O Ibovespa caiu nesta quarta-feira (24), impactado pela manutenção do temor global com a falta de acordo para o teto da dívida nos Estados Unidos. A forte queda da Vale (VALE3) — ação com maior peso no mercado —, diante do recuo do minério de ferro, também contribuiu para o desempenho no vermelho.
Ainda na cena internacional, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA)sinalizou nesta quarta-feira que está dividido na decisão de novos aumentos de juros. Segundo ata do último encontro, realizado no início deste mês, os membros da autoridade monetária concordam que a necessidade de novas elevações “tornou-se menos certa”.
No cenário doméstico, investidores analisaram a aprovação do novo marco fiscal pela Câmara dos Deputados na véspera e a retomada da votação dos destaques nesta tarde.
Diante destes cenários, o principal índice da bolsa brasileira fechou a sessão com queda de 1,03%, aos 108.799 pontos. Apesar do movimento negativo, no mês, o Ibovespa ainda soma valorização de 4%.
O movimento desta quarta segue o mau humor dos mercados globais. Em Wall Street, o Dow Jones caiu 0,77%, o S&P 500 perdeu 0,76%, enquanto a Nasdaq retraiu 0,62%.
Também impactado pela falta de rumos nas discussões entre democratas e republicanos nos EUA, o dólar voltou a perder força ante o real e fechou com queda de 0,38%, negociado a R$ 4,953 na venda.
Segundo especialistas consultados pela CNN, as movimentações do mercado estão acompanhando o comportamento de praças acionárias no exterior, especificamente de Wall Street. Há uma preocupação por parte dos investidores sobre o desfecho das negociações acerca do teto da dívida dos Estados Unidos.
Na segunda-feira (22), a reunião entre Joe Biden e o presidente da Câmara americana, Kevin McCarthy, terminou sem um acordo. De um lado, o congressista republicano pressiona a Casa Branca para cortar mais gastos no orçamento — medida considerada “extrema” por Biden. Em outra ponta, os democratas querem impôr novos impostos sobre os mais ricos, caminho rejeitado pela oposição.
O país tem até 1º de junho — ou seja, menos de 10 dias —, para evitar um calote histórico e com grande possibilidade de jogar a maior economia do mundo em recessão, segundo analistas.
Em paralelo, investidores analisaram o recado que o Fed passou em sua ata da última reunião, que encerrou com nova elevação de 0,25 ponto percentual, aumentando a banda de juros para 5% e 5,25%.
Segundo o comunicado, os diretores estão divididos com os próximos passos da autarquia monetária, que volta a se reunir no início de junho. Enquanto parte acredita que o nível já está bastante elevado, outros enxergam a necessidade de manter as opções em aberto devido aos riscos de inflação persistente.
No cenário nacional, investidores reagem à aprovação do texto-base da regra fiscal na Câmara dos Deputados. Para Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Órama Investimentos, como não houve nenhuma surpresa, o mercado está aproveitando o dia para fazer uma realização de lucros — que ocorre quando, numa fase de alta das bolsas, os investidores se convencem de que as cotações de suas ações já subiram o bastante, e chegou o momento de vendê-las.
“A bolsa tem, efetivamente, bastante alta no curto prazo. Então é normal que o mercado realize, é até saudável”, explica.
O minério de ferro ampliou as perdas nesta quarta, ficando abaixo de US$ 100 a tonelada, com uma queda de 4,6%. Isso de deve pelos preços do aço caindo na China, devido às preocupações com a recuperação econômica.
O enfraquecimento do iuan contribuiu para o clima de incerteza, com os futuros do vergalhão de Xangai atingindo seu nível mais baixo em mais de seis meses.
Na esteira da queda do minério, a Vale fechou a sessão com recuo de 2,31%. Outras empresas expostas ao setor também tiveram desempenho negativo. A CSN Mineração (CMIN3) retraiu 3,21%, enquanto a Gerdau (GGBR4) teve queda de 2,32%.
Na contramão, a alta da Petrobras impediu um desempenho pior para o Ibovespa. Os papéis preferenciais (PETR4) subiram 1,52%, enquanto os ordinários valorizaram 1,09%.
Fonte: CNN - Reuters