O Ibovespa engatou o terceiro dia consecutivo de alta nesta sexta-feira (17). O principal índice brasileiro subiu 0,11%, aos 124.773 mil pontos, pouco distante da máxima do dia, quando alcançou os 125 mil pontos pela primeira vez desde meados de 2021.
Com o resultado, a bolsa acumula ganho de 3,50% na semana, a terceira seguida no azul, ampliando a valorização em novembro para 10,3%. Em 2023, sobe 13,7%.
O que deu fôlego ao mercado foram as ações das petroleiras, principalmente a Petrobras, que liderou as altas com um avanço de 4,22%. Em seguida, aparecem a PetroReconcavo (+3,36%) e 3R Petroleum (+2,87%).
Já o dólar também foi para o campo positivo na sessão desta sexta-feira e fechou o dia em alta de 0,72%, cotado a R$ 4,90.
Em parte, o movimento ocorre conforme importadores e outros participantes do mercado de câmbio aproveitam as cotações mais baixas, após os recuos recentes, para comprar dólares, o que valorizou a moeda.
Além disso, incertezas com relação ao cenário fiscal brasileiro continuam repercutindo entre os investidores e pressionam o dólar. Isso mesmo após o governo reforçar que a meta fiscal de déficit zero em 2024 será mantida.
No acumulado da semana, a moeda americana recuou 0,18% e, no mês de novembro, o dólar acumula queda de 2,68%.
Próximo ao fim do pregão, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, falou à imprensa sobre as contas públicas e disse que, para 2024, o contingenciamento(bloqueio de recursos orçamentários) pode chegar a R$ 23 bilhões.
O mercado também repercutiu o resultado pior que o esperado do IBC-Br em setembro ante agosto.
Visto como uma prévia do PIB, o IBC-Br caiu 0,06% em setembro ante agosto, com ajuste, e ficou abaixo da mediana das estimativas, de 0,20%. O IBC-BR subiu 2,77% no ano até setembro, sem ajuste, e avançou 2,50% em 12 meses até setembro.
Os investidores estão atentos a medidas arrecadatórias do governo no Congresso. Um dos projetos centrais para a estratégia de aumentar as receitas a partir de 2024, a regulamentação das subvenções estaduais na base de cálculo de tributos federais pode ter avanço nos próximos dias, conforme a expectativa de integrantes do Ministério da Fazenda.
Mais cedo, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que é importante o governo manter a meta de zerar o déficit das contas públicas no próximo ano, mesmo que o mercado desacredite. Segundo ele, mesmo com as dificuldades, o governo tem feito “um bom trabalho”.
Também pela manhã, o diretor de política econômica do Banco Central, Diogo Guillen, fez uma apresentação sobre os impactos dos estímulos fiscais sem precedentes da pandemia sobre a inflação e os mercados globais.
Após apontar o afrouxamento tanto monetário quanto fiscal que aconteceu simultaneamente em 77% dos países em 2020, primeiro ano da crise sanitária, Guillen observou que as economias que mantiveram gastos acima do patamar de pré-pandemia também observaram variações mais persistentes dos núcleos de inflação.
Segundo o diretor do BC, o impacto dos estímulos sobre a inflação mudou bastante e depende do espaço fiscal: quanto maior a dívida dos países, maior é o impacto sobre os preços.
Em Wall Street, o último pregão da semana foi marcado por nova queda nos rendimentos dos Treasuries.
Por lá, os principais índices encerraram o dia em alta, enquanto comentários de autoridades do Federal Reserve não mostraram sinais claros sobre quando o banco central dos Estados Unidos poderá começar a cortar a taxa de juros.
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- Haddad pode bloquear até R$ 23 bi para cumprir meta fiscal em 2024
O governo deve bloquear até R$ 23 bilhões em gastos do Orçamento de 2024 para cumprir a meta de deficit zero, segundo o ministro Fernando Haddad(Fazenda). Ele defendeu, nesta 6ª feira (17.nov), que “nada muda” em relação ao marco fiscal, que permite um eventual contingenciamento de até R$ 53 bilhões.
