Economia

Após dia de turbulência, dólar cai 1,17%, cotado a R$ 5,334; Bolsa sobe





O dólar comercial teve queda de 1,17% e encerrou a sexta-feira (11) cotado a R$ 5,334, após a turbulência de ontem devido ao discurso do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que defendeu a necessidade de se colocar a questão social na frente de temas que interessam, segundo ele, apenas ao mercado financeiro.

Na semana, a moeda americana registrou uma valorização de 5,37%, maior variação semanal desde junho de 2020.

 

Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), que reúne as empresas mais negociadas, encerrou o pregão em alta de 2,26%, aos 112.253,49 pontos. O volume negociado na bolsa brasileira foi de R$ 49.595.473.728.

Hoje, a queda de braço entre o mercado financeiro e a equipe de transição do governo Lula continuou, apesar da suposta calmaria entre os investidores. Também permanece a incerteza sobre quem irá ocupar o Ministério da Fazenda.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial (saiba mais clicando aqui). Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

Pânico no mercado após fala de Lula

O mau humor do mercado ocorreu após o discurso de Lula no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) em Brasília, local sede da comissão de transição de governo. O presidente eleito fez críticas à "estabilidade fiscal", ao defender que é preciso colocar a questão social na frente de temas que interessam, segundo ele, apenas ao mercado financeiro.

A divisa encerrou o dia com alta de 4,14%, negociada a R$ 5,397, na maior variação diária desde 16 de março de 2020, quando subiu 4,9% diante do surgimento da pandemia de covid-19.

Após o fechamento da cotação do dólar, ontem, Lula então ironizou a reação do mercado financeiro.

"O mercado fica nervoso à toa", iniciou Lula, com leve sorriso no rosto. "Eu nunca vi um mercado tão sensível como o nosso. É engraçado que esse mercado não ficou nervoso durante quatro anos [do governo] Bolsonaro", completou o petista a jornalistas.

Segundo apuração, a opção de retirar as despesas do Auxílio Brasil do teto de gastos de forma permanente desagradou o mercado. Para o setor financeiro, a saída que vem sendo negociada pela equipe de transição, que também teria de ser feita via PEC (Proposta de Emenda à Constituição), pode deteriorar a trajetória de sustentabilidade da dívida pública.

Luciano Rostagnoestrategista-chefe do banco Mizuho, disse que os mercados temem tanto o valor total da PEC —ainda em aberto— quanto a possibilidade de que o Bolsa Família fique permanentemente isento das regras fiscais do país, o que explicou a recuperação do dólar em relação aos menores patamares da sessão nesta sexta.

Os investidores também não aprovaram a participação de Guido Mantega, que integrou a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), na equipe de transição de governo. Hoje, em entrevista à GloboNews, ele negou que vá ser ministro.

Gleisi diz não entender reação de mercado

A presidente do PT e deputada federal, Gleisi Hoffmann, disse hoje não entender o que Lula fez para causar uma "reação tão grande" do mercado financeiro e afirmou ter "recebido com espanto" os valores de fechamento do pregão de ontem.

Não sei o que o presidente Lula falou que pudesse trazer uma avaliação tão grande do sentimento de mercado. Hoje, os indicadores de dólar já voltaram à normalidade.none Gleisi Hoffmann

A presidente nacional do PT reforçou que "o mercado não tem que se preocupar", porque já "conhece quem é Lula, sabe como ele trabalha com as finanças públicas e a responsabilidade que tem". Ela ressaltou que o compromisso social do novo governo fez parte da campanha eleitoral, ou seja, não deveria causar surpresa no mercado.

"Jamais vamos abrir mão de ter a responsabilidade social em primeiro lugar", falou e destacou as promessas do governo Lula de reduzir a fome no Brasil e gerar mais empregos.

Fonte: UOL - Reuters