O Ibovespa fechou na estabilidade nesta quarta-feira (29), com variação positiva de 0,06%, aos 101.792,52 pontos, com Vale e Petrobras entre os principais suportes, enquanto permanecem indefinições envolvendo o teor e data de apresentação do novo marco fiscal do país pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na cena corporativa, Qualicorp caiu forte após resultado abaixo do esperado no quarto trimestre, enquanto Hapvida voltou a ser destaque na ponta positiva ainda sob efeito de medidas para fortalecer sua estrutura de capital.
Já o dólar encerrou com recuo de 0,58%, cotado a R$ 5,135 na venda.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse, no início da tarde desta quarta-feira (29), que só saberia em breve se está pronta a proposta da nova regra fiscal elaborada pela equipe econômica do governo após a conversa final com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio da Alvorada.
Por volta das 14h45, ao sair da sede da pasta para ir ao encontro de Lula, Haddad foi perguntado se a nova regra fiscal estaria pronta para apresentação ainda nesta terça (29), e respondeu: “Já já eu vou saber”. Haddad chegou ao Alvorada pouco depois das 15h.
O ministro da Fazenda foi chamado pelo presidente da República para essa apresentação e definição dos parâmetros que serão adotados na redação final do texto que será encaminhado ao Congresso Nacional.
Como adiantado Daniel Rittner e Raquel Landim, da CNN, Haddad irá apresentar pessoalmente o formato definitivo da nova regra fiscal às principais lideranças do Congresso antes da divulgação pública do projeto.
Lula receberá uma versão ajustada do marco fiscal. Se ele bater o martelo na aprovação, o texto será levado para conhecimento dos parlamentares logo depois.
Primeiro, Haddad apresentará o texto chancelado por Lula da nova regra fiscal aos principais líderes partidários da Câmara dos Deputados e ao presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).
Já aos senadores, a expectativa é que a proposta só seja apresentada nesta quinta-feira (30). O ministro da Fazenda, Haddad, acompanhado do secretário-executivo da pasta, Gabriel Galípolo, participarão da reunião de líderes do Senado, marcada para às 9h.
No exterior, as bolsas aproveitam o momento para engatar em recuperação, com um novo-velho desafio se ensaiando: o de se posicionar para os próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA).
O dado mais importante da semana vem na sexta-feira, com o PCE (Preços para Despesas com Consumo Pessoal, na sigla em inglês) — o índice favorito do BC norte-americano para basilar a decisão sobre juros. Até lá, o mercado deve oscilar no modo “no news, good news”, que vê a falta de novas notícias como uma boa notícia.
Na véspera, o dólar recuou 0,80%, a R$ 5,165 na venda. O Ibovespa, por sua vez, fechou em alta de 1,52%, aos 101.185,09 pontos.
O Banco Central fez neste pregão leilão de até 16 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 2 de maio de 2023.
Confira outras notícias
- Dívida pública sobe 1,51% e atinge R$ 5,86 trilhões em fevereiro
A dívida pública subiu 1,51% em fevereiro na comparação com o mês anterior. Atingiu R$ 5,86 trilhões, com aumento de R$ 87,31 bilhões no período.
Os números incluem os débitos do governo no Brasil e no exterior. Os dados foram divulgados pelo Tesouro Nacional nesta 4ª feira (29.mar.2023). Eis a íntegra (456 KB).
A dívida pública percentual em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), por sua vez, atingiu 72,5% em janeiro, de acordo com o BC (Banco Central). É o menor patamar anual em 6 anos, desde 2016.
Na comparação com janeiro de 2022, houve um recuo de 5,4 pontos percentuais. O BC tem uma metodologia mais ampla, pois inclui títulos do governo com a autoridade monetária e débitos dos governos estaduais e municipais.
A dívida pública é emitida pelo governo federal para financiar o deficit orçamentário, ou seja, para cobrir as despesas que superam a arrecadação com impostos, contribuições e outras receitas. É vista como uma das principais referências para a avaliação da capacidade de pagamento do país pelas agências globais que avaliam grau de investimento.
A reserva de liquidez do Tesouro Nacional teve aumento de 4,43%, passando de R$ 953,39 bilhões, em janeiro, para R$ 995,66 bilhões, em fevereiro. O índice corresponde a 6,87 meses de vencimento –é o menor desde fevereiro de 2021.
No mês anterior, equivalia a 7,62 meses. Segundo o Tesouro, a redução do indicador se explica “pela janela de vencimentos à frente utilizada em seu cálculo, em especial por incluir os meses de março e setembro de 2023, que concentram grandes vencimentos”.
Quanto aos detentores, o grupo Instituições Financeiras subiu o estoque em R$ 49,7 bilhões e se mantém como o grupo com a maior participação na dívida interna: 27,8%.
Já o segmento Fundos de Investimento aumentou o estoque em R$ 39,3 bilhões. A participação relativa atingida é de 24,77%.
O grupo Previdência apresentou redução de R$ 24,4 bilhões, uma participação de 22,79% na dívida, enquanto os Não-Residentes subiram R$ 6,4 bilhões (participação de 9,76%).
