O Ibovespa opera em alta nesta segunda-feira (28), subindo 0,5%, aos 116.419 pontos, por volta das 12h50. No mesmo horário, o dólar tinha alta de 0,49%, a R$ 4,89.
Os investidores locais operam em linha com o otimismo no exterior, enquanto aguardam dados econômicos importantes.
Na China, os mercados fecharam no azul, depois que o governo reduziu pela metade um imposto sobre as negociações de ações a partir desta segunda-feira, buscando “revigorar o mercado de capitais e aumentar a confiança dos investidores”.
A medida repercutiu positivamente nos pregões chineses, contaminando as bolsas na Europa e também reverberando em Nova York, onde o S&P 500 tinha elevação de 0,69%, no começo de uma semana cheia de divulgações econômicas.
“As atenções estarão voltadas para os dados do mercado de trabalho norte-americano, que serão de suma importância para a determinação dos próximos passos do Federal Reserve”, afirmaram economistas do Bradesco em nota a clientes.
Em Nova York, o Dow Jones subia 0,49%, o S&P operava em alta de 0,28% e o Nasdaq tinha aumento de 0,37%.
Os investidores aguardam os dados do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no segundo trimestre. Já nos EUA, os mercados aguardam dados de inflação do PCE, indicador mais utilizado pelo Fed, e os dados de emprego de agosto do Payroll.
O mercado também segue repercutindo a fala da semana passada do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, no simpósio anual de Jackson Hole, em que disse que o Federall Reserve (Fed, o banco central dos EUA) pode precisar elevar ainda mais os juros para garantir que a inflação seja contida, notando tanto os progressos alcançados na redução das pressões sobre os preços quanto os riscos decorrentes da força surpreendente da economia dos EUA.
“Acreditamos que uma pausa (no aperto do Fed) em setembro parece provável, mas (após os comentários de Powell) o mercado agora vê uma chance de um aumento final de 25 pontos-base em novembro ou dezembro. Isso pode explicar a recuperação do dólar após a liquidação inicial na sexta”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercado da Ebury.
As apostas dos operadores de uma pausa no aperto do Fed permanecem inalteradas para a reunião de setembro, enquanto as chances de um aumento de juros em novembro subiram para 51%, de 38% na semana anterior, segundo a ferramenta FedWatch, do CME Group.
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-Reforma tributária beneficiará ao menos 82% dos municípios, prevê Ipea
O texto da reforma tributária aprovado na Câmara dos Deputados e que tramita agora no Senado vai beneficiar ao menos 82% dos 5.568 municípios brasileiros e 60% dos estados. A avaliação consta de estudo divulgado nesta segunda-feira (28) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), ligado ao Ministério do Planejamento e Orçamento.
O documento Impactos Redistributivos da Reforma Tributária: Estimativas Atualizadas foi elaborado pelos pesquisadores Sérgio Gobetti e Priscila Monteiro e faz uma comparação de como ficará a arrecadação de estados e municípios.
O estudo comparou as receitas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e do Imposto sobre Serviços (ISS) obtidas em 2022 por todos os municípios e estados do país com as que teriam sido verificadas em caso de vigência do novo modelo tributário, que prevê um imposto sobre bens e serviços de base ampla e cobrado no destino, ou seja, no local de consumo.
O levantamento detalha que, apesar de a reforma beneficiar 60% dos estados individualmente, se for levado em consideração que alguns governos estaduais perderão participação no bolo tributário, porém cidades desse mesmo estado ganharão participação, compensando as perdas, o percentual de unidades federativas (UFs) beneficiadas será de 78%.
O Ipea constata que os entes ganhadores com a reforma são, em geral, estados menos desenvolvidos e municípios mais pobres. De todas as cidades que têm Produto Interno Bruto (PIB) per capita (valor de todas as riquezas produzidas dividido pelo número de habitantes) inferior à média brasileira, 98% serão beneficiadas. Do grupo das 108 cidades populosas e pobres (G100, criado pela Frente Nacional dos Prefeitos – FNP), 98% serão ganhadoras com a reforma.
Entre as grandes cidades, registram-se ganhos para 59% das capitais e 72% das que têm população superior a 80 mil habitantes.
