Economia

Fazenda revisa crescimento do PIB do Brasil em 2023 para 3,2%





Maior projeção reflete no resultado do PIB do segundo trimestre, que cresceu 0,9% na margem e 3,4% na comparação interanual, deixando carregamento estatístico de 3,1% para o ano

Fachada do prédio do Ministério da Fazenda em Brasília 14/02/2023 REUTERS/Adriano Machado 

A Secretaria de Políticas Econômicas do Ministério da Fazenda (SPE) prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro crescerá 3,2% em 2023, segundo os dados do boletim macrofiscal divulgado pela pasta nesta segunda-feira (18).

É a terceira alta consecutiva na projeção da Fazenda e representa um aumento de 0,7 ponto percentual em relação à última previsão da SPE, feita em julho deste ano, que já apontava crescimento econômico de 2,5% neste ano.

De acordo com a Secretaria, revisão para cima reflete no resultado do PIB do segundo trimestre, que cresceu 0,9%, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no começo do mês.

“Além da surpresa com o avanço do PIB no segundo trimestre, também contribuíram para elevar a estimativa de crescimento no ano o aumento na safra projetada para 2023, resultados positivos observados para alguns indicadores antecedentes no terceiro trimestre e expectativas de recuperação da economia chinesa no quarto trimestre de 2023”, diz a nota da SPE.

No entanto, para 2024, a projeção de crescimento econômico foi mantida pelos técnicos da Fazenda, e deve ser de 2,3%.

As projeções de inflação foram mantidas em 4,85% para 2023. Já em 2024, a projeção do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) saltou de 3,3% para 3,4%.

De acordo com a SPE, a manutenção se deu por que o “reajuste nos preços de combustíveis na refinaria e seus impactos na inflação vem sendo compensados pela evolução benigna observada para os preços de alimentação no domicílio e serviços subjacentes”.

Já a revisão para cima em 2024 “reflete ajustes marginais decorrentes de mudanças no cenário de câmbio e de preços de commodities”.

Os economistas ouvidos pelo Banco Central (BC) para o Boletim Focus desta semana reduziram a projeção para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ao final deste ano para 4,86%. O relatório foi divulgado na manhã desta segunda-feira.

O boletim também elevou a estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) do país de 2,64% para 2,89% para este ano.

Nesta semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se reúne na terça-feira (19) e quarta-feira (20) para nova decisão sobre a Selic. A expectativa é que o Comitê decida pelo corte de 0,5 ponto percentual na taxa, hoje em 13,25% ao ano.

 

Confira outras notícias

-Agronegócio está disposto a investir em uma agenda de ganhos ambientais, diz Haddad

Em evento em Nova York, ministro da Fazenda defendeu a exploração de fontes de energia renováveis como uma forma de garantir segurança energética

Ministro disse que o país pode usar a energia eólica e solar para abastecimento e deixar a reserva das hidrelétricas para momentos mais “delicados” 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira (18) que vê uma grande disposição dos empresários do agronegócio em fazer os investimentos necessários para que a agricultura e a pecuária continuem tendo ganhos de produtividade, mas também ganhos ambientais expressivos.

“O agro é o primeiro a saber que se essa agenda não for endereçada, vai acabar perdendo mercado internacional.”

Durante evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) realizado na Bolsa de Nova York, o ministro disse que o agro vem investindo pesado em tecnologia e em novas formas de produção.

“O setor vem garantido espaço internacional com produtos cada vez de maior qualidade. E essa agenda da pecuária e da agricultura modernas, tem que estar no nosso horizonte”, disse o ministro.

Haddad defendeu a exploração de fontes de energia renováveis como uma forma de garantir segurança energética e afirmou que o Brasil possui uma grande vantagem ao contar com “bateria” de reserva de energia das hidrelétricas.

Para o ministro, o país pode usar a energia eólica e solar para abastecimento e deixar a reserva das hidrelétricas para momentos mais “delicados”. Segundo ele, o Brasil pode se tornar exportador de terras raras e energia limpa, exportar lítio, hidrogênio, ou usar uma parte dessa energia para produção de produtos verdes.

“Podemos neoindustrializar o país, mas, pensando em exportar produtos verdes e produzir produtos verdes. E nós temos todas a condição se agirmos em outras áreas que estão no nosso radar e no radar do Congresso Nacional.”

Investimento estrangeiro

O ministro destacou a busca da sustentabilidade das contas públicas e na redução da taxa de juros para atrair investimento estrangeiro.

