O Banco Central diz que vai manter a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 13,75% ao ano "até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas". O texto da ata da última reunião do Copom sinaliza, porém, que a maioria dos integrantes do comitê avalia que o cenário pode permitir que a taxa de juros seja cortada a partir da próxima reunião do grupo, em agosto.
O Banco Central divulgou hoje a ata do Copom (Comitê de Política Monetária). Na semana passada, a Selic foi mantida em 13,75% apesar da pressão de entidades e do governo Lula (PT).
A maioria dos integrantes do Copom avalia que o processo desinflacionário pode permitir um corte na taxa de juros já na próxima reunião. "A avaliação predominante foi de que a continuação do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião". Nas últimas semanas, o mercado e analistas aumentaram as apostas de que a Selic vai baixar a partir de agosto.
Alguns membros se mostraram mais cautelosos. Para esses membros, "é necessário observar maior reancoragem das expectativas longas e acumular mais evidências de desinflação nos componentes mais sensíveis ao ciclo". Houve unanimidade, contudo, sobre os elementos que devem definir os próximos passos de política monetária: a evolução da dinâmica inflacionária, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.
O Copom destacou que "a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária" e que os passos futuros dependem da evolução da dinâmica inflacionária. Juros a 13,75% ao ano é o mesmo patamar que foi fixado em agosto de 2022.
Com a manutenção da taxa de juros da Selic, 51 membros do Conselhão publicaram uma carta aberta a favor da redução das taxas: "É urgente uma política monetária adequada". Entre os signatários, estão Josué Gomes, a empresária Luiza Trajano e o presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Sergio Nobre.
A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação desancoradas, segue demandando cautela e parcimônia. O Copom conduzirá a política monetária necessária para o cumprimento das metas e avalia que a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado tem se mostrado adequada para assegurar a convergência da inflação.
Trecho da ata do Copomnone
Fonte: UOL