“A redistribuição de receitas prevista na esfera municipal reduziria em 21% o grau de desigualdade entre os municípios, medido pelo Índice de Gini. A grande diferença hoje existente entre os municípios mais ricos e mais pobres deve cair em todas as UFs”, diz o levantamento, que aponta um exemplo em Goiás: a disparidade de receita tributária per capita entre Alto Horizonte (considerado o mais rico) e Santo Antônio do Descoberto (o mais pobre), que atualmente é de 127 vezes, pode ser reduzida para quatro vezes.
O Ipea fez simulações também com a regra de transição. De acordo com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 45/19, como foi protocolada a reforma tributária, a transição prevê que, em cinco anos, 90% da receita do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS, a ser criado) ainda estarão sendo distribuídos pela regra antiga; e 10%, segundo as novas regras. Esses percentuais vão cair e aumentar, respectivamente, 2 pontos percentuais ao ano (a.a.), de modo que, apenas no quinquagésimo ano, toda receita será integralmente entregue ao destino.
Além disso, o modelo prevê um fundo (seguro-receita) constituído com 3% da receita livre de IBS (ou seja, a receita não retida para distribuição segundo as regras atuais), que será repartido entre os estados e municípios que apresentarem maior perda relativa de receita, cuja receita per capita não exceda a três vezes a média nacional.
Pelos cálculos do Ipea, com o período de transição, nenhum estado e poucos municípios correm o risco de ter queda de arrecadação em algum momento do processo. “Mesmo quando consideramos um cenário mais pessimista para o crescimento econômico nas próximas décadas, de taxa média em 1,5% a.a. (ante uma média de 2,1% a.a. desde 1995), apenas 32 cidades chegariam ao final da transição com receita menor que hoje, em termos reais”, descreve a pesquisa.
“Em cenários mais otimistas, com economia crescendo em média 2,5% a.a. depois da reforma tributária (um pouco acima da média), nenhum município terá perdas até o trigésimo ano, e apenas cinco terão perdas até o quinquagésimo ano”, completa.
Os pesquisadores apontam que, pelas próximas duas décadas, a combinação entre impactos positivos da reforma sobre a economia e regra de transição deve restringir o universo de perdedores a uma centena de cidades, e a ampla maioria delas não deve ter queda de arrecadação, mas apenas crescimento inferior ao que teriam na ausência das mudanças tributárias que, para os autores do estudo, são “essenciais para o país”.
O relatório indica que as cidades que correm o risco de ter queda de arrecadação são, em geral, sedes de refinaria de petróleo ou hidrelétricas (como São Francisco do Conde/BA, São Gonçalo do Rio Abaixo/MG, Paulínia/SP e Alto Horizonte/GO), que hoje concentram um volume desproporcional de receitas de ICMS. Para os autores, “essas cidades terão um tempo razoável de adaptação à nova realidade, sem riscos de queda abrupta de receita”.
O pesquisador do Ipea Sérgio Gobetti e a economista Priscila Monteiro concluem que “a redução gradual de desigualdade, principalmente pela ampliação das receitas dos municípios mais pobres, em todos os cantos do Brasil, deve ter impacto ainda imensurável sobre o bem-estar de suas populações, com possíveis desdobramentos sobre o ambiente econômico a serem detectados nas próximas décadas”.
Após ser aprovada em dois turnos na Câmara dos Deputados, a PEC 45/19 tramita na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. O relator é o senador Eduardo Braga (MDB-AM). A Agência Brasil preparou uma reportagem sobre o texto que está sendo analisado pelo Congresso.
- Procura por empréstimos cai 14% nos últimos 12 meses
O consumidor brasileiro tem diminuído a procura por empréstimos. Dados do Indicador de Demanda dos Consumidores por Crédito, da Serasa Experian, apontam que em julho houve uma queda de 2,4% na comparação com junho. Já na comparação com julho de 2022, a retração foi de 10,9%. Nessa comparação anual, o resultado tem sido negativo por 14 meses seguidos, ou seja, desde junho de 2022. Os dados foram obtidos com exclusividade pela Agência Brasil.
