O Ibovespa estendeu para esta terça-feira (27) o clima negativo da véspera e voltou a encerrar no vermelho, com investidores repercutindo a sinalização do Banco Central (BC) em cortar os juros a partir do próximo mês e dados prévios da inflação de junho.
O movimento destoa das principais bolsas globais, que fecharam em alta revertendo parte dos temores dos últimos dias de recessão global com a alta coordenada dos juros nos Estados Unidos e na Europa.
O principal indicador da bolsa brasileira encerrou o pregão com perda de 0,61%, aos 117.522 pontos. Na sessão anterior, o Ibovespa já havia perdido 0,62%, aos 118.242 pontos.
O sentimento de aversão aos ativos brasileiros deu fôlego ao dólar. A moeda norte-americana fechou a sessão com alta de 0,68%, aos R$ 4,798. Na véspera, o câmbio caiu 0,24%, cotado a R$ 4,766.
As ações de frigoríficos estiveram entre as maiores altas do pregão após a China liberar a entrada de US$ 1 bilhão em carne brasileira retida em portos do país desde a confirmação de um caso da doença da vaca louca, no Pará, no fim de fevereiro.
Os papéis da Minerva (BEEF3) lideraram o pregão com alta de 3,98%, enquanto as ações da JBS (JBSS3) ganharam 0,41%.
As empresas expostas ao minério de ferro também subiram em bloco, refletindo a alta de 4,11% da tonelada da commoditiy no porto de Dalian, a US$ 114,12.
Os papéis da Vale (VALE3) — ação com maior peso no Ibovespa — encerraram com alta de 0,79% e evitaram queda mais acentuada do pregão.
As ações da CSN (CSNA3) ganharam 0,11%, enquanto Gerdau (GGBR4) valorizou 0,09%.
No grupo de baixo, as ações da Petrobras contribuíram para o desempenho negativo do mercado diante da desvalorização de 2,59% do petróleo tipo Brent, a US$ 72,26.
As opções preferenciais (PETR4) perderam 0,24%, enquanto as ordinárias (PETR3) cederam 0,30%.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC arrefeceu o humor dos investidores ao confirmar nesta terça-feira que a maioria dos seus integrantes já vê abertura para a queda dos juros na próxima reunião, marcada para 1º e 2 de agosto.
Na quarta-feira da semana passada, o colegiado manteve a Selic em 13,75% ao ano – estendendo o mesmo patamar desde agosto de 2022.
A medida já era esperada pelo mercado. No entanto, a ausência de sinais de arrefecimento dos juros e o discruso mais duro do que o esperado surpreenderam negativamente.
Na ata publicada nesta manhã, o Copom adotou um tom considerado mais ameno.
Em um dos trechos mais significativos, o colegiado registrou que “a avaliação predominante foi de que a continuação do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião”.
Já o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA-15 de junho subiu 0,04%, taxa mais baixa em nove meses, contra alta de 0,51% em maio.
Em 12 meses até junho, o avanço acumulado é de 3,40%, resultado mais baixo desde setembro de 2020 (2,65%).
“No início do dia, o dólar acompanhou lá fora, onde a divisa estava se desvalorizando. Depois veio o IPCA-15, sugerindo corte de juros já em agosto. E a ata também veio no sentido de corte de juros”, comentou Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora.
A expectativa de uma Selic mais baixa, para o mercado de câmbio, se traduz em um diferencial de juros menor para o Brasil, o que em tese tende a reduzir o fluxo de moeda norte-americana para o país.
Fonte: CNN - Reuters.