Apesar da perda de fôlego nas últimas horas do pregão, o Ibovespa encerrou no campo positivo e o dólar ficou estável nesta quarta-feira (20), em repercussão à decisão do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) em manter os juros no patamar de 5,25% e 5,50% e não descartar novos aumentos ainda neste ano.
No campo doméstico, as atenções estão voltadas à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que divulga os próximos passos da Selic após o fechamento do mercado. A maioria das apostas está no corte de 0,50 ponto percentual, trazendo a taxa para 12,75% ao ano.
Diante destas pressões, o Ibovespa fechou o dia com alta de 0,72%, aos 118.695 pontos.
Já o dólar, que ficou oscilando entre os campos positivo e negativo durante toda a sessão, encerrou em leve alta de 0,16% ante o real, negociado a R$ 4,880 na venda.
O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, anunciou nesta quarta que a taxa de juros de referência no país segue inalterada, na faixa dos 5,25% a 5,5% ao ano. É o maior nível em 22 anos.
A autoridade norte-americana ainda afirmou que “continuará monitorando” os dados econômicos para preparar os próximos passos da política monetária e trazer a inflação para a meta de 2% ao ano.
Em coletiva após a decisão, o presidente do Fed, Jerome Powell, não descartou novos aumentos nos juros ao longo dos próximos meses.
“O fato de termos decidido manter a taxa básica desta reunião não significa que decidimos se atingimos ou não, neste momento, a postura de política monetária que buscamos”, afirmou.
Na pauta doméstica, os olhos estão voltados à Brasília para a decisão do Copom. O mercado aposta majoritariamente em novo recuo de 0,50 p.p e uma sinalização e que este ritmo será mantido pelo colegiado nos próximos encontros.
O boletim Focus desta semana apontou que a expectativa para a Selic ao fim deste ano está em 11,75% ao fim de 2023.
- Banco Central dos EUA mantém taxa de juros na faixa de 5,25% a 5,5% ao ano
O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, anunciou nesta quarta-feira (20) que a taxa de juros de referência no país segue inalterada, na faixa dos 5,25% a 5,5% ao ano. É o maior nível em 22 anos.
Segundo comunicado, a decisão foi unânime entre todos os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês).
A autoridade norte-americana ainda afirmou que “continuará monitorando” os dados econômicos para preparar os próximos passos da política monetária e trazer a inflação para a meta de 2% ao ano.
“O Comitê estaria preparado para ajustar a orientação da política monetária conforme apropriado caso surjam riscos que possam impedir a consecução dos objetivos do Comitê”, informou.
Os membros do Fed ainda pontuaram que os indicadores recentes sugerem que as atividades econômicos estão se expandindo “a um ritmo sólido”.
“Os ganhos de emprego abrandaram nos últimos meses, mas permanecem fortes, e a taxa de desemprego permaneceu baixa. A inflação continua elevada”, informou.
“O sistema bancário dos EUA é sólido e resiliente. Condições de crédito mais restritivas para famílias e empresas poderão pesar sobre a atividade econômica, as contratações e a inflação. A extensão destes efeitos permanece incerta. O Comitê permanece muito atento aos riscos de inflação”, complementou o recado.
Em sua última reunião, em julho, o banco havia elevado a taxa em 0,25 ponto percentual.
Já era esperado pelo mercado que Fed, mantivesse a taxa nesta semana, enquanto aguarda por mais dados para compreender como os aumentos anteriores estão afetando a economia dos Estados Unidos.
O Fed quer derrotar a inflação sem infligir danos econômicos desnecessários que também aumentariam o desemprego.
Mas, embora o aumento das taxas de juro tenha começado a afetar o mercado imobiliário quase que imediatamente, as autoridades ainda estão tentando avaliar o impacto no crescimento econômico, nos gastos e no mercado de trabalho.
Pesquisas mostram que pode demorar pelo menos um ano para que esses efeitos se manifestem plenamente, e já passou cerca de um ano e meio desde que o Fed começou a aumentar as taxas.
Os pesquisadores do Fed de Chicago argumentaram num artigo recente que os aumentos das taxas já se fizeram sentir na economia e que a inflação poderia descer para o objetivo de 2% em meados de 2024 sem recessão, ao nível atual das taxas.
Uma possível paralisação do governo que impeça a divulgação dos principais dados sobre a inflação e o emprego também poderá ser um problema para o banco central.
No caso de uma paralisação, o Departamento de Estatísticas do Trabalho dos EUA (BLS) afirma que deixará de divulgar dados, incluindo números importantes sobre inflação e desemprego.
Essa falta de dados governamentais cruciais tornaria ainda mais difícil para os investidores e para a Federal Reserve interpretar a economia dos EUA.
Greg Valliere, estrategista-chefe de política dos EUA na AGF Investments, disse na terça-feira (19) que agora vê 70% de chance de uma paralisação do governo.
A potencial paralisação pode ser “longa e durar até o inverno”, escreveu Valliere em nota.
Outra incógnita econômica é a ameaça representada pelo aumento dos preços da energia, que fez subir os preços nas bombas nas últimas semanas. A média nacional da gasolina normal é atualmente de US$ 3,88 o galão, o preço mais alto desde outubro de 2022, segundo a AAA.
Em teoria, os preços elevados da energia poderiam alimentar o núcleo da inflação — na qual as autoridades do Fed estão mais focadas — se esses preços permanecerem elevados durante tempo suficiente, aumentando os preços das passagens aéreas e do frete. Mais importante ainda, poderá afetar as expectativas de inflação.
“O Fed está obviamente mais focado no núcleo, mas não vai ignorar o que está acontecendo com os preços da energia, especialmente se os preços mais elevados da gasolina começarem a afetar as expectativas de inflação e as demandas salariais, o que é uma possibilidade real”, Mark Zandi, economista-chefe da Moody’s Analytics, disse à CNN.
A greve em curso do United Auto Workers (UAW, ou Sindicato dos Trabalhadores Automotivos em tradução literal) também é algo que o Fed estará atento, principalmente por causa do que a paralisação reflete sobre o mercado de trabalho, e não pelo possível impacto econômico.
“O Fed pensa que a greve do UAW é apenas mais um sinal de que o mercado de trabalho continua relativamente apertado”, disse Andrew Patterson, economista internacional sênior da Vanguard.
“Eles acham que quando você começa a ver essas greves — como vimos nas ferrovias, por exemplo — elas são um sinal de força relativa no mercado de trabalho, para que os trabalhadores sintam que podem entrar em greve.”
O Fed deve anunciar sua decisão política de setembro às 15h (horário de Brasília), seguido por uma entrevista coletiva liderada pelo presidente do Fed.
Fonte: CNN