O BC (Banco Central) aumentou de 1% para 1,2% a projeção para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil em 2023. A autoridade monetária divulgou as projeções no Relatório Trimestral de Inflação nesta 5ª feira (30.mar.2023).
O PIB é medido pela soma de bens e serviços produzidos no país. Segundo o BC, a alta da estimativa de crescimento se deve às surpresas positivas em alguns componentes dos serviços no 4º trimestre de 2022, que deixou um carregamento estatístico para 2023 “ligeiramente maior do que o anteriormente esperado”.
A autoridade monetária também identificou uma melhora na indústria extrativa e nos primeiros indicadores do 1º bimestre de 2023.
O relatório disse que a economia em 2023 deve desacelerar em relação a 2022. Segundo o texto, o enfraquecimento é influenciado pela diminuição da atividade econômica global e pelos impactos cumulativos da política monetária.
O Copom (Comitê de Política Monetária) manteve a taxa básica, a Selic, em 13,75% ao ano em março. Disse que deve ficar neste patamar por tempo “prolongado”. O nível é considerado elevado, e serve, segundo o BC, para reduzir a trajetória de inflação do país.
A autoridade monetária declarou que há risco para uma desaceleração na concessão de crédito maior que o compatível com “o atual estágio do ciclo de política monetária”.
O relatório afirmou que ainda há incertezas no novo teto de gastos, a nova regra fiscal. A proposta deve dar “maior clareza sobre a sustentabilidade da dívida pública”, segundo o BC.
O BC citou fatores internacionais que são favoráveis à economia do Brasil. Leia:
Apesar disso, a autoridade monetária disse que pressões inflacionárias nos países centrais, os ajustes no setor imobiliário chinês e os recentes episódios envolvendo bancos nos EUA e Europa são elementos de risco negativo para o crescimento global.
O BC aumentou de 1,2% para 1,5% a estimativa para o consumo das famílias em 2023. Diminuiu a expectativa para as despesas do governo, de 1,1% para 0,7%.
Também reduziu a projeção para a FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo), de 0,3% para 0,0%.
O relatório mostrou que o consumo privado deve ser mais favorável por causa da evolução “melhor que a esperada” do rendimento médio do trabalho no 2º semestre de 2022. O salário mínimo maior também deverá impactar na renda das famílias, assim como os benefícios previdenciários.
A economia brasileira cresceu 2,9% em 2022. Em valores nominais, somou R$ 9,9 trilhões no ano passado. O PIB desacelerou em relação ao ano anterior, quando o PIB (Produto Interno Bruto) do país avançou 5%.
Nos últimos 4 anos, houve a pandemia de coronavírus (2020-21) e o início da guerra da Rússia (2022) contra a Ucrânia. O quadriênio de 2019 a 2022 colocou o mundo numa das piores situações econômicas em muitas décadas.
A economia brasileira teve crescimento pouco abaixo ao da China, de 3%. O PIB do país asiático teve um dos piores desempenhos em 46 anos.
O PIB per capita do Brasil alcançou R$ 46.154,6 em 2022, o que representa um crescimento real –corrigido pela inflação– de 2,2% em relação ao ano anterior.
O PIB do Brasil caiu 0,2% no 4º trimestre em relação ao anterior. A indústria retraiu 0,3%, enquanto a agropecuária subiu 0,3% e os serviços avançaram 0,2%.
Se o resultado do 1º trimestre de 2023 for negativo, o país entrará em recessão técnica –quando há duas quedas no PIB consecutivas.
O Produto Interno Bruto é a soma de tudo o que o país produziu em determinado período. É um dos indicadores mais importantes do desempenho de uma economia.
O resultado oficial é calculado de duas formas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística): pela ótica da oferta, que considera tudo o que foi produzido no país, e pela ótica da demanda, que considera tudo o que foi consumido.
