Economia

Fed volta a subir juros dos EUA e taxa vai até a 5,5%, maior nível em 22 anos





Foi a 11ª alta em pouco menos de um ano e meio, e banco central norte-americano não descartou a possibilidade de novos aumentos

O Comitê de Política Monetária (Fomc) do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, voltou a subir os juros do país nesta quarta-feira (24).

O aumento, anunciado nesta tarde, é de 0,25 ponto percentual e leva os juros de referência norte-americanos para a faixa dos 5,25% a 5,5%. É o maior nível em 22 anos.

A alta acontece depois de o Fed ter optado por não mexer na taxa em sua última reunião, em junho, em meio aos sinais mistos de uma possível desaceleração na economia norte-americana.

Até então, porém, tinham sido 10 aumentos seguidos ao longo de quase um ano e meio, em meio à luta do banco central dos EUA em conter o avanço de uma inflação que, no ano passado, chegou a passar dos 9% e marcar as maiores variações em 40 anos.

Fed tem várias filiais em diferentes estados dos EUA, veja quais são:

A alta já era dada como certa por economistas de dentro e fora dos EUA. Havia, entretanto, grandes expectativas quanto aos sinais que o Fomc poderia dar em seu comunicado em relação a novos aumentos nos próximos meses.

Nesse sentido, a nota divulgada pelo comitê foi vaga, mas não descarta uma nova alta.

“O Comitê estará preparado para ajustar o ritmo da política monetária de maneira apropriada se emergirem riscos que possam impedir que o Comitê alcance o seu objetivo”, diz o texto.

A inflação do país, que vem dando sinais de desaceleração, foi de 3% em junho, dado mais recente divulgado. A meta de inflação de longo prazo dos EUA é de 2%, além de ser também sua obrigação perseguir o máximo emprego no país.

“Indicadores recentes sugerem que a atividade econômica tem se expandido a um ritmo moderado. A geração de empregos tem sido robusta nos últimos meses e a taxa de desempregado se mantem baixa. A inflação continua elevada”, avaliou o Fomc em seu comunicado.

Entre os fatores que deve considerar para decidir se deve aumentar os juros novamente, e em quanto, o Fed mencionou que irá continuar observando os efeitos das altas que já promoveu sobre a economia e os preços, e que acontecem com alguma defasagem.

“O Comitê vai continuar avaliando informações adicionais e suas implicações para a política monetária”, diz o comunicado. “O Comitê está fortemente comprometido em recolocar a inflação nos 2% de seu objetivo.”

 

Fed cumpre o esperado e deixa porta aberta para novos aumentos nos juros, dizem analistas 

A decisão do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) de subir os juros em 0,25 ponto percentual e levar a taxa ao patamar de 2,25% e 5,50% – a maior em 22 anos – cumpre o que já era esperado pelo mercado, dizem analistas.

Mais importante que o número em si foi o papel do presidente da autarquia, Jerome Powell, em frisar que o cenário ainda segue bastante incerto, e que novos aumentos nos juros não estão fora dos planos.

“Powell deixou em aberto ainda a reunião de setembro dizendo que precisa acompanhar os números de perto sem trazer novidades sobre próximas decisões. Foi uma decisão acertada e que veio de acordo com o que se esperava”, afirma Marcelo Oliveira, co-fundador da Quantzed.

Em conversa com jornalistas, Powell reiterou que os próximos passos da política de juros dependerão do comportamento da inflação e do mercado de trabalho mês a mês.

Apesar de reconhecer que o esforço para trazer os juros a meta de 2% está “funcionando de forma próxima” do esperado, Powell destacou que a variação de preços está se provando mais resiliente do que o esperado, e que “ainda há um longo caminho para percorrer”.

Matheus Pizzani, economista da CM Capital, também viu no recado do Fed deixa espaço para mais um acréscimo de 0,25 p.p nos juros no encontro agendado para setembro, principalmente pelos últimos dados mostrando o forte aquecimento do mercado de trabalho.

“Apesar da tentativa de Powell de não cravar nenhuma decisão de maneira antecipada, foi possível captar algumas sinalizações a partir da leitura de conjuntura feita por ele no início de sua fala, a começar pelo mercado de trabalho, que segundo o presidente segue extremamente apertado, enquanto o nível de crescimento foi considerado como moderado”, diz.

Na mesma linha, Claudia Rodrigues, economista do C6 Bank, ressalta que os juros devem se manter pressionados pelos próximos meses, inclusive com novos aumentos ainda neste ano.

“Mantemos nossa visão que o Fed implementará mais uma alta nos juros até o fim do ano, em razão da inflação que deve continuar elevada e persistente (núcleo acima da meta) e o mercado de trabalho aquecido”, diz.

“Acreditamos que os juros devem permanecer elevados por um bom tempo, e o início do ciclo de cortes deve ocorrer apenas no final de 2024”.

 

Fonte: CNN