O Ibovespa engatou nova queda nesta terça-feira (8) e o dólar se manteve praticamente estável, pressionados pela aversão ao risco no mercado global após dados negativos na China indicarem dificuldades na retomada da segunda maior economia do globo.
Ainda na cena internacional, o humor dos investidores foi impactado pelo corte da Moody’s nas notas de crédito de dez bancos pequenos e médios dos Estados Unidos. A agência de rating ainda disse que ainda avalia rebaixar seis dos maiores credores do país.
No cenário doméstico, investidores analisaram a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) indicando novos cortes de 0,50 ponto percentual (p.p.) na taxa de juros nos próximos encontros do colegiado após redução de mesma magnitude na semana passada, que trouxe a Selic para 13,25% ao ano.
O principal indicador da bolsa brasileira encerrou com perda de 0,24%, aos 119.090 pontos. Nas mínimas do dia, o pregão chegou a operar na faixa dos 117 mil pontos.
Esta foi a sexta sessão seguida do Ibovespa, período que acumula perda acima de 2%.
Após operar em forte alta ante o real durante a maior parte do dia, o dólar perdeu fôlego no meio da tarde e encerrou praticamente estável, com leve alta de 0,04%, negociado a R$ 4,898 na venda.
Dados publicados na China deram o tom nos mercados nesta terça, levando a fuga dos investidores de ativos de risco, como os mercados emergentes.
As exportações do país asiático caíram 14,5% em julho em relação ao ano anterior, enquanto as importações contraíram 12,4%, mostraram dados alfandegários na terça-feira.
O ritmo de declínio das exportações foi o mais rápido desde o início da pandemia em 2020 e a queda nas importações foi a maior desde janeiro deste ano, quando as infecções por Covid fecharam lojas e fábricas.
O cenário fez as ações da Vale (VALE3) — empresa com maior peso no mercado — recuar 0,65%.
Já as ações preferenciais da Petrobras (PETR4) ficaram praticamente estáveis, com alta de 0,10%, com a alta de 0,97% do barril do petróleo tipo Brent, a US$ 86,17.
No lado positivo, Eletrobras (ELET6) subiu 1,96% após dados positivos nas operações no segundo trimestre, conforme balanço publicado nesta manhã.
Ações expostas à economia doméstica tiveram um dia de ganhos e reflexo à queda generalizada dos juros por toda a curva.
A alta da sessão foi pela Hapvida (HAPV3), com alta de 6,08%, enquanto Ydqs (YDQS3) e Alpargatas (ALPA4) valorizaram 3,99% e 3,28%, nesta ordem.
Na quarta-feira (2) o Copom decidiu, pela primeira vez em três anos, cortar a taxa básica de juros do país, a Selic, em 0,50 ponto percentual. Com isso, a taxa passou de 13,75% para 13,25% ao ano.
A indicação de que os próximos cortes nos juros serão da mesma magnitude do promovido em agosto vai ao encontro da estimativa do mercado, que espera Selic de 11,75% ao fim de 2023.
Para especialistas ouvidos pela CNN, o recado abre cenário positivo para a bolsa brasileira.
“Embora as empresas estejam reportando bons resultados, os juros fazem a diferença para seus consumidores”, afirma Gustavo Cruz, estrategista chefe da RB Investimentos.
O dia também foi de perdas nas principais praças globais. Além da decepção com a China, o cenário negativo foi reforçado pelo corte, pela Moody’s, da nota de crédito de vários bancos pequenos e médios dos EUA e pela indicação de que a agência de rating pode rebaixar a recomendação também de instituições maiores.
Em Wall Street, o Dow Jones perdeu 0,43%, enquanto S&P 500 cedeu 0,41% e a Nasdaq caiu 0,74%.
Na Europa, o índice intercontinental Stoxx 600 recuou 0,23%.
Fonte: CNN - Reuters