Economia

Ibovespa fecha com queda de 0,20% à espera de decisão dos juros pelo BC e mal humor global; dólar vai a R$ 4,79





Ainda no cenário doméstico, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado adiou a votação do novo marco fiscal para esta quarta-feira (21)

O Ibovespa fechou em queda e o dólar voltou a se aproximar de R$ 4,80 nesta terça-feira (20), em um dia de correção e com investidores à espera da decisão dos juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC).

Ainda no cenário doméstico, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado adiou a votação do novo marco fiscal para esta quarta-feira (21), após a apresentação do relatório de Omar Aziz (PSD-AM).

O dia também foi de perdas em Wall Street e nas principais praças da Europa e da Ásia com a manutenção do clima de cautela após a China anunciar medidas tímidas de estímulos à economia.

Na pauta global, os mercados também aguardam pelo aumento dos juros em 0,25 ponto percentual pelo Banco da Inglaterra, elevando a taxa para 4,75%. A decisão sai na quinta-feira (22), e deve seguir os passos do Banco Central Europeu, que na semana passada aportou a mesma dose, subindo o indicador para 3,5% ao ano.

Diante destas pressões, o principal índice da bolsa brasileira fechou a sessão com perda de 0,20%, aos 119.622 pontos.

O dia também foi de realização de lucro no câmbio após o dólar atingir a mínima ante o real em mais de um ano. A moeda norte-americana fechou a sessão com alta de 0,42%, negociada a R$ 4,795.

A parte de cima do Ibovespa foi puxada pelos frigoríficos, a despeito da preocupação global com a desaceleração da China — um dos principais destinos das exportações de carne brasileira.

Na véspera, a JBS (JBSS3) anunciou a distribuição de mais de R$ 2 bilhões em dividendos, fazendo os papéis fecharem com avanço de 4,15%.

No mesmo setor, BRF (BRFS3) liderou as altas do dia com valorização de 4,86%, enquanto Marfrig (MRFG3) subiu 3,48.

Na ponta oposta, mineradoras e siderúrgica caíram em bloco, refletindo a desvalorização do minério de ferro com o medo de queda da demanda de aço pelos chineses.

A tonelada da commodity negociada no porto de Dalian fechou o dia com queda de 0,9%, a US$ 112,47.

A Vale (VALE3) perdeu 2,58%, enquanto CSN (CSNA3) caiu 2,24% e Gerdau (GGBR4) perdeu 1,41%.

O petróleo também fechou em queda. O barril do tipo Brent, referência do mercado, perdeu 0,25%, a US$ 75,90.

Apesar da pressão, os papéis da Petrobras encerrarem no azul. As opções preferenciais (PETR4) ganharam 0,49%, enquanto as ordinárias (PETR3) subiram 0,26%.

Juros e marco fiscal no radar

O Copom iniciou nesta terça a reunião para decidir os juros, com o resultado sendo publicado na quarta, após o fechamento do mercado.

O colegiado volta a se encontrar após dados da economia publicados nas últimas semanas indicarem a desaceleração da inflação, aumentando a pressão para o corte das taxas.

Apesar desse histórico positivo, análises apontam para a manutenção dos juros no atual patamar. A diferença está na sinalização que os técnicos do BC devem dar aos próximos passos, indicando para o início do corte da Selic a partir do encontro marcado para 1º e 2 de agosto.

Antes, as apostas apontavam para queda a partir de setembro.

Os economistas ouvidos pelo Banco Central para o Boletim Focus desta semana revisaram de 12,5% para 12,25% ao ano a estimativa para a taxa básica de juros em 2023. O relatório foi divulgado nesta segunda-feira (19).

Na pauta política, a CAE do Senado suspendeu os debates sobre o novo marco fiscal após pedido de vista por parlamentares da oposição.

O presidente do colegiado, Vanderlan Cardoso (PSD-GO), concedeu vista coletiva de 24 horas.

O pedido de vista foi feito pelo senador Rogério Marinho (PP-RN), líder da oposição, que citou a anuência dos colegas Tereza Cristina (PP-MS) e Carlos Portinho (PL-RJ).

Mais cedo, o relator da medida apresentou mudanças no texto chancelado pela Câmara.

Aziz retirou do limite de gastos o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), o Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF) e despesas com ciência, tecnologia e inovação.

China decepciona

O Banco Central chinês cortou, nesta terça, sua taxa básica de juros de empréstimo de um ano em 10 pontos-base, de 3,65% para 3,55%, e reduziu a taxa de cinco anos na mesma margem para 4,2%. Os cortes seguem reduções em outras taxas de juros na semana passada.

Apesar dos estímulos, analistas afirmam que a medida não é suficiente para dar força à segunda maior economia do globo, gerando clima geral de tensão.

Em Wall Street, Dow Jones perdeu 0,68%, enquanto S&P 500 fechou com queda de 0,45% e a Nasdaq cedeu 0,12.

No outro lado do Atlântico, o índice pan-europeu Stoxx 600 caiu 0,56%.

Fonte: CNN