O projeto de lei com o novo arcabouço fiscal poderá sair nesta quarta-feira (5), informou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Segundo, ele as equipes técnicas dos ministérios da Fazenda e do Planejamento estão trabalhando para concluir o texto ainda esta semana. Caso não seja possível, o projeto de lei será enviado ao Congresso Nacional na próxima segunda-feira (10).
“As equipes estão por conta disso desde sexta-feira (31). Trabalharam no fim de semana. Como não tem sessão no Congresso, vão aproveitar esses dias para calibrar. Mas, certamente antes do dia 15 [prazo limite para o envio do projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias], estará no Congresso Nacional. Pode ser [ainda esta semana]. Eu vou estar aqui, o Rui [Costa, ministro da Casa Civil] vai estar aqui, a Simone [Tebet, ministra do Planejamento] vai estar aqui. Se ficar pronto antes, mandamos quarta. Se não, pode ir na segunda-feira da semana que vem”, declarou Haddad nesta segunda-feira ao chegar ao Ministério da Fazenda.
Segundo o ministro, a proposta de impulsionar a arrecadação entre R$ 100 bilhões e R$ 150 bilhões deverá ser enviada junto com o projeto de lei complementar do novo arcabouço. “No máximo, será com um dia de diferença”, disse.
Haddad não adiantou detalhes, mas disse que um dos eixos consiste em tributar setores que não estão pagando imposto, como determinadas empresas de comércio eletrônico, que geram prejuízos de R$ 7 bilhões a R$ 8 bilhões por ano aos cofres públicos por meio do que classificou de contrabando disfarçado. “O problema é o contrabando. O comércio eletrônico faz bem para o país, estimula a concorrência. O que temos que coibir é o contrabando, que prejudica quem paga imposto”, esclareceu.
O ministro disse que o envio das duas propostas – arcabouço fiscal e reforço de receitas – ao Congresso Nacional facilitará a discussão de políticas que permitam a redução dos juros no médio prazo. “Penso que, encaminhando para o Congresso, isso já vai abrir um espaço de discussão importante. Com as medidas que vão se somar ao arcabouço, que é de recuperação da base fiscal do Orçamento Federal, isso vai dar condições para a gente prosseguir, harmonizando a política fiscal com a monetária”, acrescentou.
Ainda esta segunda-feira, Haddad tem uma reunião com o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. O ministro disse que discutirá vários assuntos com o presidente do BC, inclusive o novo arcabouço fiscal, mas informou que não discutirá a pesquisa Datafolha que revelou que 80% dos brasileiros apoiam as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos juros altos.
“Na verdade, não vamos discutir pesquisa [de opinião] com o Banco Central. Vamos discutir tecnicamente as alternativas que temos para fazer a economia crescer sem inflação, gerando emprego e distribuição de renda”, concluiu o ministro.
- Medidas para aumentar arrecadação serão enviadas junto com arcabouço
Entre as medidas que serão mandadas ao Congresso estão a taxação de apostas eletrônicas e a taxação de e-commerces, que driblam as regras da Receita Federal
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou, nesta segunda-feira (3/4) que o pacote de medidas para ampliar receitas e viabilizar as metas contidas na proposta de arcabouço fiscal deve ser enviado ao Congresso junto com a nova regra, que irá substituir o teto de gastos — mecanismo para limitar o crescimento das despesas públicas à inflação.
“As equipes estão por conta disso. Vão trabalhar no final de semana, como tem não tem sessão no Congresso, e aproveitar esses dias para calibrar o texto. Mas certamente, antes do dia 15 estará no Congresso Nacional”, disse o ministro, na chegada à sede da pasta. “São as mesmas equipes redigindo o projeto de lei de medida provisória, então tudo deve ser apresentado junto. Provavelmente com até um dia de diferença”, acrescentou.
Mais cedo, em entrevista à GloboNews, Haddad afirmou que o pacote deve aumentar a arrecadação do governo em um montante entre R$ 110 bilhões e R$ 150 bilhões. Entre as medidas estão a taxação de apostas eletrônicas e a taxação de e-commerces, que driblam as regras da Receita Federal.
Questionado sobre a impopularidade da medida, ao tributar as compras on-line, o ministro não soube dizer ao certo quais empresas seriam taxadas e também não detalhou as varejistas que estariam pressionando para a cobrança do tributo. “Tem que fazer quem não paga começar a pagar imposto. Quem paga imposto está reclamando de quem não paga, é natural isso”, disse.
O ministro chegou a chamar de “contrabando” os sites que fazem com que a transação seja uma venda de pessoa física para pessoa física, além de enviarem notas fiscais subfaturadas. Com isso, segundo Haddad, as empresas conseguem burlar os impostos.