O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se solidarizou com o jogador brasileiro Vinícius Júnior, vítima de ataques racistas durante um jogo pelo campeonato espanhol, neste domingo (22).
"Um gesto de solidariedade ao jogador brasileiro jovem, negro, que joga no Real Madrid, que no jogo no estádio do Valencia foi chamado de macaco. Não é possível que quase no meio do século 21 a gente tenha o preconceito racial ganhando força em vários estádios de futebol na Europa", disse Lula.
"É importante que a Fifa e a liga espanhola tomem sérias providências, porque nós não podemos permitir que o fascismo e o racismo tomem conta dos estádios de futebol", acrescentou.
Neste domingo, o Ministério da Igualdade Racial afirmou neste domingo (21) que vai notificar autoridades espanholas e a La Liga, responsável pelo campeonato espanhol, após ataques racistas contra o jogador brasileiro Vinícius Junior.
"Repudiamos mais uma agressão racista contra o @vinijr. Notificaremos autoridades espanholas e a La Liga. O Governo brasileiro não tolerará racismo nem aqui nem fora do Brasil! Trabalharemos p/ que todo atleta brasileiro negro possa exercer o seu esporte sem passar por violências", disse a pasta.
De acordo com o Ministério da Igualdade Racial, a notificação será enviada na manhã desta segunda-feira (22).
No dia 10 de maio, Brasil e Espanha assinaram um acordo bilateral para o combate ao racismo e à xenofobia. A iniciativa prevê medidas para ajudar vítimas a denunciar os crimes, reconhecer que há atualmente uma subnotificação de casos e aprofundar estudos e levantamentos sobre o impacto do racismo estrutural nas duas sociedades.
O brasileiro Vinícius Junior tem sido vítima de ataques racistas durante jogos do campeonato espanhol. O mais recente aconteceu durante jogo neste domingo entre Valencia e Real Madrid, pela 35ª rodada do Campeonato Espanhol, que foi interrompido no segundo tempo após parte da torcida presente no estádio Mestalla chamar o brasileiro de "macaco". A partida acabou com vitória do Valencia por 1 a 0.
Nas redes sociais, o jogador afirmou que a La Liga, a Federação de Futebol da Espanha acham o comportamento racista "normal" e que o país europeu hoje é conhecido como um país racista no Brasil.
"Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi hoje é dos racistas. Uma nação linda, que me acolheu e que amo, mas que aceitou exportar a imagem para o mundo de um país racista. Lamento pelos espanhois que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas. E, infelizmente, por tudo o que acontece a cada semana, não tenho como defender. Eu concordo. Mas eu sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui", escreveu Vini.
A LaLiga, liga que organiza a competição, tinha registrado até o fim de março oito reclamações na Justiça por racismo contra Vinicius Junior apenas nesta temporada do campeonato.
- Brasil notificará autoridades espanholas após racismo contra Vini Jr,
O Ministério da Igualdade Racial (MIR) informou neste domingo (21) que acionará autoridades da Espanha para tomar providências após mais um caso de racismo sofrido pelo jogador brasileiro Vini Jr., atacante do Real Madrid, no jogo do seu time contra o Valencia, no Estádio Mastalla, casa do adversário.
“Repudiamos mais uma agressão racista contra o Vini Jr. Notificaremos as autoridades espanholas e a La Liga [Liga de futebol da Espanha]. O Governo brasileiro não tolerará racismo nem aqui nem fora do Brasil! Trabalharemos para que todo atleta brasileiro negro possa exercer o seu esporte sem passar por violências”, diz uma nota da pasta divulgada nas redes sociais.
Durante a derrota da equipe dele para o Valencia por 1 a 0, Vini escutou insultos racistas e gritos de “macaco” vindos das arquibancadas, gritados por milhares de torcedores. O jogo foi paralisado por cerca de oito minutos e, posteriormente, o jogador foi expulso ao se envolver em uma confusão. Nas imagens, ele chegou a ser contido por jogador adversário com um golpe de enforcamento.
Em Hiroshima, no Japão, após participar da Cúpula do G7, presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou solidariedade ao jogador brasileiro, considerado um dos maiores craques em atividades no mundo. Para o presidente, a Federação Internacional de Futebol (Fifa), a liga espanhola e as ligas de futebol de todos os países devem tomar providências para que o “racismo e o fascismo” não tomem conta do futebol.
