O Ibovespa fechou em alta nesta segunda-feira (14), endossado principalmente pelo avanço de Petrobras e Vale, em sessão de ajustes, com agentes financeiros também atentos ao noticiário sobre a PEC da Transição, que aumenta o espaço para gastos públicos em 2023.
O principal índice da bolsa subiu 0,81%, aos 113.161,28 pontos. As ações da Petrobras (+2,77% ON e +2,63% PN) e do Pão de Açúcar (+ 5,16%) estavam entre as maiores altas.
Entre as baixas, os destaques eram Marfrig (- 7,4%), JBS (- 3,09%) e Embraer (- 6,1%).
Na última sexta-feira, o Ibovespa à vista fechou em alta de 2,26%, a 112.253,49 pontos, com forte avanço em ações de mineração e siderurgia, diante de perspectivas ligadas à China. Na semana, porém, acumulou uma queda de 5%, afetada por preocupações com o cenário fiscal do país.
Já o dólar fechou o pregão marcado por volatilidade, em queda frente ao real, após ser abatido no final das negociações por esperanças de que a equipe de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ceda a uma redução nos gastos extra-teto que serão embutidos na PEC da Transição. A moeda norte-americana fechou em queda de 0,51%, a R$ 5,302.
Alguns investidores atribuíram esse comportamento da moeda norte-americana a uma correção, depois que a moeda norte-americana disparou 5,49% no acumulado da semana passada. É normal, após movimentos expressivos do dólar, haver momentos de ajuste no sentido oposto.
Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, lembrou que esta sessão é de pouca liquidez por ser véspera de feriado no Brasil, o que “pode aumentar a volatilidade do real em relação a outras moedas”.
Ele também alertou para o clima avesso a risco no exterior como possível obstáculo para o real, conforme investidores mostravam preocupações com o aumento de casos de Covid-19 na China e moderavam o otimismo em relação a uma possível desaceleração do ritmo de altas de juros do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos.
Já na cena política doméstica, “o mercado ainda está muito em compasso de espera”, acrescentou Velloni, citando dúvidas sobre como será a situação fiscal do Brasil sob Lula e expectativas por pistas sobre qual será o ministro da Fazenda do governo eleito.
Ainda não estão definidos o prazo de vigência das regras da PEC de Transição e os valores a serem retirados do teto de gastos, mas a expectativa é de que o texto seja finalizado na quarta-feira, após o feriado da Proclamação da República.
Os mercados têm mostrado grande preocupação tanto com os planos de gastos extra-teto de Lula quanto pela incerteza sobre quem chefiará a pasta econômica do petista, e na sexta-feira passada o dólar marcou seu maior ganho semanal desde maio de 2020.
No entanto, alguns observadores do mercado financeiro acreditam que o tombo recente dos ativos brasileiros pode ter sido exagerado, já que o maior risco para o Brasil seria uma transição de poder conturbada ou golpes sólidos contra a democracia –cenário que não se consolidou, apesar de protestos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL).
“O Brasil teve eleições há duas semanas e a transferência de poder é pacífica. O mais raro dos presentes, um grande mercado emergente com uma democracia funcional. O que os mercados fazem? Punem o Brasil, vendendo o real e precificando mais altas de juros”, escreveu no fim de semana o economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), Robin Brooks.
“Fomos inundados com pedidos para enfraquecermos nosso valor justo de longa data de 4,50 por dólar”, disse Brooks ao falar sobre o patamar de câmbio considerado condizente com os fundamentos do país.
“Não faremos nada disso. O resultado nesta eleição não é importante. Em vez disso, tratava-se de saber se o Brasil poderia evitar um momento ao estilo 6 de janeiro nos EUA”, afirmou o economista, referindo-se à invasão do Capitólio norte-americano em 2021. “(O Brasil) conseguiu. O real vai se recuperar para 4,50 por dólar.”
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- Crise das criptomoedas continua; veja últimos acontecimentos após colapso da FTX
Os reflexos do terremoto de trilhões de dólares que atingiu na semana passada a indústria de criptomoedas continuaram a ser sentidos nesta segunda-feira (14).
Os preços das moedas digitais caíram novamente à medida que a crise envolvendo o mercado se aprofundou no fim de semana.
O Bitcoin, a maior criptomoeda do mundo, despencou cerca de 65% até agora este ano. O ativo estava sendo negociado a cerca de US$ 16.500 nesta segunda-feira, de acordo com a CoinDesk, e analistas acreditam que pode cair abaixo de US$ 10.000 nos próximos dias.
Enquanto isso, a segunda criptomoeda mais valiosa ethereum não está se saindo muito melhor. Ela estava sendo negociada a US$ 1.231,53 nesta segunda-feira, tendo afundado mais de 20% na semana passada, mostraram os dados do CoinDesk.
A queda ocorre enquanto os investidores continuam a lidar com a impressionante implosão do FTX Group, um dos maiores e mais poderosos players do setor.
Alguns especialistas do setor disseram que a queda da empresa desencadeou um “momento Lehman”, referindo-se ao colapso do banco de investimento em 2008 que causou ondas de choque em todo o mundo.
O episódio não apenas destruiu a confiança na indústria de criptomoedas, mas também encorajará os reguladores globais a apertar os parafusos. Alguns dos maiores nomes do setor disseram que vão dar as boas-vindas ao escrutínio, se isso ajudar a restaurar a fé na indústria mais uma vez.
