Economia

Ibovespa renova máxima em quase dois anos após Fed; dólar cai a R$ 4,72





O Ibovespa renovou as máximas em quase dois anos e o dólar caiu ao menor patamar desde abril do ano passado, nesta quarta-feira (26), com o aumento dos juros nos Estados Unidos e a melhora da nota do crédito soberano do Brasil pela Fitch Ratings.

O principal índice da bolsa brasileira fechou a sessão com avanço de 0,45%, aos 122.560 pontos. Este é o melhor desempenho da bolsa desde 5 de agosto de 2021, quando o pregão foi aos 123.019 pontos.

Na véspera, o Ibovespa já havia superado a máxima em quase dois anos ao subir aos 122.007 pontos.

A mudança para cima da nota do Brasil deu força para a desvalorização de 0,48% do dólar ante a divisa brasileira, cotado a R$ 4,728 na venda.

Este é o menor patamar do câmbio desde 21 de abril do ano passado, quando fechou a R$ 4,662.

Fed sobe juros e deixa porta aberta para novos aumentos

A decisão do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) de subir os juros em 0,25 ponto percentual e levar a taxa ao patamar de 2,25% e 5,50% – a maior em 22 anos – cumpre o que já era esperado pelo mercado, dizem analistas.

Mais importante que o número em si foi o papel do presidente da autarquia, Jerome Powell, em frisar que o cenário ainda segue bastante incerto, e que novos aumentos nos juros não estão fora dos planos.

“Powell deixou em aberto ainda a reunião de setembro dizendo que precisa acompanhar os números de perto sem trazer novidades sobre próximas decisões. Foi uma decisão acertada e que veio de acordo com o que se esperava”, afirma Marcelo Oliveira, co-fundador da Quantzed.

Em conversa com jornalistas, Powell reiterou que os próximos passos da política de juros dependerão do comportamento da inflação e do mercado de trabalho mês a mês.

Apesar de reconhecer que o esforço para trazer os juros a meta de 2% está “funcionando de forma próxima” do esperado, Powell destacou que a variação de preços está se provando mais resiliente do que o esperado, e que “ainda há um longo caminho para percorrer”.

Matheus Pizzani, economista da CM Capital, também viu no recado do Fed deixa espaço para mais um acréscimo de 0,25 p.p nos juros no encontro agendado para setembro, principalmente pelos últimos dados mostrando o forte aquecimento do mercado de trabalho.

“Apesar da tentativa de Powell de não cravar nenhuma decisão de maneira antecipada, foi possível captar algumas sinalizações a partir da leitura de conjuntura feita por ele no início de sua fala, a começar pelo mercado de trabalho, que segundo o presidente segue extremamente apertado, enquanto o nível de crescimento foi considerado como moderado”, diz.

Fitch melhora nota do Brasil

Mais cedo, a agência de classificação de risco Fitch elevou de “BB-” para “BB” a nota de crédito do Brasil, com perspectiva em estável.

De acordo com o comunicado da Fitch, a atualização da classificação de risco do Brasil reflete um desempenho macroeconômico e fiscal melhor do que o esperado “em meio a sucessivos choques nos últimos anos, políticas proativas e reformas que apoiaram isso e a expectativa da Fitch de que o novo governo trabalhará para melhorias adicionais”.

A decisão animou os mercados, que enxergam no novo patamar uma janela para nova queda do dólar, afirmam especialistas.

Para o economista Fábio Silveira, sócio-diretor da consultoria MacroSector, a redução de rating é “sempre uma boa notícia”, e tende a provocar uma pressão baixista para o dólar já neste ano.

Segundo o economista, a decisão contribui para reduzir o custo de financiamento e atrair investimentos para o país, o que eleva a oferta de divisas internacionais, reduzindo seu custo.

“O ingresso de capitais no Brasil deve se manter, gerando um bom fluxo de capital estrangeiro no país”, explica.

 

Fonte: CNN