Economia

Ibovespa fecha em queda de 1,49% com pessimismo internacional; dólar sobe a R$ 4,98





O Ibovespa voltou a fechar no campo negativo e o dólar se aproximou de R$ 5 nesta terça-feira (26), com o mercado doméstico à reboque do pessimismo internacional.

Na cena doméstica, o dia foi de observar novos dados da inflação e a sinalização do Banco Central (BC) em manter o ciclo de queda dos juros. No fim da sessão, o humor ficou ainda mais pressionado com as dúvidas sobre a tramitação da reforma tributária no Congresso.

O principal índice do mercado financeiro encerrou o dia com perda de 1,49%, aos 114.193 pontos, na quarta sessão seguida de desvalorização.

O mercado foi dragado pela queda de 1,56% da Vale (VALE3), enquanto Petrobras (PETR4) perdeu 2,31%.

A alta dos juros ao longo da curva também pressionou as ações das varejistas. As ações da Petz (PETZ3) puxaram a queda, com perda de 5,6%. Já no setor financeiro, o pior desempenho foi do BTG Pactual (BPAC11), com recuo de 2,23%.

O clima de cautela levou investidores a se protegerem no dólar, que registrou alta ante as principais moedas globais.

Contra o real, a divisa norte-americana encerrou a sessão com valorização de 0,46%, negociada a R$ 4,989 na venda.

Segundo Elcio Cardozo, especialista em mercado de capitais e sócio da Matriz Capital, o dólar não fecha acima de R$ 5 desde maio.

“Com a valorização dos treasuries, os investidores tendem a buscar esses prêmios maiores em ativos de baixo risco, como é o caso dos títulos de dívida emitidos pelos Estados Unidos e, com isso, o dólar tende a se valorizar em todo o mundo”, explica.

EUA e China seguem no radar

Mais uma vez, o pessimismo global foi puxado por preocupações com os Estados Unidos e a China, as duas maiores potências econômicas do globo.

No primeiro caso, o temor vem da expectativa por novo aumento dos juros pelo Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) ainda neste ano, o que levou o Treasury de dez anos — o título de referência dos EUA que define o tom dos custos de empréstimos em todo o mundo — para o nível mais alto desde 2007 nesta terça.

Já o gigante asiático continua preocupando o mercado diante das dificuldades de retomar o crescimento, principalmente após a série de problemas registrados no setor imobiliário, um dos principais pilares da economia da China.

Copom e inflação no Brasil

Na pauta doméstica, os investidores analisaram dados da prévia da inflação de setembro, que subiu 0,35%, conforme dados publicados nesta manhã do Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15). No acumulado de 12 meses, a variação de preços ficou em 5%.

Já o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC publicou a ata da última reunião, finalizada na quarta-feira da semana passada com a redução de 0,50 ponto percentual (p.p.), deixando a Selic em 12,75% ao ano.

Segundo o documento, o colegiado concordou em seguir nesse ritmo de queda ao longo das próximas reuniões, sem acelerar o ciclo de queda.

 

- Vendas do Tesouro Direto aumentam 2,4% em agosto

No mês passado, foram vendidos R$ 3,659 bi em títulos

As vendas de títulos públicos a pessoas físicas pela internet somaram R$ 3,659 bilhões em agosto, divulgou nesta terça-feira (26) o Tesouro Nacional. O valor subiu 2,4% em relação a julho, mas caiu 4,6% em relação a agosto do ano passado.

O recorde mensal histórico do Tesouro Direto ocorreu em março, quando as vendas somaram R$ 6,842 bilhões.

Os títulos mais procurados pelos investidores em agosto foram os corrigidos pela Selic (juros básicos da economia), cuja participação nas vendas atingiu 66,2%. Os títulos vinculados à inflação (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA) corresponderam a 17,9% do total, enquanto os prefixados, com juros definidos no momento da emissão, foram 11,8%.

Destinados ao financiamento de aposentadorias, o Tesouro Renda+, lançado no início do ano, respondeu por 3,1% das vendas. No primeiro mês de comercialização, o novo título Tesouro Educa+, que pretende financiar uma poupança para o ensino superior, atraiu apenas 0,9% das vendas.

O interesse por papéis vinculados aos juros básicos é justificado pelo alto nível da Taxa Selic. Em agosto de 2021, o Banco Central (BC) começou a elevar a Selic. A taxa, que estava em 2% ao ano, no menor nível da história, ficou em 13,75% ao ano entre agosto de 2022 e agosto deste ano. Mesmo com as quedas recentes nos juros básicos, atualmente em 12,75% ao ano, as taxas continuam atrativas.

O estoque total do Tesouro Direto superou o nível de R$ 120 bilhões pela primeira vez. No fim de agosto, o volume de títulos associados ao programa somava R$ 121,611 bilhões, aumento de 1,35% em relação ao mês anterior (R$ 119,986 bilhões) e de 23,8% em relação a agosto do ano passado (R$ 98,23 bilhões). Essa alta ocorreu porque as vendas superaram os resgates em R$ 607,9 milhões no mês passado.

Investidores

Em relação ao número de investidores, 468,9 mil novos participantes se cadastraram no programa no mês passado. O número total de investidores atingiu 25.475.824. Nos últimos 12 meses, o número de investidores acumula alta de 23,3%. O total de investidores ativos (com operações em aberto) chegou a  2.373.706, aumento de 14,7% em 12 meses.

A utilização do Tesouro Direto por pequenos investidores pode ser observada pelo considerável número de vendas de até R$ 5 mil, que correspondeu a 85,2% do total de 687.707 operações de vendas ocorridas em agosto. Só as aplicações de até R$ 1 mil representaram 65,5%. O valor médio por operação atingiu R$ 5.320,86.

Os investidores estão preferindo papéis de médio prazo. As vendas de títulos com prazo entre 1 e 5 anos representaram 38%; e aquelas com prazo entre 5 e 10 anos, 46,7% do total. Os papéis de mais de dez anos de prazo representaram 15,3% das vendas.

O balanço completo do Tesouro Direto está disponível na página do Tesouro Transparente.

Captação de recursos

O Tesouro Direto foi criado em janeiro de 2002 para popularizar esse tipo de aplicação e permitir que pessoas físicas pudessem adquirir títulos públicos diretamente do Tesouro Nacional, via internet, sem intermediação de agentes financeiros.

O aplicador só precisa pagar uma taxa semestral para a B3, a bolsa de valores brasileira, que tem a custódia dos títulos. Mais informações podem ser obtidas no site do Tesouro Direto.

A venda de títulos é uma das formas que o governo tem de captar recursos para pagar dívidas e honrar compromissos. Em troca, o Tesouro Nacional se compromete a devolver o valor com um adicional que pode variar de acordo com a Selic, índices de inflação, câmbio ou uma taxa definida antecipadamente no caso dos papéis pré-fixados.

 

Fonte: CNN - Agência Brasil