Cultura

Papa preside missa pelo Dia Mundial dos Pobres em 13 de novembro





A celebração já havia sido antecipada pelo Escritório de Celebrações Litúrgicas e confirmada nesta quinta (3) pela Sala de Imprensa da Santa Sé. A missa presidida por Francisco na Basílica de São Pedro começa às 10h na Itália, 6h no horário de Brasília, com transmissão ao vivo em português dos canais do Vatican News. No Brasil, a CNBB já está disponibilizando material para preparar a data nas igrejas locais, como pede o Papa Francisco, "abrindo-se a um movimento de evangelização".

O Dia Mundial dos Pobres será celebrado neste ano em 13 de novembro, penúltimo domingo do ano litúrgico, com o tema ‘Jesus Cristo fez-Se pobre por vós’ (cf. 2 Cor 8, 9). No Vaticano, o Papa Francisco vai presidir uma missa na Basílica de São Pedro a partir das 10h na Itália, 6h no horário de Brasília, com transmissão ao vivo em português pelos canais do Vatican News. A celebração já havia sido antecipada pelo Escritório de Celebrações Litúrgicas e confirmada nesta quinta (3) pela Sala de Imprensa da Santa Sé.

 

A própria mensagem do Papa para o VI Dia Mundial dos Pobres foi divulgada em junho, quando voltou a condenar a guerra na Ucrânia e a sua "insensatez" com uma "'superpotência' que pretende impor a sua vontade contra o princípio da autodeterminação dos povos', gerando novas formas de pobreza e afetando “as pessoas indefesas e frágeis”. Francisco ainda fez um apelo para que, "diante dos pobres, não serve retórica, mas arregaçar as mangas", com uma advertência contra o dinheiro que não pode se tornar "um absoluto", porque "ofusca o olhar".

As iniciativas no Brasil

Já na última edição da data, no ano passado, o Papa Francisco exortou para que o Dia Mundial dos Pobres "possa radicar-se cada vez mais nas nossas Igrejas locais e abrir-se a um movimento de evangelização que, em primeira instância, encontre os pobres lá onde estão":

“Não podemos ficar à espera que batam à nossa porta; é urgente ir às suas casas, aos hospitais e casas de assistência, à estrada e aos cantos escuros onde, por vezes, se escondem, aos centros de refúgio e de acolhimento.”

Em resposta ao Papa, a Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com as Pastorais Sociais e Organismos, estão disponibilizando material para ajudar na preparação do VI Dia Mundial dos Pobres no Brasil. A Igreja no país vai aprofundar as iniciativas através do tema, “Dai-lhes vós mesmos de comer!”, em consonância com a Campanha da Fraternidade de 2023 que traz o tema “Fraternidade e fome”, e o lema “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16).

O material pretende auxiliar na reflexão e ação em atenção à realidade das pessoas em situação de pobreza no Brasil. Apesar da América Latina e o Caribe estarem entre os maiores exportadores de alimentos do planeta, em junho deste ano a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan) revelou que 33,1 milhões de pessoas só no Brasil não têm o que comer. Isso significa que, seguindo os dados coletados, 15,5% da população brasileira sente fome e não come por falta de dinheiro para comprar alimentos.

Além do mais, 6 em cada 10 famílias estão em situação de insegurança alimentar, isso significa que estão na condição de não ter acesso pleno e permanente para se alimentar. Esses dados foram colhidos em 12.745 domicílios brasileiros entre dezembro de 2021 e abril de 2022. Diante isso, encoraja a CNBB, "somos interpelados a voltar o olhar e à escuta atenta para a provocação de Jesus Cristo 'Dai-lhes vós mesmos de comer!'".