A estimativa do ministro, no entanto, é de que o congelamento dos gastos não passe de R$ 23 bilhões. “O contingenciamento pode chegar a R$ 22 bilhões ou R$ 23 bilhões e a expansão do gasto pode chegar a R$ 15 bilhões”, afirmou Haddad a jornalistas.
De acordo com o marco fiscal aprovado em agosto, o bloqueio dos gastos será feito caso o governo não consiga atingir a meta fiscal, que é de deficit zero para 2024, mas ainda pode ser alterada.
A estimativa de Haddad leva em conta os esforços do governo para aumentar a arrecadação em 2024, como o PL do Carf, aprovado em agosto e que pode render R$ 54 bilhões à União no próximo ano.
Dentre as alternativas da Fazenda para tentar melhorar as contas está também a MP das subvenções (1.185/2023), que enfrenta resistência de deputados na Câmara.
Em agosto, o governo calculava que, para fechar o rombo do Orçamento no próximo ano, seriam necessários R$ 168,5 bilhões em receitas extras. O valor é considerado inviável por economistas consultados pelo Poder360 e pelo mercado financeiro.
- Haddad propõe presença do meio-ambiente em nova contabilidade nacional
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu nesta sexta-feira (17) que a preservação do meio-ambiente passe a ter peso na contabilização da produção de riquezas do país. Segundo ele, atualmente, o cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) não está considerando a destruição das riquezas naturais, e nem que “estamos destruindo o que nos mantém vivos”.
“Quando alguém faz a conta do PIB, o que foi produzido, a pessoa deixa de considerar o que os economistas chamam de externalidades. E quando você põe as externalidades na planilha, quando você põe na conta o que está custando para a humanidade em termos de bem-estar futuro, não tem como deixar de considerar que nós estamos destruindo aquilo que nos mantém vivos”, disse.
As declarações de Haddad foram dadas em evento, na capital paulista, em que o ministro, a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, e entidades da sociedade civil debateram o Plano de Transição Ecológica, do governo federal.
“Estamos destruindo aquilo que nos mantém vivos. E isso não está sendo considerado nas contas nacionais. A gente precisa de uma outra contabilidade, vamos pensar diferente, nós vamos começar a verificar aquilo que está colocando em risco a nossa própria sobrevivência e a de muitas outras espécies”, acrescentou.
O Pacote de Transição Ecológica do governo deverá estabelecer diretrizes para licenciamentos ambientais com a intenção de promover o desenvolvimento sustentável e garantir a proteção do meio ambiente.
Haddad ressaltou que é um grande equívoco contrapor a economia à ecologia, e que a primeira deve se submeter a segunda. “Precisamos entender que a gente precisa subordinar o que a gente chama de economia a propósitos maiores, que é a nossa permanência aqui”, disse.
“Isso não está sendo objeto de atenção dos governos que continuam disputando espaço na economia internacional e esse afã de produzir a qualquer preço está levando o mundo a esses conflitos todos”, acrescentou.
A ministra Marina Silva defende que a política ambiental seja implementada com a participação de todos os setores do governo como forma de enfrentar o atual modelo da economia. “O atual modelo é insustentável. Insustentável do ponto de vista econômico, social, ambiental e cultural. Então é uma mudança profunda e essa mudança profunda ela não acontece como um passo de mágica, não acontece da noite para o dia e ela vai ter acertos e erros”, disse.
Marina e Haddad receberam, ao final do encontro, uma carta assinada por 61 organizações pedindo um acordo global para a eliminação dos combustíveis fósseis. Entre outras reivindicações, as entidades sugerem que sejam criados mecanismos de troca da dívida externa dos países pobres e em desenvolvimento por ações de mitigação e adaptação à crise climática. A íntegra da carta pode ser lida na internet.
Fonte: CNN - Poder360 - Agência Brasil