O Ibovespa fechou rondando a estabilidade nesta terça-feira (18), com variação positiva de 0,14%, aos 106.163,23 pontos, com o mercado digerindo os comentários de membro do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) favorável à continuação de aumento dos juros e na expectativa pela entrega do projeto do novo marco fiscal ao Congresso, que ocorreu perto do horário de fechamento das negociações.
Já o dólar encerrou o dia em alta de 0,78%, cotado a R$ 4,976 na venda, apesar de no exterior a moeda norte-americana se manter em baixa ante outras moedas de exportadores de commodities, e ainda abaixo da linha psicológica dos R$ 5.
O dólar à vista chegou a recuar ante o real na abertura, mas rapidamente as cotações passaram para o território positivo. Por trás do movimento estavam os receios de que o arcabouço pudesse surpreender negativamente, trazendo uma lista de itens que não estariam sujeitos ao limite de gastos.
Com a divulgação do texto do documento, no meio da tarde, o dólar chegou a bater o valor máximo do dia, mas desacelerou pouco depois. Ainda assim, terminou a sessão com alta firme.
A sessão volátil desta terça se explica, em partes, pelas expectativas em torno do envio do texto do marco fiscal ao Congresso.
“O dólar comercial abriu em queda, reflexo do crescimento do PIB chinês no primeiro trimestre deste ano, que veio acima do esperado. Entretanto, já na primeira hora de negócios passou a subir motivado por compra de importadores e movimento de recomposição de posições defensivas”, disse Jefferson Rugik, presidente-executivo da Correparti Corretora, à Reuters.
A expectativa do governo é que o texto seja aprovado até metade de junho, antes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) marcada para os dias 20 e 21 do mesmo mês. Uma eventual aprovação da proposta, na visão do governo, faria o BC começar a cortar a taxa Selic.
Já no exterior, o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, afirmou em entrevista à Reuters que o banco central dos Estados Unidos deveria continuar elevando a taxa de juros com base em dados recentes que mostram que a inflação continua persistente, enquanto a economia em geral deve continuar crescendo, mesmo que lentamente.
Os investidores podem ver cortes de juros pelo Fed no futuro próximo, parte de uma visão global de acomodação e recessão, mas “o mercado de trabalho parece muito, muito forte. E a sabedoria convencional é que se você tem um mercado de trabalho forte que alimenta um consumo forte… e isso é uma grande parte da economia… não parece ser o momento de prever que haverá uma recessão no segundo semestre de 2023”, disse ele.
O crescimento econômico da China, por outro lado, animou os mercados. O PIB do primeiro trimestre teve alta de 4,5% na comparação anual, superando a previsão de 4% de analistas de mercado. A retomada é reflexo do fim da política Covid-zero, que também impulsionou os dados das vendas no varejo: só em março, o indicador subiu 10,6% em relação ao mesmo mês do ano passado.
A produção industrial chinesa, porém, veio abaixo da expectativa de alta de 4,1%, subindo 3,9%.
Os dados reforçam a expectativa que a China atinja a meta de crescimento projetada para o ano de 2023, de 5%. A consultoria britânica Capital Economics chegou a inclusive elevar a previsão do PIB chinês, de 5,5% para 6%.
A notícia é um alívio diante do contexto global, já que o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que o mundo todo cresça menos por conta da alta de juros e das turbulências no sistema bancário, em março.
Na véspera, o dólar fechou o dia cotado a R$ 4,938, em alta de 0,44%. O Ibovespa, por sua vez, teve queda de 0,25%, aos 106.015,67 pontos.
O Banco Central fez neste pregão leilão de até 16 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de junho de 2023.
Fonte: CNN - Reuters.