“O investidor estrangeiro olha para o prêmio de risco que o país está pagando para saber se aquelas condições macroeconômicas são sustentáveis no longo prazo. E nós estamos endereçando essa questão com a reforma tributária, com o marco fiscal, com a perspectiva de curva de longo prazo da redução da taxa Selic no país. Temos condições regulatórios que podem alavancar muito o investimento do Brasil.”

Ainda em seu discurso, o ministro ponderou ser necessário saber que o país tem recursos, mas, por mais abundantes, eles serão limitados.

“Nós temos que centrar força naquilo que vai render as melhores taxas de retorno para os investimentos que faremos na transformação ecológica. Contamos com apoio do presidente Lula, da ministra Marina Silva, da área econômica, vice-presidente Geraldo Alckmin – que está inteiramente envolvido nessa agenda. Depende dessa compreensão de que não existe divórcio entre sustentabilidade e desenvolvimento.”

Disse também que vê uma oportunidade única de mostrar que o país é um país aberto aos negócios verdes.

Neste cenário, o ministro enfatizou que as apostas feitas no início do ano de que o Produto Interno Bruto do Brasil (PIB) cresceria menos de 1% em 2023, estavam erradas e sinalizou que o país deve crescer mais de 3% no ano.

“Temos que abrir a economia para o green business e tornar o Brasil o porto de chegada do investimento que visa sustentabilidade do planeta.”

 

- Brasil não deve exportar apenas energia verde, dizem Haddad e Marina

Com agricultura de baixo carbono, país exportará sustentabilidade

 

Os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Meio Ambiente, Marina Silva defenderam, nesta segunda-feira (18) em Nova York, que o Brasil não seja apenas exportador de energia verde, mas que a use para a agregar valor às matérias-primas do país, de forma a fabricar produtos sustentáveis.

Os dois ministros participaram do seminário Brasil em Foco: Mais Verde e Comprometido com o Desenvolvimento Sustentável, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) na Bolsa de Valores de Nova York, nos Estados Unidos.

Energia verde é aquela gerada a partir de recursos renováveis e ambientalmente adequados por serem repostos pela natureza a uma velocidade superior ao tempo de consumo. “O Brasil pode se tornar exportador de energia limpa, exportando lítio e hidrogênio, ou podemos usar uma parte dessa energia para a produção de produtos verdes”, disse Haddad ao iniciar sua participação no seminário.

Ele lembrou que o vice-presidente Geraldo Alckmin – que é também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços – está “inteiramente envolvido nessa agenda”, uma vez que a neoindustrialização é da competência de sua pasta.

Parcerias

Haddad explicou que essa agenda depende da compreensão de que não há separação entre sustentabilidade e desenvolvimento. “Isso é coisa do passado e dos equívocos do passado. O futuro é do desenvolvimento sustentável, e o Brasil pode ter um papel proeminente, sabendo lidar com as nossas parcerias”, disse o ministro ao manifestar sua torcida para que seja aprovado no segundo semestre o acordo que aproximará Mercosul e União Europeia.

“Temos uma oportunidade única de mostrar que nosso país é aberto aos negócios verdes. Temos que abrir a nossa economia para o Green Business e tornar o Brasil o porto de chegada de investimentos que visam à sustentabilidade do planeta, a sustentabilidade social e a sustentabilidade das contas públicas”, disse referindo-se também às expectativas com a reunião bilateral prevista entre os presidentes Lula e Joe Biden, dos Estados Unidos.

O ministro defendeu também parcerias entre empresas estatais e privadas, visando ampliar as oportunidades de negócios sustentáveis. Nesse sentido, elogiou a associação entre a Petrobras e a WEG para a produção de equipamentos voltados à geração de energia eólica.

“Essa parceria em torno de energia eólica é uma grande notícia. No passado, talvez fosse um tabu, mas as empresas estão com os olhos voltados para o futuro. Precisamos promover mais parcerias também entre as empresas brasileiras e estrangeiras. E temos de usar as compras governamentais para transferir tecnologia para o Brasil”, acrescentou.

Exportador de sustentabilidade

Marina Silva lembrou de algumas falas do presidente Lula, segundo as quais, o Brasil será um “grande exportador de sustentabilidade”.

“Ao produzirmos agricultura de baixo carbono, estaremos exportando sustentabilidade; ao produzirmos hidrogênio verde, estaremos exportando sustentabilidade; ao fazermos manejo florestal e vendermos nossas madeiras com valor agregado, estaremos exportando sustentabilidade. Isso tudo dentro de uma quadratura que já nos ajuda muito: o programa de transição ecológica”, disse a ministra.

 

Fonte: CNN - Agência Brasil