Há “muito risco”, disse Changpeng Zhao, que administra a plataforma de criptomoedas Binance. “Vimos na semana passada que as coisas ficaram loucas na indústria, então precisamos de alguns regulamentos, precisamos fazer isso corretamente”, acrescentou.
Em uma conferência na Indonésia na semana passada, o chefe da Binance, conhecido como CZ, disse que comparar a atual turbulência das criptomoedas com a crise financeira global de 2008 é “provavelmente uma analogia precisa”.
Zhao foi um ator importante nos eventos que cercaram a queda da FTX. A Binance chegou a um acordo de resgate provisório com a FTX no início da semana passada, mas essa transação desmoronou.
A FTX continuou sua espiral descendente no fim de semana, após a declaração de falência na sexta-feira. E outro grande nome da indústria admitiu a má gestão de fundos, assustando ainda mais os investidores.
Aqui está como as coisas se desenrolaram nos últimos dias, mostrando que a crise está apenas começando.
A FTX mudou sua sede de Hong Kong para as Bahamas no ano passado, com o ex-CEO Sam Bankman-Fried saudando-a como “um dos poucos lugares para configurar uma estrutura abrangente para criptomoedas” na época.
No domingo, as autoridades das Bahamas disseram que estavam investigando uma possível má conduta criminal em torno da implosão da empresa.
“À luz do colapso da FTX globalmente e da liquidação provisória da FTX Digital Markets Ltd., uma equipe de investigadores financeiros da Divisão de Investigação de Crimes Financeiros está trabalhando em estreita colaboração com a Comissão de Valores Mobiliários das Bahamas para investigar se ocorreu alguma má conduta criminal”, disse a Força Policial das Bahamas em um comunicado.
Não está claro, porém, qual aspecto específico do rápido colapso das autoridades da FTX a corporação está investigando.
Bankman-Fried, o fundador de 30 anos da exchange, foi um dos rostos da indústria de criptomoedas, acumulando uma fortuna que totalizou US$ 25 bilhões que desde então desapareceu. Ele era visto como o cavaleiro branco do mundo cripto, intervindo anteriormente para resgatar empresas que lutavam após o colapso da stablecoin TerraUSD em maio.
A FTX, apoiada por investidores de elite como BlackRock e Sequoia Capital, rapidamente se tornou uma das maiores exchanges de criptomoedas do mundo. Seu colapso foi precedido pela decisão de emprestar bilhões de dólares em ativos de clientes para financiar apostas arriscadas da Alameda, o fundo de hedge cripto da FTX, informou o Wall Street Journal na quinta-feira.
A investigação das Bahamas ocorreu um dia depois que a falida FTX disse que estava lançando uma investigação própria.
No sábado, a FTX disse que estava investigando se os criptoativos foram roubados e, desde então, transferiu todos os seus ativos digitais para offline. A empresa de gerenciamento de risco cripto Elliptic disse que, embora o roubo não tenha sido confirmado, US$ 473 milhões em ativos criptográficos foram aparentemente roubados da FTX.
Em um tweet no início do sábado, o conselheiro geral da FTX, Ryne Miller, disse que a empresa “iniciou medidas de precaução” e transferiu todos os seus ativos digitais para armazenamento a frio. O processo foi “acelerado” na noite de sexta-feira “para mitigar os danos ao observar transações não autorizadas”, disse Miller em um tweet.
Miller disse na sexta-feira que a FTX estava “investigando anormalidades” em relação aos movimentos nas carteiras de criptomoedas “relacionadas à consolidação dos saldos da FTX nas exchanges”. Os fatos ainda não estão claros e a empresa compartilhará mais informações o mais rápido possível, acrescentou.
À medida que o escrutínio dos grandes players do mundo das criptomoedas aumenta, outro grande acidente alarmou os investidores no fim de semana. A Crypto.com, com sede em Cingapura, admitiu ter enviado acidentalmente mais de US$ 400 milhões em Ethereum para a conta errada.
Seu CEO, Kris Marszalek, disse no Twitter no domingo que a transferência de 320.000 ETH foi feita há três semanas para uma conta corporativa na exchange concorrente Gate.io, em vez de uma de suas carteiras offline, ou “frias”.
E embora os fundos tenham sido recuperados, os usuários estão se retirando da plataforma, temendo o mesmo resultado da FTX.
“Desde então, fortalecemos nosso processo e sistemas para gerenciar melhor essas transferências internas”, tuitou Marszalek no domingo. O token nativo da plataforma caiu mais de 20% nas últimas 24 horas, de acordo com a CoinDesk na segunda-feira.
Na conferência em Bali, o chefe da Binance, Zhao, sinalizou que regular o setor não será fácil.
A “resposta natural das autoridades é tomar emprestado os regulamentos dos sistemas bancários tradicionais, mas as exchanges de criptomoedas operam muito, muito diferente dos bancos”, disse ele na segunda-feira.
“É muito normal que um banco mova ativos de usuários para investimentos e tente obter retornos”, explicou. Se uma exchange de criptomoedas operar dessa maneira, é “quase garantido que cairá”, disse ele, acrescentando que a indústria coletivamente tem um papel a desempenhar na proteção dos consumidores.
“Os reguladores têm um papel, mas nenhum pode proteger um jogador ruim”, disse ele.
Fonte: CNN Brasil