contágio, mas os estudos disponíveis até o momento mostram que a eficácia permanece contra formas mais graves da doença.

 

O que  se vê é que proteção se mantém. As subvariantes escapam, sim, da imunidade conferida pela vacina e mesmo pela imunidade conferida quando se pega a doença. Mas se mantém a alta proteção para as formas graves”, afirma Ballalai.

 

A proteção funciona de duas formas: a vacinação estimula a produção de células B. São o que se chama de “memória imunológica”. Essas células continuam eficientes para reconhecer as diferentes variantes e ativar o sistema imunológico para produzir anticorpos. A 2ª forma é com células T, que amplificam a resposta do vírus e são úteis contra os casos mais graves de doença.

 

Essa proteção depois do contágio continua efetiva contra as subvariantes, mas a duração da imunidade parece estar diminuindo a cada nova dose.

 

4 – Preciso mesmo tomar a 3ª dose?

 

Se tem mais de 18 anos, precisa. A ômicron e suas subvariantes tornaram duas doses de vacina insuficientes para proteger contra a infecção e também contra as formas graves da doença. “A proteção para formas graves ainda é mantida por esse período de 4 a 5 meses a partir da última dose”, diz Raquel Stucchi, infectologista da Unicamp e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia.

 

Há um consenso entre imunologistas que não se considera mais duas doses o esquema básico de vacinação. O mínimo para se ter uma proteção adequada é ter 3 doses. Alguns tentam abolir o uso do termo “dose de reforço” ou “dose adicional”.

 

5 – E a 4ª dose de vacina?

 

Não funciona muito bem contra a ômicron e suas subvariantes. Estudos mostram que a aplicação recupera parte da imunidade que se perde com o passar dos meses, mas o efeito é limitado e dura pouco.

 

A 3ª dose faz voltar muito da imunidade depois que há a perda de proteção das duas primeiras doses. Mas isso não aconteceu com a 4ª dose. Há uma recuperação do que você obteve com as 3 doses, mas parece ser uma recuperação de curta duração”, diz Renato Kfouri.

 

Esses fatores levaram até agora a 4ª dose a ser indicada no Brasil apenas a idosos e imunossuprimidos.

 

Os estudos não animadores sobre a 4ª dose faz com que a discussão sobre uma 5ª dose com as vacinas atualmente disponíveis não vá para a frente. “O caminho é uma outra vacina e melhoria nos tratamentos“, afirma Kfouri.

 

6 – As subvariantes afetam a eficácia de remédios?

 

Sim. Parte dos anticorpos monoclonais que eram usados com eficácia no tratamento passaram a não mais ter efeito com a chegada da ômicron e das suas subvariantes.

 

Avalia-se também se as novas variações afetam a capacidade de  tratamento com antivirais como o Paxlovid. “Os antivirais atuam para impedir a multiplicação do vírus, atuando na enzima que ajuda no processo. As mutações podem afetar áreas do vírus que dificultam esse processo”, diz Raquel Stucchi.

 

7 – O inverno preocupa?

 

A estação mais fria do ano é propícia à propagação de doenças respiratórias como a gripe (alguns infectologistas esperam novo surto de influenza no meio do ano) e a covid-19.

 

Há outros fatores de atenção: queda da obrigatoriedade de máscaras, maior mobilidade dos jovens e o fato de que o último surto de covid-19 começou há 4 meses, o que significa que mesmo a imunidade natural deve estar menor no meio do ano. Soma-se a tudo isso o fato de que a adesão à 3ª dose de vacina foi baixa e metade da população adulta não recebeu a aplicação. Ou seja, está desprotegida.

 

A nossa proteção para 3ª dose entre adultos menores de 80 anos é baixíssima. Com nova variante, e população jovem que mais circula, o risco é grande. O jovem entende que ‘essa doença não é grave’, o que faz com que a procura da 3ª dose seja nenhuma. A pandemia não acabou“, diz Isabella Ballalai.

 

Fonte: CNN Brasil - Poder360