O dólar encerrou em alta de 1,84% nesta sexta-feira (25), cotado a R$ 5,407, após comentários do ex-ministro Fernando Haddad em evento da Febraban, em meio à percepção de que ele é o favorito ao cargo de ministro da Fazenda do novo governo.
Essa foi a maior valorização percentual diária da moeda norte-americana desde o último dia 10 (+4,10%) e o patamar de encerramento mais alto desde 22 de julho passado (R$ 5,497). Na semana, o dólar registra alta acumulada de 0,61%, a terceira seguida de ganhos.
O Ibovespa, que abriu o dia em queda, acelerou as perdas na tarde desta sexta-feira (25), enquanto o dólar chegou a bater R$ 5,40, sem trégua nas incertezas relacionadas ao rumo fiscal no país e à equipe ministerial do novo governo, principalmente quem ocupará o Ministério da Fazenda.
O dólar ganhou fôlego após comentários do ex-ministro Fernando Haddad em evento da Febraban, em meio à percepção de que ele é o favorito ao cargo de ministro da Fazenda do novo governo do país.
Por volta das 17h20, o principal índice da bolsa operava em queda de 2,63%, a 108.895 pontos.
Haddad disse que a determinação clara de Luiz Inácio Lula da Silva é dar prioridade total à reforma tributária logo no início do governo, e ressaltou que estava no evento para falar em nome do presidente eleito.
O comentário entre investidores é de que Haddad não deu muitos detalhes sobre como será a postura fiscal do governo Lula, nem sanou dúvidas sobre como será o desenho final da PEC da Transição.
Além disso, a participação do ex-prefeito de São Paulo no evento foi entendida como mais uma evidência de que Haddad será nomeado ao cargo de ministro da Fazenda.
Aos olhos de investidores, Haddad seria inclinado a flexibilizações das regras fiscais do país caso assuma a pasta econômica do governo eleito.
Mas o fôlego não se sustentava nesta sessão, uma vez que segue aberta a questão sobre o ministério de Lula e a PEC da Transição não apresenta avanços concretos, embora a sinalização seja de que o texto final possa ser menos ruim, na visão do mercado, do que a primeira proposta.
A falta de acordo político levou a mais um adiamento da apresentação do PEC que, na melhor das hipóteses, deve ser protocolado pelo autor, o senador Marcelo Castro (MDB-PI), apenas na terça-feira da semana que vem.
Para Werner Roger, gestor e sócio-fundador da Trígono Capital, o mercado está refletindo a preocupação fiscal e ainda o desconforto com o noticiário mostrando Haddad como favorito para assumir a Fazenda.
Ele chamou a atenção para a forte queda de papéis de consumo, varejo e tecnologia, em razão justamente do receio de que um descontrole fiscal possa exigir que o Banco Central adie planos de reduzir a taxa Selic.
- Mercado vê discurso “generalista” de Haddad sobre economia na Febraban; bolsa cai, dólar sobe
O Ibovespa ampliou a queda após as falas de Fernando Haddad (PT), cotado para ministro da Fazenda do governo Lula, em almoço com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Às 17h20, o índice operava em baixa de 2,63%.
Já o dólar chegou a bater em R$ 5,40 no mesmo horário, sem trégua nas incertezas relacionadas ao rumo fiscal no país e à equipe ministerial do novo governo.
A avaliação de banqueiros que estiveram no almoço da Febraban é que o discurso de Fernando Haddad foi muito generalista e sem consistência suficiente para os banqueiros.
Um desses banqueiros avalia que o governo eleito não tem time nem tem plano, informa a analista de política da CNN Thais Arbex.
Minutos antes do início do evento, Haddad se dirigiu ao salão principal, que recebe 350 convidados, e foi o centro das atenções. Foi cumprimentado por diversos executivos presentes, e muito assediado pela imprensa, conforme relato do analista do CNN Business Fernando Nakagawa.
Na mesa do almoço, Haddad estava sentado entre o presidente da Febraban, Isaac Sidney, e o presidente do conselho de administração do BTG, André Esteves. Nela, estão todos os principais executivos que comparecem ao evento.
Cotado para ser o novo ministro da Fazenda, Fernando Haddad foi muito paparicado ao chegar ao almoço anual da Febraban. Haddad comparece como representante do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
O ex-ministro da Educação chegou por volta das 11h45 ao local do evento no bairro do Itaim Bibi, na zona sul de São Paulo e foi direto a uma sala reservada. Lá, esteve por cerca de 20 minutos com a direção da Febraban e alguns dos principais executivos do setor, que participam do evento.
Fernando Haddad (PT) fez um discurso de futuro ministro da Fazenda durante o almoço. “Minha vida mudou muito de terça-feira para ontem, agora falo em nome do presidente Lula”, afirmou, explicando porque estava ali.
Ele prometeu uma reforma tributária em 2023, começando pelos impostos sobre o consumo. E foi específico: a PEC 45, que unifica o ICMS. Também disse que vai revisar os gastos públicos, sem dar detalhes.
Mas não deu uma palavra sobre o principal tema hoje: a PEC do Estouro, que prevê a retirada de quase R$ 200 milhões do teto de gastos. Haddad disse apenas que “o que não dá é para o Brasil crescer 0,5% porque as tensões sociais se agravam”, e apresentou Lula como alguém que ouve a sociedade.
O tema era o mais aguardado pelos presentes no evento. Como relata o analista de economia da CNN Fernando Nakagawa, o público ficou “muito frustrado” com a ausência do tema no discurso.
A plateia estava esperando para saber – via Fernando Haddad como mensageiro de Lula – uma indicação de como o novo governo pretende resolver o grande problema de curtíssimo prazo que é a Pec da Transição, de como o governo vai pagar o Bolsa Família, já que não tem espaço no Orçamento. Essa expectativa foi absolutamente frustrada, já que não houve nada sobre isso.
Haddad chegou a ironizar e chamou de PEC do Estouro ou PEC Kamikaze o pacote pré-eleitoral aprovado pelo Congresso para tentar turbinar a candidatura de Jair Bolsonaro. “Não sei como vocês do mercado chamam, mas aquilo deseducou.” E ainda disse que o orçamento do atual governo foi mal feito.
Mas o foco do discurso do Haddad foi o que o governo pretende fazer a partir de janeiro, e citou muito o “diálogo” e “estabelecer pontes”.
Em nome do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro Fernando Haddad defendeu a harmonia entre os poderes e destacou que a reforma tributária será a prioridade do primeiro ano do novo Governo.
Haddad havia recusado um convite de participar do evento, mas acabou aceitando o pedido de Lula para representá-lo, já que o presidente eleito ainda se recupera de uma cirurgia.
O ex-ministro destacou que logo nos primeiros meses de governo, o foco será a reforma tributária para melhorar a qualidade da receita, com um segundo momento direcionando as energias para uma reforma dos impostos sobre renda e Patrimônio.
Haddad afirmou ainda que é preciso virar a página da guerra que se estabeleceu entre a Presidência, governadores, prefeitos e os demais poderes. Ele destacou ainda que Lula nunca viu incompatibilidade entre o social e o fiscal.
Por outro lado, Haddad disse que não foi ao evento falar sobre a PEC que coloca o Bolsa Família fora do teto de gastos. Haddad evitou ainda falar sobre a possibilidade de indicação ao Ministério da Fazenda.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Melo, também discursou, deu um panorama da situação do Brasil nos últimos anos e defendeu a manutenção das reformas e a coerência fiscal. Antes, discursou o presidente da Febraban, Isaac Sidney, que garantiu que os bancos irão contribuir para a governabilidade.
Fonte: CNN