A história da Jornada Mundial dos Pobres

No dia 20 de novembro de 2016, na conclusão do Ano Santo Extraordinário da Misericórdia, o Papa Francisco instituiu o Dia Mundial dos Pobres. Na mensagem de lançamento ele disse: “Este dia pretende estimular, em primeiro lugar, os crentes, para que reajam à cultura do descarte e do desperdício, assumindo a cultura do encontro. Ao mesmo tempo, o convite é dirigido a todos, independentemente da sua pertença religiosa, para que se abram à partilha com os pobres em todas as formas de solidariedade, como sinal concreto de fraternidade”.

No Brasil, nos primeiros anos, a CNBB confiou à Cáritas Brasileira a animação e a mobilização do Dia Mundial dos Pobres. A entidade, nesse período, já realizava a Semana da Solidariedade – para pensar e agir por um país justo, fraterno, igualitário, solidário e amoroso, por ocasião de seu aniversário de fundação, 12 de novembro de 1956. A partir da III Jornada Mundial dos Pobres, as Pastorais e Organismos Sociais ligados à Cepast-CNBB assumiram coletivamente a animação e mobilização da data.

Andressa Collet

 

Francisco: comunicar com coragem os valores cristãos, dando voz aos excluídos

A emoção da comunidade do Vatican News e de todos os departamentos que compõem o Dicastério para a Comunicação que foram recebidos pelo Papa em audiência por ocasião de sua Plenária. De Francisco, ouviram o encorajamento a arriscar, mas sempre imbuídos dos valores cristãos.

O último compromisso da manhã deste sábado (12/11) para o Papa foi com o Dicastério para a Comunicação e, portanto, com toda a comunidade que compõe o Vatican News.

A ocasião foi a Plenária do Dicastério, que se conclui neste 12 de novembro sobre o tema “Sínodo e comunicação: um percurso a desenvolver”. E a sinodalidade foi o centro do discurso que o Pontífice entregou ao prefeito, Dr. Paolo Ruffini, preferindo dirigir algumas palavras de modo espontâneo.

Francisco ressaltou que a comunicação é conexão humana, não é "filosofia do alto-falante", ou um papagaio que só vai: deve ter dois caminhos, ida e volta. E ainda é diálogo, movimento e um desafio, pois deve ter como base uma inquietação comunicativa.

"O comunicador deve sempre arriscar! Comunicação é movimento criativo e com os nossos valores! Não é rezar a novena, mas arriscar com valores cristãos."

Ouça a reportagem com os testemunhos de Andressa Collet e Laura Lo Monaco

Já no discurso entregue, Francisco reiterou que o Sínodo não é um simples exercício de comunicação, nem mesmo a tentativa de repensar a Igreja com a lógica das maiorias e das minorias que devem chegar a um acordo. “Este tipo de visão é mundana”, alertou o Papa, afirmando que a essência do percurso sinonal é ouvir, entender e colocar em prática a vontade de Deus.

“Sem o caminhar juntos, podemos nos tornar simplesmente uma instituição religiosa, que porém perdeu a capacidade de fazer resplandecer a luz da mensagem do Mestre, perdeu a capacidade de levar sabor às vicissitudes do mundo.” A reflexão sobre a sinodalidade, explica o Papa, tem a intenção de fazer emergir com força algo que, de maneira implícita, a Igreja sempre acreditou. E a contribuição da comunicação é justamente tornar possível esta dimensão de comunhão, a capacidade relacional, a vocação aos elos. Francisco definiu a comunicação o “artesanato das relações”, em que a voz de Deus ressoa, favorecendo a proximidade, dando voz a quem é excluído.

Combater calúnias, violências verbais e fundamentalismos

Nesta perspectiva, Francisco indicou três pontos a serem refletidos. A primeira tarefa da comunicação é tornar as pessoas menos sós. Se a comunicação não tem esta capacidade, se trata somente de entretenimento. Depois, é preciso dar voz a quem não a tem, consciente de que a tarefa da Igreja é estar com os últimos e seu “habitat natural” são as periferias existenciais, situações de marginalidade devido a falências familiares ou pessoais. “Jesus nunca ignorou os ‘irregulares’ de qualquer gênero.” Por fim, o terceiro desafio é educar para a “fadiga do comunicar”, isto é, para o natural dissenso e divergência dos interlocutores:

“A comunicação deve tornar possível também a diversidade de visões, buscando sempre, todavia, preservar a unidade e a verdade, e combatendo calúnias, violências verbais, personalismos e fundamentalismos que, com a desculpa de serem fiéis à verdade, espalham somente divisão e discórdia. Se ceder a essas degenerações, a comunicação, ao invés de fazer tanto bem, acaba por fazer muito mal.”

