Economia

UBS deve comprar Credit Suisse por US$ 2 bilhões





Governo deve anunciar compra mediada pelo Estado ainda neste domingo; pagamento será em ações

Depois de 3 dias de negociações, o banco suíço UBS concordou em comprar o Credit Suisse por mais de US$ 2 bilhões, segundo a agência de notícias Bloomberg. O valor do novo acordo é o dobro que o anterior, de US$ 1 bilhão.

A agência de notícias disse que autoridades da Suíça estão dispostas a mudar as leis do país para que o voto de acionistas não atrasem as negociações. O objetivo é assinar o acordo ainda na noite deste domingo (19.mar.2023). No mesmo dia, o governo local deve anunciar a compra. 

 

De acordo com o jornal Financial Times, o UBS agora pagará mais de 0,50 francos suíços por ação. Antes, eram ofertados 0,25 francos suíços. O valor ainda é abaixo do preço de fechamento do Credit Suisse, que na 6ª feira (16.mar) estava em 1,86 francos suíços. 

O contrato propõe à flexibilização de uma cláusula que anularia a negociação se seus spreads (diferença do juros que um banco paga aos investidores e a taxa que cobra nos empréstimos) de inadimplência de crédito cresçam. O cancelamento da cláusula valeria desde a assinatura do acordo e o fechamento da proposta. 

A negociação para uma possível compra pelo UBS se iniciou logo depois que o Credit Suisse informou ter identificado “fragilidades materiais” em seus relatórios financeiros dos últimos 2 anos. 

Os 2 bancos são concorrentes na Suíça, uma fusão total ou parcial entre eles aumentaria o poder em uma só instituição financeira. 

As fontes ouvidas pelo FT disseram que os reguladores suíços elaboraram o acordo para fornecer estabilidade máxima ao sistema bancário da Suíça. 

Autoridades da Europa e dos EUA observam a situação do Credit Suisse com atenção. Depois que os bancos norte-americanos SVB e Signature Bank faliram, o mercado ficou mais atento à situação de bancos que passam por turbulências. 

Como as duas instituições norte-americanas eram menores e tinham foco em investimentos em startups, o alastramento da crise é menos preocupante. Porém, o Credit Suisse é um dos maiores bancos da Europa. Ativo desde 1.856, uma falência traria mais consequências globais. 

ENTENDA O CASO

Na 3ª feira (14.mar), o Credit Suisse Group AG Informou ter identificado “fragilidades materiais” em seus relatórios financeiros dos últimos 2 anos. O anúncio foi feito no relatório anual de 2022. Eis a íntegra (6,7 MB, em inglês).

Na 4ª feira (15.mar), as ações do banco caíram até 30,8% na mínima do dia e puxaram a queda do setor bancário global. No Brasil, as 5 principais instituições financeiras na B3 (Bolsa de Valores de São Paulo) perderam R$ 35,7 bilhões em valor de mercado em 4 pregões de 8 a 14 de março. 

  • Ações do Credit Suisse desabam e puxam queda dos bancos no mundo

Horas depois, o Financial Times informou que os executivos do banco de investimentos realizaram reuniões com representantes do Banco Central suíço e da Finma. Ainda conforme o jornal, o Credit Suisse pediu às autoridades monetárias uma declaração pública de apoio. 

Mais tarde, o Banco Central da Suíça afirmou que forneceria um suporte de liquidez ao Credit Suisse. As declarações foram dadas em um anúncio conjunto com a Finma.  

“O Credit Suisse atende a requisitos de capital e liquidez impostos aos bancos sistemicamente importantes. Se necessário, o SNB [Banco Nacional da Suíça]fornecerá ao CS [Credit Suisse] liquidez”, disse a nota.

Em resposta, o Credit Suisse anunciou na noite da 4ª feira (15.mar) que deve tomar um empréstimo do Banco Central da Suíça de US$ 54 bilhões (cerca 50 bilhões de francos suíços) por meio de uma linha de empréstimo coberta e uma linha de liquidez de curto prazo.  

Na 5ª feira (16.mar), as ações do Credit Suisse subiram 19,15% com o anúncio da injeção de liquidez. A alta se deu 1 dia depois de registrar queda acentuada de 24,11%.

Também na 5ª feira (16.mar), a agência de notícias Reuters informou que acionistas norte-americanos do Credit Suisse processaram o banco de investimentos suíço. Eles afirmam que houve fraude por parte da instituição ao ocultar informações a respeito das finanças do banco. 

O processo judicial foi aberto em um tribunal federal na cidade de Camden, no Estado de Nova Jersey. O presidente-executivo do Credit Suisse, Ulrich Koerner, e o presidente Axel Lehmann estão entre os réus.

 

Fonte: Poder360