“Não é possível que quase no meio do Século 21 a gente tenha o preconceito racial ganhando força em vários estádios de futebol na Europa”, disse. “Não é justo que o menino pobre que venceu na vida, que está se transformando possivelmente em um dos melhores [jogadores] do mundo – certamente do Real Madrid é o melhor – seja ofendido em cada estádio que ele comparece”, acrescentou Lula.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, também usou as redes sociais para comentar o episódio. "Repugnantes os insultos racistas proferidos contra o jogador brasileiro Vinicius Júnior, na Espanha. Estádio de futebol é espaço para jogadores e torcedores de todas as cores. Já o lugar de racista é outro!", escreveu.
Esta não é a primeira vez que o jogador é atacado. Pelas redes sociais, ele manifestou sua revolta com a La Liga.
“Não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. O racismo é o normal na La Liga. A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi hoje é dos racistas. Uma nação linda, que me acolheu e que amo, mas que aceitou exportar a imagem para o mundo de um país racista. Lamento pelos espanhóis que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas. E, infelizmente, por tudo o que acontece a cada semana, não tenho como defender. Eu concordo. Mas eu sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui”, desabafou.
- Presidente de LaLiga retruca Vinicius Junior, que reage: "Quero ação"
O presidente de LaLiga, Javier Tebas, usou as redes sociais para responder às críticas feitas por Vinicius Junior. O dirigente voltou a insinuar que o atacante do Real Madrid exagera nas acusações de negligência da liga nos casos de racismo e disse que o brasileiro não entende a competência da entidade no futebol espanhol. Pouco depois, o jogador respondeu (veja mais abaixo).
Valencia x Real Madrid é interrompido após racismo contra Vinicius Junior
— Já que aqueles que deveriam não te explicam o que é que LaLiga pode fazer nos casos de racismo, tentamos nós explicarmos, mas você não se apresentou em nenhuma das datas acordadas que você mesmo solicitou. Antes de criticar e injuriar LaLiga, é necessário se informar adequadamente, Vini Jr — escreveu Tebas.
"Não se deixe manipular e tenha certeza de entender bem as competências de cada um e o trabalho que estamos fazendo juntos", declarou o presidente de LaLiga.
Vinicius, mais uma vez, não se omitiu. Horas depois, respondeu Javier Tebas e disse que ele prefere atacá-lo a criticar os racistas das torcidas espanholas. O atacante do Real Madrid também reiterou que a imagem de LaLiga está sendo abalada com os seguidos episódios de discriminação e a negligência das autoridades competentes.
"Mais uma vez, em vez de criticar racistas, o presidente da LaLiga aparece nas redes sociais para me atacar", escreveu Vinicius.
— Por mais que você fale e finja não ler, a imagem do seu campeonato está abalada. Veja as respostas do seus posts e tenha uma surpresa... Omitir-se só faz com que você se iguale a racistas. Não sou seu amigo para conversar sobre racismo. Quero ações e punições. Hashtag não me comove.
Não é a primeira vez que Javier Tebas reage às críticas de Vinicius Junior após o brasileiro ser vítima de racismo na Espanha. No fim de dezembro, depois que o brasileiro foi chamado de macaco contra o Valladolid, o dirigente disse que LaLiga combate a discriminação e falou para o atacante do Real Madrid “se informar melhor”.
Vinicius Junior sofre racismo, é expulso, e Real Madrid perde para Valencia
Neste domingo, Vini acusou parte da torcida do Valencia de chamá-lo de "macaco" no segundo tempo. O jogo chegou a ficar paralisado por cerca de oito minutos. Nos minutos finais, o brasileiro foi expulso após confusão com o goleiro Mamardashvili.
Após a partida, o brasileiro usou as redes sociais para dois posicionamentos diferentes. Em um deles, o atacante disse que sua expulsão foi um "prêmio por sofrer racismo". O atacante ironizou a postura da liga ao compartilhar o slogan da entidade que rege o Campeonato Espanhol.
LaLiga tinha registrado até o fim de março oito reclamações na Justiça por racismo contra Vinicius Junior nesta temporada. A liga espanhola criou em fevereiro uma comissão específica para lidar com casos relacionados ao brasileiro.
Em nota divulgada após a partida deste domingo, LaLiga declarou que vai investigar os "incidentes" ocorridos no estádio Mestalla. A liga também informou que já solicitou todas as imagens disponíveis para investigar o caso e, caso necessário, vai tomar "todas as medidas cabíveis".
O Valencia, por sua vez, emitiu comunicado condenando "qualquer tipo de insulto, ataque no futebol". O clube se declarou contrário à violência física e verbal nos estádios e lamentou o ocorrido no jogo contra o Real Madrid. Porém, classificou o caso como "episódio isolado" e prometeu tomar "as medidas mais severas" após investigação. Além disso, condenou qualquer ofensa e pediu "respeito máximo" à sua torcida.
Fonte: ge