Economia

Ibovespa ignora altas da Vale e Petrobras e fecha em queda de 0,54%; dólar estabiliza a R$ 5,03





Dados mais fortes do que o esperado nos EUA reforçam riscos de novo aumento de juros pelo Federal Reserve

O Ibovespa fechou em queda e o dólar ficou praticamente estável nesta terça-feira (17), com novo aumento dos títulos do Tesouro norte-americano — repercutindo dados econômicos mais altos do que o esperado —, e ignorando altas das principais companhias do mercado doméstico.

O principal índice da bolsa brasileira encerrou a sessão com perda de 0,54%, aos 115.908 pontos.

O câmbio fechou praticamente sem variações, com leve queda de 0,04%, a R$ 5,035 na venda.

Petrobras e Vale sobem, mas não seguram alta

A queda do Ibovespa ocorreu mesmo com a alta consistente dos papéis da Petrobras, após divulgar na segunda-feira (16) que produziu, como operadora, um recorde de 3,98 milhões de barris de óleo equivalente (boe) por dia no terceiro trimestre, 7,8% acima do trimestre anterior.

O otimismo fez as ações preferenciais (PETR4) subir 2,7%, enquanto as ordinárias (PETR3) ganharam 2,27%.

Os papéis da Vale (VALE3) — com maior peso no pregão — também fecharam no positivo, com alta de 0,82% na esteira da valorização do minério de ferro no mercado global.

Na ponta oposta, ações mais expostas aos juros lideraram as perdas, repercutindo a alta das taxas DIs em toda a curva.

As ações da Magazine Luiza (MGLU3) cederam 5,59%, enquanto as da Cielo (CIEL3) recuaram 4,32%.

EUA e Fed no radar

Dados divulgados mais cedo mostraram que as vendas no varejo dos Estados Unidos aumentaram mais do que o esperado em setembro, à medida que as famílias aceleraram as compras de veículos e gastaram mais em restaurantes e bares, sugerindo que a economia encerrou o terceiro trimestre com força.

O movimento deu força aos títulos do Tesouro dos EUA (Treasuries), que voltaram a subir diante do risco de o Federal Reserve (Fed, o BC norte-americano) precisar fazer novos apertos nos juros, pressionando taxas em todo o mundo.

As vendas no varejo dos Estados Unidos subiram 0,7% em setembro ante agosto, a US$ 704,9 bilhões, segundo dados com ajustes sazonais divulgados nesta terça-feira pelo Departamento do Comércio. A variação ficou bem acima da expectativa de analistas consultados pela FactSet, que previam alta de 0,3% no período.

Já a produção industrial aumentou 0,4% no mês passado, informou o Federal Reserve. Economistas consultados pela Reuters previam que a produção das fábricas aumentaria 0,1%.

Num geral, leituras que mostram resiliência da atividade costumam impulsionar apostas em juros mais altos por mais tempo, uma vez que é preciso restringir a economia para controlar a inflação. Custos de empréstimo elevados nos EUA, por sua vez, costumam redirecionar investimentos de mercados emergentes para o seguro mercado de renda fixa norte-americano.

Nesse contexto, o mercado aguarda discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, agendado para quinta-feira (19), que pode oferecer mais pistas sobre a trajetória de política monetária.

No front geopolítico, enquanto Israel planeja uma invasão terrestre de Gaza para erradicar o Hamas, os combates nas fronteiras também se intensificaram em uma segunda frente na fronteira norte de Israel com o Líbano.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fará uma visita a Israel na quarta-feira para demonstrar apoio na guerra contra o Hamas. Washington também está tentando reunir os Estados árabes para ajudar a evitar uma guerra regional mais ampla.

No Brasil, o destaque é para os dados de serviços de agosto. O volume de serviçosprestados no país registrou queda de 0,9% em agosto frente o mês anterior, após registras três meses de altas consecutivas, acumulando um ganho de 2,1% no período entre maio e julho.

O resultado veio abaixo do esperado pelo mercado, que calculava um aumento de 0,4% no mês, segundo a mediana das estimativas da Reuters.

Fonte: CNN