O Ibovespa fechou em queda nesta segunda-feira (30), em meio a preocupações com cenário fiscal brasileiro e queda das ações da Petrobras, mascarando o efeito positivo do avanço dos pregões em Wall Street, bem como a alta dos papéis da Vale.
O principal índice da bolsa brasileira caiu 0,71% hoje, a 112.531,52 pontos. Na máxima do dia, chegou a 114.204,07 pontos. Na mínima, a 112.308,5 pontos.
Investidores digerem as falas de Haddad, que anunciou novos nomes para a diretoria do Banco Central e comentou sobre a meta fiscal do governo para este ano.
O dólar se descolou do exterior e fechou em alta ante o real no Brasil, depois de o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçar as dúvidas do mercado sobre a capacidade de o governo atingir um resultado primário zero em 2024.
Este cenário já havia impulsionado a moeda norte-americana na sexta-feira (27), após declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 5,048 na venda, alta de 0,69%. Em outubro, a moeda norte-americana acumula, até agora, elevação de 0,41%.
Na sexta-feira, o dólar à vista já havia avançado 0,44% após Lula afirmar que a meta de resultado primário zero em 2024 “dificilmente” será alcançada e que o governo não quer cortar investimentos em obras.
O ministro da Fazenda afirmou em entrevista a jornalistas que “não há descompromisso” fiscal da parte do presidente Lula. Na última sexta-feira (27), o mandatário disse que o governo não deve cumprir meta de zerar déficit primário em 2024.
“A leitura do mercado é que a falta de um comprometimento maior por parte do governo com o déficit zero em 2024, via contingenciamento de gastos, pressionará ainda mais por arrecadação”, disse o sócio e gestor de ações da Ace Capital Tiago Cunha.
“A indicação de que o equilíbrio se dará através do aumento da carga tributária, pelo fim de alguns programas de incentivo fiscal, reduz a previsibilidade sobre o ‘timing’ da aprovação das medidas e o impacto direto nos setores que terão aumento na tributação”, acrescentou ele.
Haddad também anunciou a indicação de dois novos diretores para diretorias do Banco Central.
Haddad indicou Paulo Picchetti, professor da FGV, para a diretoria de Assuntos Internacionais e Rodrigo Alves Teixeira, servidor de carreira, para a diretoria de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta.
A menos de dois meses para o fim do ano, o governo corre contra o tempo para aprovar as pautas econômicas que vão viabilizar o cumprimento do novo marco fiscal, sancionado em agosto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na lista de prioridades do Palácio do Planalto estão:
Os mercados também começam a semana em clima de expectativa para as decisões de política monetária nos Estados Unidos e no Brasil, a do Federal Reserve com o pregão ainda aberto e a do Banco Central brasileiros após o fechamento dos mercados.
O Comitê de Política Monetária (Copom) vai anunciar sua próxima decisão sobre juros na quarta-feira (1). O Mercado espera que a autarquia corte a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, a 12,25%.
Os investidores globais aguardam decisões sobre juros no mundo todo, enquanto seguem acompanhando as tensões no Oriente Médio e a temporada de balanços.
Na próxima quarta-feira (1), o Comitê de Mercado Aberto (Fomc) dos EUA irá anunciar sua decisão sobre a taxa básica de juros na maior economia do mundo.
Agentes do mercado esperam que a autarquia monetária mantenha uma taxa de juros inalterada em 5,5%.
Enquanto isso, Apple, McDonald’s, Moderna, entre outras empresas americanas divulgam seus dados do terceiro trimestre.
De acordo com a equipe da Ágora Investimentos, a penúltima sessão de outubro começa com um tom mais positivo nos mercados internacionais, embora sem uma contrapartida fundamental para esse movimento.
“Pelo contrário, além da escalada do conflito no Oriente Médio, as próximas sessões reservam uma série de eventos com potencial de gerar volatilidade, como as decisões de bancos centrais nos Estados Unidos, Brasil, Japão e Reino Unido”, afirmou em nota enviada a clientes.
Também citam como um componente que pode adicionar volatilidade o anúncio previsto do Tesouro norte-americano sobre seu plano trimestral de vendas de títulos, “um dos motivos por trás da alta continua do rendimentos dos Treasuries, em nossa opinião”.
Nos EUA, o rendimento do título de 10 anos do Tesouro marcava nesta manhã 4,913%, de 4,845% na última sessão
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- De 1,6 milhão de empregos criados, só 108 mil foram para nível superior
Os empregos com carteira assinada criados de janeiro a setembro de 2023 contemplaram só 6,75% dos trabalhadores com ensino superior completo. Foram 108.025 vagas no período.
Ao todo, o saldo em 2023 é de 1.599.918 postos de trabalho. Representa queda de 26,6% na comparação com o mesmo período em 2022, quando foram criados 2.179.740 de empregos.
Os dados são do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Nesta 2ª feira (30.out.2023), o Ministério do Trabalho e Emprego divulgou novas informações.
O ranking é liderado por quem tem ensino médio completo: foram 1.196.904 vagas criadas, o que representa 74,8% do total.
De janeiro a setembro, foram 975.682 vagas abertas para quem tem de 18 a 24 anos. O número representa 61% dos postos abertos no período.
Os trabalhadores que estão na faixa acima de 65 anos foram os mais afetados, com perda de 47.283 empregos formais.
O Brasil criou 211.764 empregos com carteira assinada em setembro de 2023. O resultado representa queda de 23,8% na comparação com o mesmo mês de 2022, quando foram criados 278.023 postos. Eis a íntegra do relatório.
Em setembro, foram 155.041 postos para que tem ensino médio (73,2%). Os trabalhadores com ensino superior completo somaram 9.027 vagas (4,3% do total) no período.
O saldo de postos para quem tem de 18 a 24 anos atingiu 117.891 (55,7%). Houve perda de 5.037 empregos formais para quem tem 65 anos ou mais.