Economia

Mesmo com dificuldades, é importante insistir na meta fiscal, diz Campos Neto





Para presidente do BC, apesar do montante de receitas para zerar o déficit nas contas públicas ser “bastante grande”, o governo tem feito um bom trabalho em avançar com as propostas no Congresso 

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que é importante o governo manter a meta de zerar o déficit das contas públicas no próximo ano, mesmo que o mercado desacredite. Segundo ele, mesmo com as dificuldades, o governo tem feito “um bom trabalho”.

“A nossa posição é de que é importante manter a meta. O mercado acredita sobre a dificuldade, mas é importante insistir. É um trabalho muito grande, mas o arcabouço fiscal já tem previsão de quando não cumpre as metas. Acho que é importante seguir na meta, e mostrar que independentemente das dificuldades, de aprovações no Congresso, é importante insistir. Tenho me juntando ao coro da Fazenda”, disse nesta sexta-feira (14) no seminário E agora, Brasil?, promovido pelo Jornal Valor Econômico.

Campos Neto ainda frisou que, apesar do montante de receitas para zerar o déficit nas contas públicas ser “bastante grande”, calculado pela equipe econômica em R$ 168 bilhões, o governo tem feito um bom trabalho em avançar com as propostas no Congresso Nacional.

“O volume esperado de receitas é bastante grande. Mas o governo tem se esforçado em fazer um arcabouço fiscal em mostrar que existe uma possibilidade de obter receitas fazendo mudanças, correções e distorções na parte de receita”, disse.

O presidente do BC admitiu, no entanto, que os gastos no Brasil ainda são muito grandes. “Mesmo com o arcabouço fiscal, o Brasil tem o maior gasto da América Latina”.

A meta de zerar o déficit das contas públicas foi inserida no projeto de Orçamento enviado ao Congresso Nacional no começo do ano. A empreitada ambiciosa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi posta em cheque pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no final de outubro, quando o petista afirmou que “dificilmente” conseguiria alcançar em 2024.

Após dias de negociação, o governo decidiu manter o compromisso firmado no começo do ano.

Na tarde de quinta-feira (16), o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou que “não há qualquer iniciativa do governo de alterar a meta fiscal”.

“O primeiro objetivo é deixar claro e explícito que não tem iniciativa do governo para alterar a meta fiscal já estabelecida na LDO que o governo encaminhou para o Congresso Nacional. Deixamos isso explícito. Não existe qualquer e não vai existir qualquer iniciativa do governo de alterar essa meta fiscal. O governo acredita que nesse momento o nosso foco tem que estar concentrado nas medidas que melhoram a arrecadação do país, fazem justiça tributária no país, e o esforço em combater qualquer pauta que desorganize o orçamento público do país”, disse Padilha.

No entanto, a meta ainda pode ser mudada, porém, o governo vai esperar a análise dos temas para definir o momento de enviar a mudança na meta. A expectativa é de que a equipe econômica intensifique as negociações antes do recesso parlamentar, marcado para iniciar em 23 de dezembro.

Haddad também defendeu ser é preciso fazer um “esforço concentrado” nessa reta final do ano para que as cinco propostas mais importantes da equipe econômica no Congresso (Reforma tributária, subvenções do ICMS, fim do Juros Sobre Capital Próprio (JCP), taxação das apostas esportivas online e fundos offshores), sejam aprovadas pelos parlamentares ainda este ano.

“A gente precisa fazer um esforço aí de final de ano. Já passou, na Câmara, dois projetos importantes mais a reforma tributária que passou no Senado. Mas nós temos que fazer um esforço concentrado para a gente seguir nessa perspectiva”, afirmou na porta do Ministério da Fazenda.

 

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- BNDES tem lucro líquido de R$ 2,9 bilhões no 3º tri de 2023

Valor é 21,3% superior ao registrado no mesmo período em 2022; lucro líquido contábil ficou em R$ 4,9 bilhões

BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) registrou lucro líquido recorrente de R$ 2,9 bilhões no 3º trimestre de 2023. O valor representa uma alta de 21,3% em comparação com o mesmo período do ano passado. Os dados foram divulgados pela instituição nesta 6ª feira (17.nov.2023).

O lucro líquido contábil ficou em R$ 4,9 bilhões no período de julho a setembro. Já os desembolsos somaram R$ 34,8 bilhões no período em questão. O número é 18,4% maior que o registrado em 2022 no mesmo trimestre.

Ainda de acordo com o BNDES, a carteira de crédito teve um aumento de R$ 15,7 bilhões de janeiro a novembro de 2023. O valor total na carteira atingiu, assim, R$ 495,2 bilhões, o maior número desde o 1º trimestre de 2019. 

“É muito raro em um trimestre acontecer o que aconteceu no BNDES. Temos números combinados muito positivos: aumento no crédito, aumento no resultado recorrente e inadimplência baixa. É muito raro acontecer tudo isso junto”, afirmou Alexandre Abreu, Diretor Financeiro e de Crédito Digital para Micro e Pequenas Empresas do banco, durante a apresentação dos dados.

Ao lado de Abreu, estavam o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, e o diretor de Planejamento e Estruturação de Projetos e ex-ministro da Fazenda, Nelson Barbosa.

Durante a divulgação dos dados, Mercadante foi questionado sobre o pedido de parcelamento da dívida do BNDES com a União enviado ao TCU (Tribunal de Contas da União). O presidente do banco afirmou estar otimista com relação à aprovação da proposta, que propõe uma divisão de R$ 22,6 bilhões em 8 parcelas anuais de R$ 2,9 bilhões.

“Se tiver que fazer uma antecipação de R$ 22,6 bilhões agora, isso vai impactar a liquidez do banco. Nós teríamos que retardar aprovações e cortar desembolso”,afirmou Mercadante.

O presidente também antecipou que, caso o pedido não seja atendido, o setor agrícola será um dos principais impactados.

“Se isso for feito, nós vamos ter que suspender crédito para a agricultura. Já estou avisando antecipadamente para a bancada ruralista. Vai ter que cortar. Nós colocamos R$ 12 bilhões de recursos próprios para a agricultura”, disse.

Fonte: CNN - Poder360