O Ibovespa recuperou parte do terreno durante a tarde e garantiu o fechamento em alta nesta segunda-feira (17), mesma direção do dólar, com dados divergentes no Brasil e nos mercados globais.
O principal indicador da bolsa fechou a sessão com alta de 0,43%, aos 118.219 pontos.
O ambiente regional pesou sobre o dólar, que abriu a semana em valorização ante o real de 0,25%, a R$ 4,807.
Na praça doméstica, o destaque foi a decepção com o tombo de 2% em maio do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Já o ambiente internacional ficou dividido entre o avanço de 6,3% do PIB da China entre maio e junho — abaixo do esperado — , e os primeiros dados da temporada de balanço do segundo trimestre nos Estados Unidos.
No primeiro caso, os preços de commodities foram dragadas com a expectativa de desaceleração na segunda maior economia do mundo, enquanto as informações de corporações norte-americanas devem dar novos sinais de como o cenário se comportou em meio ao aumento dos juros.
O avanço do Ibovespa foi sustentado por empresas do setor financeiros às vésperas da divulgação do resultado dos grandes bancos nos EUA no segundo trimestre.
O destaque do grupo ficou para os papéis do BTG Pactual (BPAC11), com alta de 3,13%. Na sequência, Santander (SANB11) e Itaú (ITUB4) ganharam 2,15% e 1,94%, respectivamente.
“Resultados corporativos sendo anunciados lá fora e os bancos aqui sendo puxados também por causa do otimismo com os resultados. Obviamente, apesar de não serem totalmente correlacionados, os setores são pares. Também há uma expectativa em relação aos divulgados dos bancos aqui no Brasil”, explica Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos.
A queda dos juros por toda a curva também deu sustentação para o Ibovespa ao puxar empresas mais sensíveis à economia doméstica.
Neste grupo, MRV (MRVE3), Alpargatas (ALPA4) e Petz (PETZ3) subiram 2,96%, 2,41% e 2,24%, nesta ordem.
O impulso, porém, é freado pela queda de empresas ligadas à commodities — com maior predominância sobre o mercado doméstico — diante de dados negativos na China.
A alta do PIB abaixo do esperado aumentou os temores de desaceleração no gigante asiático, fundamental para o mercado de commodities metálicas, energéticas e alimentícias.
O pessimismo com os dados fez com que o minério de ferro perdesse 0,9%, a US$ 116,05 por tonelada no porto de Dalian.
Diante disso, a Vale (VALE3), fechou o dia entre as maiores baixas do Ibovespa, com perda de 1,11%.
O petróleo tipo Brent também teve um dia de perdas, com recuo de 1,72%, a US$ 78,50 o barril.
Os papéis preferenciais da Petrobras (PETR4) perderam 0,21%, enquanto os ordinários ficaram na estabilidade, com alta de 0,03%.
As principais praças globais fecharam sem direção definida diante das pressões da China e expectativa nos EUA.
Em Wall Street, Dow Jones fechou com alta de 0,89%, enquanto S&P 500 ganhou 0,35% e Nasdaq valorizou 0,89%.
No Velho Continente, o índice pan-europeu Stoxx 600 perdeu 0,60%.
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- Haddad contesta alíquota de 28% para IVA estimada por estudo
Uma alíquota de 28% do Imposto sobre Valor Adicionado (IVA), a ser criado pela reforma tributária, não considera uma série de fatores, disse nesta segunda-feira (17) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ele rebateu um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), segundo o qual o futuro IVA ficaria mais alto que os 25% inicialmente previstos por causa das exceções incluídas durante a votação pelos deputados.
“Aquele é um estudo que não leva em consideração uma série de fatores. Não tem análise de impacto, por exemplo, sobre [combate à] sonegação, evasão, corte de gastos tributários [eliminação de incentivos fiscais]”, declarou Haddad ao chegar ao Ministério da Fazenda nesta segunda pela manhã.
Baseado no texto aprovado pela Câmara dos Deputados, o estudo do Ipea estima uma alíquota de 28,4% para o IVA, que incidirá sobre o consumo. Esse percentual garantiria a alíquota mais alta do mundo para impostos desse tipo, batendo o recorde da Hungria, que cobra IVA de 27%.
Segundo o Ipea, as isenções incluídas no texto, o benefício a setores que terão alíquota reduzida em 60% e a criação de regimes especiais estão por trás da alíquota alta. Isso porque, para compensar a desoneração para alguns segmentos da economia, o governo terá de tributar mais o restante dos setores.
Sobre a possibilidade de a alíquota ficar abaixo de 28%, o ministro disse ser necessário avaliar dois fatores. O primeiro é a transição, que começará em 2026 para a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), a parte federal do futuro IVA, e irá até 2032. “Nós vamos calibrando isso de acordo com a transição. Então começa em 2026 com uma alíquota baixinha para ver o impacto”, declarou o ministro.
O segundo fator, citou Haddad, serão eventuais mudanças na reforma tributária pelo Senado, que poderá rever algumas exceções concedidas pela Câmara. Com menos isenções e setores com alíquotas reduzidas, a alíquota geral poderá baixar.
Apesar de contestar a estimativa de 28,4% de alíquota, Haddad considerou positivas as ponderações feitas pelo Ipea e defendeu um enxugamento da reforma, com a revisão da lista de exceções. “O alerta que o estudo do Ipea faz é bom, porque mostra que, quanto mais exceções tiver [a reforma tributária], menos vai funcionar. Então tem que calibrar bem as exceções, para que elas estejam bem justificadas”, declarou.
Mesmo no caso de um IVA alto, o estudo considera a reforma tributária benéfica para a economia brasileira, porque melhorará o ambiente de negócios e simplificará a cobrança e o pagamento de tributos. Recentemente, o Ipea divulgou um outro estudo, segundo o qual a reforma poderá gerar um ganho de 2,39% no Produto Interno Bruto (PIB) até 2032.
Fonte: CNN - Agência Brasil