Há um ano, esta taxa estava em 368,8%, uma diferença de 86,3 pontos porcentuais. A taxa de maio é a maior em mais de seis anos, desde março de 2017, quando atingiu 490% ao ano.
Este tipo de juro — o mais caro do mercado financeiro — em geral, é utilizado pelos usuários de cartão de crédito que não conseguem pagar a fatura por completo e optam por fazer o pagamento mínimo, o que gera juros sobre juros. O ministro Fernando Haddad vem se reunindo com banqueiros para buscar uma alternativa para a redução dos juros do rotativo.
A taxa média de juros cobrada nas operações de crédito para pessoas físicas chegou a 59,9% ao ano em maio, alta de 0,3 ponto ante a abril e de 9,5 pontos na comparação com maio de 2022. Destaque para o crédito pessoal, com taxa média de 24,8%, e o cheque especial, com 130,7% ao ano. No consignado, a taxa média foi de 25,8% em maio e de 28,1% para a compra de veículos.
Já nas operações para o segmento empresarial, o custo médio do crédito livre, que não inclui as operações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi de 23,8% ao ano em maio, mantendo-se estável no mês e crescendo 1,9 ponto em 12 meses.
Nas operações totais de crédito com recursos livres, a taxa de juros alcançou 45,4% em maio, alta de 0,3 ponto no mês e de 7,4 pontos em 12 meses.
A taxa de juros das novas contratações alcançou 32,5% ao ano em maio, com incrementos de 0,4 ponto no mês e de 4,7 pontos em 12 meses. O spread bancário — que é a diferença entre o custo de captação de dinheiro dos bancos e o que eles cobram nas operações de crédito que oferecem — atingiu 22,3 pontos, alta de 0,5 ponto no mês e de 4,8 pontos ante maio de 2022.
O Indicador de Custo do Crédito (ICC), que mede o custo médio de todo o crédito do Sistema Financeiro Nacional, caiu para 22,4%, 0,1 ponto a menos que há um mês, mas alta de 2,3 pontos em 12 meses.
O volume total das operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional totalizou R$ 5,4 trilhões em maio, crescimento mensal de 0,3%.
O número é resultado, segundo nota do BC à imprensa, do incremento de 0,5% no estoque de crédito das operações com pessoas físicas, R$ 3,3 trilhões, enquanto o estoque de crédito às pessoas jurídicas permaneceu estável no período, em R$ 2,1 trilhões.
Comparativamente ao mesmo mês do ano anterior, o crédito total cresceu 10,4%, desacelerando em relação ao crescimento em 12 meses observado em abril, 11,3%.
Por segmento, na mesma base de comparação, o saldo de crédito com as pessoas jurídicas e com as pessoas físicas também desaceleraram, com aumentos de 4,4%, ante 4,8%, e de 14,6%, ante 15,8%, na ordem.
O estoque de crédito com recursos livres para as empresas atingiu R$ 1,3 trilhão em maio, recuo de 0,4% no mês e expansão de 1,8% em 12 meses. Esse desempenho decorreu, basicamente, da redução do estoque das operações de desconto de duplicatas e outros recebíveis, -8,2%, e de capital de giro com prazo superior a 365 dias, -1,3%.
O estoque de crédito com recursos livres às pessoas físicas atingiu R$ 1,8 trilhão em maio, incremento de 0,8% no mês e de 12,9% em doze meses. Para esse resultado contribuíram as carteiras de cartão de crédito à vista, 2,4%, os financiamentos para aquisição de veículos, 0,9%, e o crédito consignado para trabalhadores do setor público, 0,6%.
O crédito direcionado cresceu 0,4% no mês e 14,1% em 12 meses ao atingir R$ 2,2 trilhões em maio. Por segmento, o crédito para as empresas cresceu 0,8% no mês e 9,4% em doze meses. O crédito às famílias aumentou 0,1% no mês e 16,8% em 12 meses.
As concessões nominais de crédito somaram R$ 503,3 bilhões em maio. Nas séries sazonalmente ajustadas, o total de novas contratações aumentou 1,5% no mês, com incremento de 4,2% nas operações pactuadas com empresas e diminuição de 0,5% nas operações com as famílias.
Nos 12 meses até maio, as concessões nominais aumentaram 10,5%, com elevações de 6,3% nas contratações com pessoas jurídicas e de 14,0% com pessoas físicas. A média diária de novas contratações diminuiu 5,5% em maio, ressaltando-se a ocorrência de quatro dias úteis a mais que no mês anterior.
Em maio, o saldo do crédito ampliado ao setor não financeiro situou-se em R$ 15,1 trilhões (146,9% do PIB), crescendo 0,2% no mês, devido principalmente à alta de 1,5% dos empréstimos da dívida externa. Na comparação interanual, o crédito ampliado aumentou 9,9%, sobressaindo as elevações na carteira de empréstimos, 10,3%, e nos títulos de dívida, 9,3%.
O crédito ampliado a empresas totalizou R$ 5,2 trilhões (51,1% do PIB), aumento de 0,4% no mês, influenciado principalmente pela elevação de 1,6% nos empréstimos da dívida externa, decorrente da depreciação cambial de 1,9%.
Na comparação com maio de 2022, a expansão de 13,0% do crédito ampliado a empresas refletiu principalmente os aumentos de 29,7% em títulos de dívida e de 11,1% no total da dívida externa.
O crédito ampliado às famílias situou-se em R$ 3,5 trilhões (34,4% do PIB) em maio, com expansão de 0,5% no mês e de 14,0% em doze meses, refletindo, principalmente, o incremento nos empréstimos do sistema financeiro.
O início do afrouxamento da política monetária é esperado para agosto. Com o que pode marcar o começo de uma sequência de cortes na taxa básica de juros a expectativa é de que os juros cobrados nas operações de crédito também caiam, aliviando a pressão sobre o custo do dinheiro, seja para o consumo quanto para o investimento do setor produtivo.
Na terça-feira (27), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), divulgou a ata da última reunião do colegiado e o documento apontou que há espaço para uma redução da Selic já no próximo encontro, marcado para agosto.