O Ibovespa voltou ao campo positivo nesta quinta-feira (27), impulsionado pelo bom humor do mercado nos Estados Unidos após divulgação de resultados favoráveis de empresas de tecnologia.
O principal índice da bolsa brasileira encerrou o dia com alta de 0,6%, aos 102.923 pontos, colocando fim na sequência de três pregões seguidos no vermelho.
O otimismo nos mercados globais também favoreceu o câmbio ao puxar o dólar para baixo. A moeda norte-americana fechou a sessão com queda de 1,56%, negociada a R$ 4,980 na venda.
Foi a primeira vez desde 18 de abril que o dólar encerrou a sessão abaixo de R$ 5.
Localmente, a bolsa foi influenciado pela divulgação do resultado da Vale, na noite desta quarta-feira (26). A companhia reportou queda de 59% no lucro líquido do primeiro trimestre, em meio a preços mais baixos do minério de ferro e demanda menor.
Segundo Rafael Germano, especialista em renda variável da Blue3 Investimentos, a despeito do resultado decepcionante da mineradora no primeiro trimestre, parte do desempenho já havia sido antecipado nos dados de produção e precificado nos papéis da empresa recentemente.
“Houve uma expectativa de antemão, ainda que o balanço tenha vindo pior. É importante notar que a companhia tem diversificado sua produção de nível e de cobre, não focando somente em minério”, analisa.
Além disso, investidores acompanharam o debate no Senado com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, também participou das discussões.
Ao iniciar a sessão, o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), ressaltou que a taxa de juros alta prejudica o consumo e o crescimento econômico.
“Não se deseja o estrangulamento da economia no curto prazo”, disse. “Juros altos são entrave ao desenvolvimento e ao combate à pobreza.”
Nos EUA, dados do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre surpreenderam os analistas ao virem abaixo das expectativas. A economia do país desacelerou para uma taxa anualizada e ajustada sazonalmente de 1,1% no primeiro trimestre deste ano, segundo o Departamento de Comércio.
Contudo, os principais índices de Wall Street abriram em alta nesta quinta-feira, com balanços melhores do que o esperado da Meta (dona do Facebook), Eli Lilly e Comcast.
Apesar dos dados do PIB e das empresas sugerirem leituras divergentes, Jansen Costa, sócio fundador da Fatorial Investimentos, avalia que os Estados Unidos deverão enfrentar uma leve e rápida recessão. “A questão é saber quando isso acontecerá”, afirmou.
Segundo ele, será preciso monitorar os resultados corporativos do primeiro trimestre com intuito de observar se de fato as companhias estão lucrando mais e poderão evitar demissões.
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- Crescimento econômico não pode ficar no meio do caminho entre juros e inflação, diz Tebet
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou nesta quinta-feira (27) que o crescimento do país “não pode ficar no meio do caminho” no debate entre juros e inflação, protagonizado pela ala econômica do governo e o Banco Central (BC).
“Juros, inflação e crescimento econômico são coisas que precisam andar juntas, mas, especialmente da minha parte enquanto ministra do Planejamento, é importante dizer que o crescimento não pode ficar no meio do caminho”, afirmou ela.
A chefe da pasta, ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, participam de evento no Senado Federal nesta manhã para discutir justamente o combo de juros, inflação e crescimento econômico.
Durante sua fala, Tebet estimou que o crescimento econômico médio do país nas últimas décadas tem rondado a casa do 1% e cravou que “há algo de muito errado aí”.
“É preciso planejar o futuro a médio e longo prazo e precisamos de políticas públicas certeiras. Nossa equipe econômica sabe onde quer chegar e o que precisa ser feito. Precisamos de crescimento com produtividade, e, por isso, com o ministro Haddad, ajudamos na criação da nova regra fiscal”, disse.
“Sabemos intramuros que temos um dever de casa. Não podemos gastar mais do que arrecadamos, precisamos zerar o déficit público e nossa meta é zerar até 2024. Sabemos que isso dá um ambiente macroeconômico mais favorável para abaixar os juros.”
A política monetária, capitaneada pelo Banco Central, tem sido alvo de críticas do governo federal desde antes mesmo da eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No Senado, a ministra, porém, disse não ver contradições entre a postura do Executivo e da autoridade monetária, que defende a manutenção dos juros altos para evitar a inflação.
“É impossível crescer e termos um crescimento sustentável, duradouro e inclusivo se tivermos altas taxas de juros. Já o Banco Central diz que baixando as taxas de juros nós pagaremos um preço alto, que seria o aumento da inflação. Não há contradição nessas afirmações”, disse ela.
“Também não há contradição em dizer que o Banco Central é autônomo e é importante que seja. A autonomia é importante para a estabilidade econômica. O governo não interfere nas decisões técnicas, mas o BC também não pode considerar que suas ações são apenas técnicas. São técnicas, mas também decisões que interferem na política. Especialmente seus comunicados e suas atas.”
A ministra também citou a reforma tributária, referindo-se a ela como o instrumento que vai “garantir o crescimento sustentável e duradouro do Brasil”.
Fonte: CNN