Ao longo de 2023, o recuo na procura por crédito é de 12,3%. Já no acumulado de 12 meses, a queda é maior ainda, 14%. A Serasa Experian chega a esses números por meio de um acompanhamento mensal de consultas para concessão de crédito relacionadas a Cadastro de Pessoas Físicas (CPFs) que fazem parte do banco de dados da empresa. Nenhuma Unidade Federativa (UF) registrou crescimento na busca de crédito por consumidores.
Para o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, a retração é reflexo da política de juros no país. “Os consumidores continuam arredios à tomada de crédito principalmente pelos juros altos, que tornam o momento inapropriado para isso”.
No começo de agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa de juros básicos da economia (Selic) para 13,25% ao ano. Foi o primeiro corte em três anos. A Selic influencia diretamente o comportamento dos juros cobrados pelos empréstimos oferecidos às pessoas físicas.
Segundo comunicados do BC, a taxa vem sendo mantida em níveis altos como forma de controlar a inflação. Porém, um efeito adverso é que a Selic alta também é recessiva, ou seja: dificulta o crédito, o consumo e investimentos.
Para o professor de economia Ruy Santacruz, da Universidade Federal Fluminense (UFF), além de reflexo dos juros altos, os dados da Serasa Experian trazem um efeito estatístico, devido à grande demanda por crédito durante os últimos anos.
“A retenção da demanda por crédito ocorre em função de uma procura muito alta durante a pandemia e logo depois da pandemia também. Então, na verdade, a demanda por crédito não está baixa hoje em dia, ela está até razoavelmente alta. Ela cai porque está dentro de um patamar ainda mais alto”, pondera o professor.
A tomada de crédito é sinônimo de assumir uma dívida e, muitas vezes, associada ao risco de se tornar inadimplente, ou seja, perder a capacidade de pagar a conta em dia. Mas o professor da UFF explica que o crédito é uma das ferramentas essenciais para o bom funcionamento da economia, gerando crescimento, emprego e renda.
“Sem crédito não tem consumo das famílias”, aponta. “Para o PIB [Produto Interno Bruto, conjunto de bens e riquezas produzidos no país] crescer, para o emprego crescer, você precisa que as famílias consumam mais, gastem mais”, explica Santacruz, ressaltando que isso vale também para as empresas, responsáveis por grande parte dos investimentos no país, além dos governos. “O termômetro da economia realmente é o crédito”, afirma.
Santacruz acredita que parte da queda na demanda por crédito se deve também à inadimplência, que apresentou recuo recente, mas, na opinião do professor da UFF, segue alta. “A turma está esperando se ajustar primeiro, pagar um pouco mais das dívidas, quando a inadimplência cair um pouco mais ainda, provavelmente vai dar uma estabilizada na demanda por crédito”, pontua.
Para Luiz Rabi, da Serasa Experian, o aumento na demanda por crédito acontecerá com um reordenamento do orçamento familiar.
“Para que o indicador volte a registrar números positivos, a renegociação de dívidas e o corte de gastos são medidas importantes a fim de [o consumidor] conseguir se reorganizar financeiramente”.
O levantamento da Serasa Experian aponta que o recuo na procura por financiamento no acumulado dos últimos 12 meses foi maior entre pessoas com renda de até R$ 1 mil (queda de 15%), enquanto as com renda superior a R$ 10 mil apresentaram retração de 11,5%.
Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o nível de endividamento do brasileiro caiu pela primeira vez em sete meses e chegou a 78,1% das famílias em julho. É o menor índice desde janeiro (78%). Um dos fatores que levaram a essa diminuição, segundo a CNC, é o programa Desenrola Brasil, criado pelo governo federal para estimular e renegociação de dívidas e limpar o nome do consumidor de cadastros restritivos de crédito.
O mais recente balanço sobre o Desenrola Brasil feito pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), divulgado no último dia 22, aponta que cerca de R$ 9,5 bilhões em dívidas foram negociados em um mês. O dado se refere ao período de 17 de julho a 18 de agosto.
O economista da Serasa Experian considera que a procura por crédito não está associada ao Desenrola. Para ele, há outros fatores que influenciam diretamente o interesse por empréstimos. “Demanda por crédito é afetada por outras variáveis econômicas: taxa de juros, confiança do consumidor, nível de emprego”, enumera.
Fonte: CNN - Agência Brasil