Economia

Dólar sobe e fecha a R$ 5,04, com juros, China e governo dos EUA no radar; Ibovespa avança





A moeda norte-americana avançou 1,22%, cotada a R$ 5,0478, no maior nível desde maio. Já a Bolsa de Valores brasileira encerrou com alta de 0,12%, os 114.327 pontos. 

O dólar fechou a sessão desta quarta-feira (27) em alta, tendo ultrapassado o patamar dos R$ 5, após mais um dia de cautela nos mercados globais por conta dos juros altos nos Estados Unidos. 

A expectativa é que, com as taxas elevadas — hoje entre 5,25% e 5,50% — a maior economia do mundo passe por um período de recessão econômica muito em breve. Dados divulgados ontem reforçaram a visão de que a desaceleração da atividade ganha força. 

Já o Ibovespa, principal índice acionário da Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, conseguiu inverter o sinal negativo que registrou durante boa parte do pregão e fechou em alta. O movimento veio impulsionado pelo avanço de papéis dos setores de óleo e gás, em dia de alta nos preços do petróleo nos mercados internacionais. 

Veja abaixo como foi o dia nos mercados.

Ao final da sessão, a moeda norte-americana avançou 1,22%, cotada a R$ 5,0478, no maior patamar desde maio. Veja mais cotações.

No dia anterior, o dólar fechou com alta de 0,42%, vendido a R$ 4,9870. Com o resultado de hoje, a moeda passou a acumular: 

Já o Ibovespa conseguiu inverter o sinal negativo que registrou durante boa parte do pregão e fechou em alta de 0,12%, aos 114.327 pontos. 

O movimento veio impulsionado por papéis dos setores de óleo e gás. As ações da Petrobras, de grande participação no índice, por exemplo, subiram mais de 3% e figuraram entre as maiores altas do pregão, junto aos papéis da PetroReconcavo (+ 4,61%) e PetroRio (+2,92%). 

Na véspera, o Ibovespa fechou o dia em queda de 1,49%, aos 114.193 pontos. Com o resultado de hoje, o índice passou a acumular:

O que está mexendo com os mercados? 

A economia dos Estados Unidos continuou ganhando a atenção dos investidores neste pregão, em mais um dia de agenda esvaziada no Brasil. O foco continua nos juros norte-americanos, que estão no maior patamar em muitos anos. 

Em sua última reunião, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) optou por manter suas taxas inalteradas. Mesmo assim, a sinalização da autoridade monetária foi a que uma nova alta deve acontecer até o final do ano e que os juros tendem a seguir em patamares elevados ainda por um bom tempo. 

O problema é que, com juros altos, tanto os financiamentos como a tomada de crédito ficam mais caros, impactando no consumo da população e no rendimento das empresas. 

Indicadores econômicos recentes, inclusive, já mostram esse cenário. Em setembro, o índice de confiança do consumidor dos Estados Unidos caiu para o menor nível em quatro meses, para 103,0 — de uma leitura de 108,7 em agosto. Além disso, em agosto, as vendas de novas casas no país tiveram uma forte queda, de 8,7%. 

Mas não é só a economia norte-americana que sofre com os juros mais altos no país. Com as taxas em níveis elevados, a rentabilidade dos títulos públicos dos Estados Unidos — que são considerados os mais seguros do mundo — também fica atrativa. 

Esse cenário, portanto, acaba incentivando uma migração de capital para a maior economia do mundo, com investidores optando por alocar capital em ativos mais seguros — ainda mais em um cenário de cautela pelos riscos de recessão. 

Nesse movimento, o dólar se valoriza frente a outras moedas, principalmente as de países emergentes, como o real e os mercados de ações (que são ativos de risco) sofrem, uma vez que a busca é dos mercados acaba sendo por investimentos mais seguros e com prêmios maiores.

 

-Dívida Pública sobe 2,01% em agosto e supera R$ 6,2 tri

Baixo volume de vencimento de títulos contribuiu para alta

O baixo volume de vencimento de títulos fez a Dívida Pública Federal (DPF) subir em agosto e superar, pela primeira vez, a marca de R$ 6,2 trilhões. Segundo números divulgados nesta quarta-feira (27) pelo Tesouro Nacional, a DPF passou de R$ 6,142 trilhões em julho para R$  6,265 trilhões no mês passado, avanço de 2,01%.

Em abril, o indicador superou pela primeira vez a barreira de R$ 6 trilhões. Mesmo com a alta em agosto, a DPF está abaixo do previsto. De acordo com o Plano Anual de Financiamento (PAF), apresentado no fim de janeiro, o estoque da DPF deve encerrar 2023 entre R$ 6,4 trilhões e R$ 6,8 trilhões.

