O Ibovespa ignorou o clima misto dos principais mercados globais e estendeu os ganhos nesta quarta-feira (10) ao fechar em alta pelo quinto dia seguido. O bom humor foi puxado pela disparada das ações da Yduqs (YDUQ3) e da maior exposição ao risco dos investidores após dados da inflação dos Estados Unidosvirem em linha com o esperado pelos analistas.
O principal indicador do mercado brasileiro fechou o pregão com alta de 0,31%, aos 107.488 pontos. O dólar seguiu o caminho oposto e registrou queda de 0,77%, negociado a R$ 4,949 na venda. Foi a quarta sessão seguida que a moeda norte-americana desvaloriza ante o real.
Os papéis da Yduqs se destacaram na sessão ao registrarem alta de 24,3%. A disparada reflete a divulgação de um lucro líquido de R$ 149,5 milhões no primeiro trimestre deste ano, alta de quase 97% ante o mesmo período de 2022.
Já no cenário internacional, o foco foi a informação de que os preços ao consumidor dos Estados Unidos (CPI, na sigla em inglês) subiram 0,4% em abril em relação ao mês anterior, segundo dados Departamento do Trabalho divulgados nesta manhã.
A alta foi fortemente influenciada pelo aumento dos custos de gasolina e aluguéis, depois que a Arábia Saudita e outros produtores de petróleo da Opep+ anunciaram novos cortes na produção de petróleo, no começo de abril.
Desde então, porém, as cotações do petróleo apresentam uma tendência de baixa, levando os preços dos combustíveis para baixo à medida que os riscos de uma recessão nos EUA aumentam.
O núcleo da inflação, que exclui componentes voláteis como alimentos e energia, permaneceu forte e estável em relação à leitura de março, com alta de 0,4%. De acordo com o Departamento do Trabalho, ele foi pressionado por carros e caminhões usados, que aumentaram pela primeira vez desde junho do ano passado.
Nos 12 meses até abril, o núcleo do índice subiu 5,5%, após avançar 5,6% em março.
O CPI é um dos principais relatórios de inflação considerados pelas autoridades do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) na hora de decidir qual será o patamar da taxa de juros. A próxima reunião está marcada para os dias 13 e 14 de junho, e a expectativa do mercado é que a autoridade monetária pause o ciclo de aperto em breve.
Na semana passada, o Fed elevou a taxa de juros norte-americana em 25 pontos-base, para a faixa de 5% a 5,25%. Embora tenha sinalizado que pode interromper a escalada de apertos, a inflação mais alta e a resiliência do mercado de trabalho tornam improvável um corte ainda neste ano, o que implica em um convívio prolongado com a taxa em um patamar elevado.
No cenário doméstico, investidores repercutiram os dados da produção industrial em março, divulgados mais cedo pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a pesquisa, o setor teve alta de 1,1% no mês passado — o primeiro resultado positivo após dois negativos em sequência.
Na comparação com março do ano passado, a produção industrial cresceu 0,9%. A expectativa do mercado era de avanço de 0,8% na comparação mensal e de 0,4% em 12 meses, segundo pesquisa da Reuters.
Na análise de Alberto Ramos, diretor do grupo de pesquisa macroeconômica para América Latina do Goldman Sachs, o setor industrial deve enfrentar “ventos contrários” conforme a taxa Selic em 13,75% ao ano afeta as condições financeiras do país.
“No futuro, o setor industrial deverá enfrentar ventos contrários pelo impacto defasado de condições financeiras mais apertadas (taxas altas), retornos marginais decrescentes da normalização da atividade “pós-pandemia”, condições de crédito mais exigentes e demanda externa mais fraca”, afirma ele.
“Do lado positivo, as transferências fiscais significativas para as famílias, o crescimento dinâmico da renda agrícola e a expansão da massa salarial real da economia devem amortecer a esperada desaceleração da atividade.”
Na véspera, o dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 4,987 na venda, com queda de 0,55%. O Ibovespa, por sua vez, teve alta de 1,01%, aos 107.113 pontos.
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- Haddad chega ao Japão para reforçar posição do país no cenário global
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já está no Japão para a reunião de ministros de finanças e presidentes de bancos centrais do G7, grupo das sete maiores economias do mundo, formado por Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá.
Haddad participa do evento como convidado, assim como representantes de outros países emergentes como Indonésia e Índia.
Segundo o Ministério da Fazenda, em seus discursos, o ministro vai reforçar a relevância do Brasil no cenário internacional e discutir reformas necessárias para a economia, além de criar laços com os atores do G7 e seus convidados.
Haddad chegou a Tóquio nesta quarta-feira (10) e amanhã (11) viaja de trem para Niigata, cidade sede do G7 financeiro. A primeira atividade será um encontro com a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, para tratar da reforma do Banco Mundial, entre outros temas de interesse bilateral.
Na sexta-feira (12), o ministro conversa com o economista Joseph Stiglitz sobre a política industrial verde. As atividades do G7 começam neste dia e Haddad tem presença confirmada em todas as sessões.
“A primeira mesa, que contará também com a presença de Stiglitz, abordará o futuro do Estado de bem-estar social. A segunda sessão discutirá a macroeconomia dos países emergentes, e a terceira focará no desafio do financiamento, sobretudo na área de infraestrutura”, informou o Ministério da Economia.
O retorno para o Brasil está previsto para sábado (13).
A convite do primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também irá ao Japão participar do segmento de engajamento externo da Cúpula do G7, em Hiroshima, nos dias 20 e 21 de maio.
Na ocasião, acontecem as reuniões de alto nível do grupo, com a participação dos presidentes dos países.
Esta será a sétima participação de Lula na reunião do G7. O presidente brasileiro esteve presente em seis reuniões do grupo, entre 2003 e 2009.
Fonte: Agência Brasil - CNN - Reuters.