O Papa concluiu encorajando os membros do Dicastério a irem avante de maneira firme e profética. “Servir a Igreja significa ser confiáveis e também corajosos em ousar novos caminhos. Neste sentido, sejam sempre confiáveis e corajosos.”

Bianca Fraccalvieri 

 

Papa: professor católico deve educar sem cortar as asas aos sonhos dos jovens

Na Sala do Consistório, no Vaticano, Francisco recebeu em audiência neste sábado (12/11) os membros da União Mundial dos Professores Católicos e falou da responsabilidade e da oportunidade dos educadores

O tema da educação esteve no centro do discurso do Papa Francisco aos participantes da Assembleia Geral da União Mundial dos Professores Católicos (UMEC), em andamento em Roma de 11 a 13 de novembro.

O tema da Assembleia é “Compreender e compartilhar os desafios educativos globais” e durante os trabalhos será eleito o novo Conselho internacional. A finalidade da União é ser uma rede de colegas na profissão e de irmãos e irmãs na fé, colocando-se a serviço de todos os professores católicos para que mantenham sua identidade e levem avante a sua missão. Nesta tarefa, disse Francisco, são “colaboradores do Papa”, cuja missão como Sucessor de Pedro é justamente confirmar e sustentar os irmãos na fé.

Para o Pontífice, a presença dos educadores cristãos no mundo da escola é de vital importância e é decisivo o estilo que assume. Com efeito, o educador cristão é chamado a ser ao mesmo tempo plenamente humano e plenamente cristão: "Não há humanismo sem cristianismo. E não há cristianismo sem humanismo". Não deve ser espiritualista, em órbita, “fora do mundo", mas radicado no presente, no seu tempo e na sua cultura. Deve ser capaz de estabelecer relações sinceras com os estudantes, entender suas exigências mais profundas, suas demandas, medos e sonhos. E ser capaz também de testemunhar – antes de tudo com a vida, mais do que com as palavras – que a fé cristã abraça todo o humano, trazendo luz e verdade para cada âmbito da existência, sem excluir nada, sem cortar as asas aos sonhos dos jovens.

Diante desta missão, os membros da União são chamados a dar suporte aos professores de todas as idades e condições profissionais, pois eles podem deixar um sinal, no bem e no mal, na vida de crianças, adolescentes e jovens. “Que responsabilidade e que oportunidade”, exclamou o Papa, pois sabemos por experiência pessoal quanto seja importante ter bons professores e sábios educadores nos anos de formação.

A formação, inclusive para os professores, nunca deve acabar, já que lidam com sujeitos e não com objetos, pessoas que mudam de ano em ano, até de mês para mês. Portanto, não há espaço para a rigidez: "A rigidez destroi a educação". Os educadores devem ser capazes de transmitir de maneira mais eficaz a alegria do conhecimento e o desejo de verdade, adotando linguagens e formas culturais aptas aos jovens de hoje e advertiu quanto às colonizações ideológicas, que causam danos quando entram na educação.

Por fim, Francisco faz um convite, para que os membros da União sensibilizem os professores católicos quanto ao Pacto Educativo Global, uma iniciativa lançada em 2019 em prol de uma ampla aliança educacional que coloque no centro a pessoa na sua dignidade e beleza, e as famílias como sujeitas educativas primárias. O Papa concluiu pedindo a intercessão de Nossa Senhora e dos Santos e Santas educadores nos trabalhos da Assembleia Geral.

Bianca Fraccalvieri 

Fonte: Vatican News