- Varejo nacional deve faturar R$ 2,49 bi na Páscoa, projeta a CNC
O comércio varejista brasileiro deverá vender R$ 2,49 bilhões para a Páscoa deste ano, um aumento de 2,8% em comparação com o mesmo período de 2022, já descontada a inflação. O resultado ficará, entretanto, 2,7% abaixo do registrado em 2019, que atingiu R$ 2,56 bilhões. A estimativa é da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A Páscoa representa a sexta data comemorativa mais relevante do calendário do varejo.
“Essa data comemorativa deve ficar aquém do nível de vendas de 2019. E, basicamente, são duas razões para isso”, disse, nesta quarta-feira (29), à Agência Brasil o economista da CNC, Fabio Bentes.
A primeira razão é o comportamento dos preços, com a alta da inflação. “Os preços dos alimentos têm subido bastante e os itens específicos da Páscoa devem ter aumento de 8%. Se confirmado esse reajuste, será a maior alta desde 2016”, informou. Naquele ano, os preços da cesta de produtos da Páscoa tiveram expansão de 10,3%.
O segundo fator para o faturamento do setor ser menor que o de 2019 é que a Páscoa não é uma data comemorativa com apelo tão grande como o Natal, dia das Mães e a Black Friday, disse Bentes. Além disso, o consumidor deve ficar um pouco mais cauteloso.
“A data se insere no contexto de recuperação da economia, mas não consegue atingir o faturamento de antes da pandemia por conta da variação dos preços nos últimos meses, e, especificamente, os preços dos alimentos da Páscoa”, explicou.
Por estados, são esperadas altas de vendas em Santa Catarina (7,9%), Ceará (7%) e Espírito Santo (6,8%). Já os maiores volumes de vendas deverão se concentrar em São Paulo (R$ 977,02 milhões), Minas Gerais (R$ 273,11 milhões) e Rio de Janeiro (R$ 243,99 milhões) que, juntos, responderão por 60% do volume financeiro gerado para a data.
Outro indicador de que o varejo está apostando em uma Páscoa moderada este ano é que as importações de chocolate, embora tenham crescido 6,5% em relação a 2022, somando 2,76 mil toneladas, não conseguiram igualar as compras de 2020, que somaram três mil toneladas.
Em relação a outro produto típico da época - o bacalhau -, a CNC registrou queda de 32,7% na quantidade importada ante a Páscoa do ano passado, totalizando 3,69 toneladas contra 5,48 toneladas em 2022.
Os números foram tabulados pela entidade de acordo com registros da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). No que tange ao bacalhau, cujo quilo custa bem mais caro que o dos chocolates, o varejo percebeu que o consumidor não está com o bolso muito farto e, aí, não investiu muito na importação do produto.
“Foi a menor importação de bacalhau desde 2020, que foi a primeira Páscoa atípica do comércio. Esse movimento de importação do varejo é uma leitura que o comércio faz da intenção de consumo das famílias. Nesse momento, não há espaço para gastos muito fora do orçamento. Os juros estão altos. A economia não está crescendo tanto. Embora tenha fechado o ano passado com crescimento de quase 3%, percebe-se uma desaceleração da economia e o varejo não quis encalhar com esse produto com uma importação volumosa de bacalhau”, salientou Bentes.
A cesta de bens e serviços da Páscoa, composta por oito itens, revela que praticamente todos os produtos estarão mais caros. Na média, o aumento será de 8,1%, superando o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) de 5,5%. Bolos e chocolates têm tendência de alta de 15,9% e 13,9% na comparação com 2022.
No Rio de Janeiro, 65% do comércio estimam incremento de 2,5% nas vendas para a Páscoa, enquanto 27% estimam crescimento de 4% e 8%. A data é considerada um Natal para as lojas especializadas em chocolate e passou a ter um novo sabor para o varejo, não se restringindo apenas aos ovos de chocolate e caixas de bombons. É o que mostra pesquisa do Clube dos Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDLRio) e do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Município do Rio de Janeiro (SindilojasRio), que ouviu 350 lojistas da cidade.
A pesquisa indica também que 20% dos lojistas contrataram temporários para a Páscoa. Desses, 10% afirmaram que pretendem contratar após a data comemorativa, mas isso depende do comportamento das vendas.
Estudo do Instituto Fecomércio de Pesquisas e Análises (IFec RJ) - feito nos dias 17, 20 e 21 deste mês com 800 consumidores do Rio - revela que 69,5% dos entrevistados pretendem presentear na Páscoa, 27,5% não devem comprar nada e 3% ainda não decidiram.
Segundo a sondagem, a movimentação financeira para a cidade do Rio é estimada em R$ 408 milhões, com gasto médio de R$ 106 na compra de presentes. O ovo de Páscoa figura em primeiro lugar entre as opções dos consumidores que desejam presentear, com 59,6%, seguido de bombom (37,8%) e barra de chocolate (24,1%).
Dos entrevistados, 86,9% disseram que tencionam comprar presentes em lojas físicas, 7,9% em lojas virtuais e 4,5% em ambas. Os consumidores que não desejam presentear nesta Páscoa apontaram entre os principais motivos para isso o fato de não ter ninguém a quem presentear, não ter hábito de comemorar a Páscoa e falta de dinheiro.
Fonte: CNN - Reuters.- Poder360 - Agência Brasil