O Ibovespa abriu a semana em queda e o dólar voltou a superar os R$ 5, em uma segunda-feira (29) de baixa liquidez devido aos feriados nos Estados Unidos e no Reino Unido.
No cenário local, o mercado segue à espera da tramitação do marco fiscal no Senado e por dados do Produto Interno Bruto (PIB), que serão divulgados nesta quinta-feira (1º).
Diante destes cenários, o principal indicador da bolsa brasileira fechou a sessão com queda de 0,52%, aos 110.333 pontos. Na semana passada, o Ibovespa acumulou alta de 0,15%, aos 110.905,51 pontos.
O dólar voltou a fechar em alta ante o real, a despeito do acordo entre republicanos e democratas para o teto da dívida norte-americana, alcançado neste domingo (28), após semanas de indefinições, e com baixos volumes de negociação pelos mercados fechados.
O câmbio encerrou o dia com valorização de 0,53%, negociado a R$ 5,011 na venda. Na última semana, o dólar encerrou com queda acumulada de 0,20%, a R$ 4,985.
Além da baixa liquidez dos mercados globais, o Ibovespa foi puxado para baixo pelas gigantes do mercado.
A Vale (VALE3) – ação com maior peso na bolsa -, recuou 0,56%, ignorando a recuperação do minério de ferro no mercado global. A tonelada da commodity subiu 4,89%, a US$ 104,02 no porto de Dalian, máxima desde 22 de maio.
As ações da Petrobras seguiram o mesmo caminho de desvalorização. Os papéis preferenciais (PETR4) caíram 0,22%, enquanto os ordinários (PETR3) perderam 0,63%.
A semana inicia com agenda movimentada na política e indicadores. Após aprovação com larga margem na semana passada na Câmara dos Deputados, o marco fiscal seguiu para o Senado, onde ainda não está certo se será levado diretamente ao plenário ou se passará por comissões da Casa.
Na agenda, o principal ponto está na divulgação do PIB do 1º trimestre pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na quinta. Após uma série de revisões para cima com a resiliência das atividades, o mercado finalmente conhecerá o real desempenho da economia doméstica no início do ano.
Na cena internacional, as atenções seguem na resolução do teto da dívida dos Estados Unidos, após semanas de impasses e temores no mercado.
Na noite de sábado (27), o representante do Congresso dos Estados Unidos Kevin McCarthy fez um breve pronunciamento para anunciar que houve um princípio de acordo entre a Casa Branca e os republicanos para aumentar o teto da dívida e limitar os gastos.
O texto do projeto de lei foi divulgado na noite de domingo (28). Confira aqui os principais pontos do acordo e o que está em jogo na discussão.
A expectativa é o comitê da Câmara dos EUA se reúna nesta terça-feira (30) para discutir os detalhes do projeto.
Confira outras notícias
- Dívida Pública sobe 2,38% em abril e fica em R$ 6,03 trilhões
O montante de emissões de títulos da Dívida Pública Federal (DPF), aliado a um volume baixo de resgates no mês passado, elevou o estoque total da dívida em 2,38%, passando de R$ 5,89 trilhões, em março, para R$ 6,03 trilhões, em abril. Trata-se de um aumento nominal de R$ 140,12 bilhões. Os números foram divulgados nesta segunda-feira (29) pela Secretaria do Tesouro Nacional, vinculada ao Ministério da Fazenda.
"Esta variação deveu-se à emissão líquida [emissões menos resgates], no valor de R$ 92,30 bilhões, e à apropriação positiva de juros, no valor de R$ 48,15 bilhões, descontada a transferência de R$ 0,34 bilhão para a carteira do Banco Central", informou o ministério.
O Tesouro prevê que a DPF subirá nos próximos meses. De acordo com o Plano Anual de Financiamento (PAF) 2023, apresentado no fim de janeiro, o estoque da DPF deve encerrar o ano entre R$ 6,4 trilhões e R$ 6,8 trilhões.
Por meio da apropriação de juros, o governo reconhece, mês a mês, a correção dos juros que incide sobre os títulos e incorpora o valor ao estoque da dívida pública. Com a taxa Selic (juros básicos da economia) em 13,75% ao ano, a apropriação de juros pressiona o endividamento do governo.
No mês passado, a Dívida Pública Mobiliária (em títulos) interna (DPMFi) totalizou R$ 116,51 bilhões, enquanto os resgates foram de R$ 34,39 bilhões, resultando em emissão líquida de R$ 82,12 bilhões. Destaque para as emissões de títulos prefixados (49,55%) e de títulos remunerados por índice de preços (29,5% do total). Já os títulos remunerados à taxa flutuante tiveram redução de participação (de 39,08% para 38,84%).
Outros R$ 10,19 bilhões são relativos à emissão líquida da Dívida Pública Federal externa (DPFe), contraída no mercado exterior, totalizando os R$ 92,30 bilhões de emissão líquida total. Segundo o Tesouro, "é a maior emissão líquida desde junho de 2021".
A reserva de liquidez ou colchão da dívida pública (reserva financeira usada em momentos de turbulência ou de forte concentração de vencimentos), que havia caído em março, subiu em abril, atingindo o patamar de mais de pouco mais R$ 1 trilhão. O crescimento, em termos nominais, foi de 1,57%.
Apesar do aumento da reserva, o nível do colchão garante o pagamento dos próximos 8,55 meses de vencimentos da DPF, um período um pouco menor do que os 9,22 meses registrados em março. Segundo o Tesouro, os meses de maio, julho e setembro de 2023 concentrarão vencimentos estimados em R$ 786,33 bilhões, o que explica a redução do alcance temporal do colchão.
Em relação à composição da DPF, houve queda da participação da DPMFi, passando de 96,02%, em março, para 95,98%, em abril. Já a participação da DPFe, a dívida externa, foi ampliada ligeiramente de 3,98% para 4,02%.
A parcela dos títulos remunerados por taxa flutuante passou de 39,08%, em março, para 38,84%, em abril. Já a participação dos títulos com remuneração prefixada da DPF aumentou um pouco, de 24,7%, em março, para 24,81%, em abril. A parcela dos títulos vinculados a índice de preços registrou um leve aumento, de 32% para 32,11%. Os valores estão em linha com as projeções do PAF 2023.
As instituições financeiras seguem como principais detentoras da Dívida Pública Federal interna, com 28,82% de participação no estoque, um leve aumento em relação ao mês de março. Os fundos de investimento mantiveram o estoque, com 23,57%, e os fundos de pensão (previdência), com 23,51%, aparecem em seguida na lista dos maiores detentores da dívida.
A participação dos não residentes (estrangeiros) caiu de março para abril, passando de 9,7% em fevereiro para 9,5%. A relativa estabilidade ocorreu apesar da turbulência nos mercados externos, marcado por crises em bancos norte-americanos e europeus. Os demais grupos (que incluem governo, seguradoras e outros) somam cerca de 14,6% de participação.
Por meio da dívida pública, o governo pega dinheiro emprestado dos investidores para honrar compromissos financeiros. Em troca, compromete-se a devolver os recursos depois de alguns anos, com alguma correção, que pode seguir a taxa Selic (juros básicos da economia), a inflação, o dólar ou ser prefixada (definida com antecedência).
Fonte: CNN - Agência Brasil