Pelo lado da oferta, são considerados:
Já pelo lado da demanda, são considerados:
O resultado é apresentado trimestralmente pelo IBGE, que tem até 90 dias depois do fechamento de um período para fazer a divulgação. Os dados consolidados, entretanto, ficam prontos só depois de 2 anos.
- Chances de descumprir meta de inflação são de 83%, diz BC
O BC (Banco Central) disse nesta 5ª feira (30.mar.2023) que a probabilidade de descumprir a meta de inflação é de 83% em 2023. A informação foi publicada no Relatório Trimestral de Inflação.
A meta deste ano é de 3,25%, com intervalo de tolerância de até 4,75%. A autoridade monetária estiva que a taxa anual será de 5,8% em dezembro de 2023.
A inflação de fevereiro foi de 5,60% no acumulado de 12 meses. Desacelerou em relação aos 5,77% de janeiro. O BC estima que a taxa deve continuar em queda e atingir 4,8% em março. Recuará para 3,8% em junho deste ano, mas voltará a subir para 6% em setembro.
O BC disse que a probabilidade de descumprir a meta de inflação de 2024 é de 26% e de 17% em 2025. O teto das metas dos próximos anos é de 4,5%.
As projeções feitas para a inflação do BC são calculadas com base no cenário previsto pelo mercado financeiro no Boletim Focus. Utiliza as expectativas dos analistas para a taxa básica, a Selic, e o câmbio para estimar a variação do IPCA(Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
Segundo o BC, a inflação do país surpreendeu para baixo no trimestre de dezembro, janeiro e fevereiro. Por outro lado, a autoridade monetária esperava uma queda no preço de energia elétrica no início de 2023 com base na lei que limitou a alíquota do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
A queda não se concretizou porque o STF (Supremo Tribunal Federal) suspendeu liminarmente os efeitos da medida.
O BC estima, no curto prazo, uma inflação mensal de 0,87% em março, de 0,63% em abril, de 0,28% em maio e de 0,29% em junho.
A inflação do Brasil voltará a subir no acumulado de 12 meses no 3º trimestre porque sairá da base de cálculo o resultado do ano passado. O país registroudeflação em julho, agosto e setembro de 2022 por causa do teto imposto na alíquota do ICMS sobre os combustíveis.
Os núcleos de inflação –que desconsideram choques temporários e medem a tendência de variação de preços– ainda estão acima do “patamar compatível” para o cumprimento da meta de inflação de 2023, disse o BC.
A autoridade monetária afirmou que as projeções dependem das políticas fiscais e parafiscal, além de reformas na economia.
“A política fiscal influencia as projeções condicionais de inflação por meio de impulsos sobre a demanda agregada”, escreveu o BC.
- BC piora estimativa para o crescimento do crédito em 2023
O BC (Banco Central) piorou a estimativa para o crescimento do crédito no Brasil em 2023. A autoridade monetária diminuiu de 8,3% para 7,6% a projeção de alta. A informação foi publicada no Relatório Trimestral de Inflação nesta 5ª feira (30.abr.2023).
A piora se deve à menor concessão de empréstimos com recursos livres –aqueles negociados no mercado. Um dos fatores para a revisão é o nível elevado da taxa básica, a Selic, que encarece os financiamentos. Outro motivo é a surpresa negativa com os dados no último trimestre de 2022.
As estimativas do BC mostram que o mercado de crédito terá uma desaceleração em relação a 2022, quando cresceu 14%. Em 2021, a alta havia sido de 16,5%.
A projeção do BC para 2023 indica que o crédito com recursos livres terá alta de 7,1% em 2023, ante 8,6% na estimativa anterior.
Já o crédito direcionado –que são subsidiados– vão crescer 8,3%. O percentual é maior que a perspectiva anterior, de 8%.
Além disso, o financiamento às pessoas físicas deve subir 8,4%. O percentual esperado no penúltimo relatório era de 9%. Para pessoas jurídicas, passou de alta de 7,3% para crescimento de 6,3%.
Fonte: Poder360