O Ibovespa fechou em alta de 1,52% nesta terça-feira (28), aos 101.185,09 pontos, com investidores digerindo a ata da última reunião de política monetária do Banco Central e na expectativa de uma nova regra fiscal para o país. Foi a terceira sessão em alta.
Já o dólar recuou 0,80%, cotado a R$ 5,165 na venda, na terceira baixa seguida da moeda, influenciado pelo exterior, onde a moeda norte-americana também caía ante outras divisas, e pela percepção de que o Banco Central manterá a taxa básica de juros em patamares mais elevados no curto prazo.
Na semana, o dólar acumula desvalorização de 2,35%.
No exterior, o dólar sustentava perdas ante divisas como o peso chileno, o peso mexicano, o dólar australiano e o dólar canadense. Por trás do movimento estava a percepção de que a crise bancária que atingiu instituições dos Estados Unidos e da Europa foi amenizada, após a atuação de órgãos e países, o que aumentava o apetite por risco. Este movimento se replicou no Brasil.
Pela manhã, os investidores também se debruçaram sobre a ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC.
Na ata divulgada nesta manhã, o BC afirmou que a materialização de um cenário com uma nova regra fiscal “sólida e crível” poderá trazer um processo de desinflação “benigno”, ainda que a relação entre inflação e arcabouço fiscal não seja “mecânica”.
“O Copom enfatizou que não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a apresentação do marco fiscal, uma vez que a primeira segue condicional à reação das expectativas de inflação, às projeções da dívida pública e aos preços de ativos”, disse o BC.
Para Rafaela Vitoria, economista-chefe do Inter, a “ata foi mais dura que o comunicado” e o “cenário de queda de juros próximo ficou menos provável”.
Na visão do estrategista e sócio na Laic Asset Management, Vitor Carvalho, o BC tentou mostrar ao mercado que não se pauta pelo fiscal exclusivamente, mas que isso tem sim peso na formação de taxa de juro neutra que acaba condicionando o patamar da Selic. “Achei a ata bem ‘hawkish'”, acrescentou.
O real tende a se beneficiar de uma taxa de juros elevada, já que fica mais atraente para uso em estratégias de “carry trade”. Estas consistem na tomada de empréstimo em país de custos de empréstimos baixos e aplicação desse dinheiro em praça mais rentável, de forma que o investidor lucra com o diferencial de juros.
Por outro lado, investidores apontam as tensões entre o governo e o BC como um fator que afasta investidores do risco, ao abalar a estabilidade institucional no país.
Entre os destaques, as ações da Hapvida rondavam alta de 20% após o anúncio de venda de imóveis e contratação de bancos para potencial oferta primária de ações.
No exterior, os mercados seguem de olho no setor bancário, especialmente após um acordo de compra do Silicon Valley Bank ter aumentado as esperanças de que a crise será contida.
Na véspera, o dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 5,207 na venda, queda de 0,82%. Já o Ibovespa subiu 0,85%, aos 99.670,47 pontos.
O Banco Central fará neste pregão leilão de até 16 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 2 de maio de 2023.
Fonte: CNN - Reuters.