A Dívida Pública Mobiliária (em títulos) interna (DPMFi) subiu 1,94%, passando de R$ 5,913 trilhões em julho para R$ 6,028 trilhões em agosto. No mês passado, o Tesouro emitiu R$ 59,73 bilhões em títulos a mais do que resgatou, principalmente em papéis prefixados e vinculados a Taxa Selic (juros básicos da economia). A alta na DPMFi também foi reforçada porque houve a apropriação de R$ 54,98 bilhões em juros.

Por meio da apropriação de juros, o governo reconhece, mês a mês, a correção dos juros que incide sobre os títulos e incorpora o valor ao estoque da dívida pública. Com a Taxa Selic (juros básicos da economia) em 12,75% ao ano, a apropriação de juros pressiona o endividamento do governo.

No mês passado, o Tesouro emitiu R$ 93,556 bilhões em títulos da DPMFi, o volume mais baixo desde fevereiro deste ano. Com o baixo volume de vencimentos em agosto, os resgates somaram R$ 33,822 bilhões, o volume mais baixo desde julho. Apesar da queda das emissões e dos vencimentos, a diferença entre as emissões e os resgates voltou a ficar positiva, um mês após o Tesouro registrar resgate líquido.

No mercado externo, a alta do dólar em agosto aumentou o endividamento do governo. A Dívida Pública Federal externa (DPFe) subiu 3,71%, passando de R$ 237,46 bilhões em julho para R$ 228,96 bilhões em agosto. O principal fator foi o avanço de 3,8% da moeda norte-americana no mês passado.

Colchão

Após cair em julho, o colchão da dívida pública (reserva financeira usada em momentos de turbulência ou de forte concentração de vencimentos) voltou a subir em agosto. Essa reserva passou de R$ 991,85 bilhões em julho para R$ 1,025 trilhão no mês passado. O principal motivo, segundo o Tesouro Nacional, foi a emissão líquida (emissões menos resgates) no mês passado.

Atualmente, o colchão cobre 7,92 meses de vencimentos da dívida pública. Nos próximos 12 meses, está previsto o vencimento de R$ 1,349 trilhão em títulos federais.

Composição

O baixo volume de vencimentos mudou a composição da DPF. A proporção dos papéis corrigidos pelos juros básicos subiu levemente, de 41,2% em julho para 41,39% em agosto. O PAF prevê que o indicador feche 2023 entre 38% e 42%. Até recentemente, esse tipo de papel atraiu o interesse dos compradores por causa das recentes altas da Taxa Selic, mas o percentual pode cair nos próximos meses por causa do ciclo de queda nos juros básicos da economia, que começou a ser reduzida em agosto.

Por causa do baixo volume de vencimentos, a fatia de títulos prefixados (com rendimento definido no momento da emissão) subiu, passando de 24,65% para 25%. O PAF prevê que a parcela da Dívida Pública Federal corrigida por esse indicador terminará o ano entre 23% e 27%.

Nos últimos meses, o Tesouro tinha voltado a lançar mais papéis prefixados, por causa da diminuição da turbulência no mercado financeiro e da perspectiva de queda da Taxa Selic nos próximos meses. No entanto, a volta das instabilidades no mercado pode comprometer as emissões, porque esses títulos têm demanda maior em momento de estabilidade econômica.

A fatia de títulos corrigidos pela inflação na DPF caiu, passando de 30,21% para 29,61%. O PAF prevê que os títulos vinculados à inflação encerrarão o ano entre 29% e 33%.

Composto por antigos títulos da dívida interna corrigidos em dólar e pela dívida externa, o peso do câmbio na dívida pública passou de 3,93% para 4%. A dívida pública vinculada ao câmbio está dentro dos limites estabelecidos pelo PAF para o fim de 2023, entre 3% e 7%.

Detentores

As instituições financeiras seguem como principais detentoras da Dívida Pública Federal interna, com 29% de participação no estoque. Os fundos de investimento, com 24,9%, e os fundos de pensão, com 22,6%, aparecem em seguida na lista de detentores da dívida.

A participação dos não residentes (estrangeiros) subiu, passando de 9,2% em julho para 9,3% em agosto. O percentual continua menor que em fevereiro, quando a fatia dos estrangeiros na dívida pública estava em 9,8%. Os demais grupos somam 14,3% de participação.

Por meio da dívida pública, o governo pega dinheiro emprestado dos investidores para honrar compromissos financeiros. Em troca, compromete-se a devolver os recursos depois de alguns anos, com alguma correção, que pode seguir a taxa Selic (juros básicos da economia), a inflação, o dólar ou ser prefixada (definida com antecedência).

 

Fonte: g1 - Agência Brasil