Influenciado pelo arrefecimento das tensões globais, o Ibovespa fechou novembro com valorização acima de dois dígitos, a mais expressiva em três anos, enquanto o dólar teve a maior desvalorização ante o real desde junho.
O principal índice do mercado doméstico fechou a sessão com alta de 0,92%, aos 127.331 pontos, o melhor patamar em mais de dois anos.
No mês, o Ibovespa somou alta de 12,5%, desempenho que não era visto desde novembro de 2020, quando valorizou quase 16%.
O distensionamento do clima internacional reflete o aumento das apostas de que o Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) já encerrou o ciclo de alta dos juros, atualmente na banda entre 5,25% e 5,50% — a maior em mais de duas décadas.
A mudança do cenário deu força para a queda do dólar ante o real, que encerrou o mês com perda de 2,48%, negociado a R$ 4,915. Essa é a maior queda desde junho, quando perdeu 5,58%.
Na sessão do dia, porém, a divisa norte-americana registrou aumento de 0,59%, em meio à disputa dos investidores para a formação da taxa Ptax no último dia de novembro e ao avanço da moeda norte-americana no exterior.
Nesta quinta-feira, o Departamento de Comércio dos EUA divulgou que o índice de preços PCE ficou estável em outubro, após alta de 0,4% no mês anterior, enquanto o núcleo do indicador registrou acréscimo de 0,2% no mês passado ante 0,3% em setembro, ambos confirmando previsões de economistas.
Em 12 meses, o índice mostrou alta de 3%, a menor alta ano a ano desde março de 2021 e após 3,4% em setembro, enquanto o núcleo ficou em 3,5% em outubro, ante 3,7% no mês anterior.
A leitura endossou expectativas de que o Federal Reserve não mais elevará os juros, ajudando as ações, embora o dólar e os rendimentos dos Treasuries subissem acentuadamente ao fim de um mês marcado pelo apetite por risco.
Investidores também acompanharam a questão fiscal doméstica, depois que, na véspera, o plenário do Senado aprovou o projeto que trata da tributação de fundos exclusivos e de offshores, enviando para sanção presidencial.
A medida é considerada essencial pelo Ministério da Fazenda para arrecadar cerca de R$ 20 bilhões em 2024 e zerar o déficit nas contas públicas.
Segundo o relator da matéria, o senador Alessandro Vieira (MDB-SE), as novas regras para taxação desses investimentos são importantes para “equiparar a legislação brasileira com a das principais economias do mundo”.
Também nesta quarta (29), senadores adiaram a análise do projeto de lei (PL) que regulamenta as apostas esportivas online, também chamadas de “bets”.
A análise do texto deve ocorrer semana que vem, quando o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), voltar ao Brasil. O senador integra a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que participará da COP28, em Dubai.
-Consumo do brasileiro cresceu 4,24% em outubro, aponta Abras
O consumo nos lares brasileiros, medido pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), registrou alta de 2,89% em outubro, na comparação com o mês anterior. Na comparação com outubro do ano passado, a alta é de 0,61%. No acumulado do ano, a alta é de 2,64%. O resultado contempla os formatos de loja atacarejo, supermercado convencional, loja de vizinhança, hipermercado, minimercado e e-commerce. Todos os indicadores são deflacionados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o vice-presidente da Abras, Marcio Milan, a alta pode ser atribuída à inauguração de novas lojas e promoções. “As atividades promocionais tradicionalmente se intensificam no segundo semestre, combinados com renda mais estável e a menor variação nos preços da cesta de abastecimento dos lares”, analisou Milan. De janeiro a novembro, entraram em operação 573 lojas, das quais 306 são novas e 267 reinauguradas. Os principais formatos de lojas são os supermercados (185) e os atacarejos (121).
Segundo a Abras, apesar da alta registrada no mês, as quedas nos preços foram expressivas de janeiro a outubro (-6,43%) e nos últimos 12 meses (-5,08%), influenciadas principalmente pelos preços do óleo de soja (-30,94%), do feijão (-23,12%), dos cortes bovinos do dianteiro (-12,61%) e do traseiro (-12,44%), do frango congelado (-9,55%), do leite longa vida (-6,10%). Os preços dessa cesta caíram de R$ 754,98 em janeiro para R$ 705,93 em outubro, variação de -6,43% equivalente a cerca de R$ 50.
De acordo com os dados da Abras, o valor da cesta de 35 produtos de largo consumo (alimentos, bebidas, carnes, produtos de limpeza, itens de higiene e beleza) teve alta de 0,10% em outubro na comparação com setembro.
Segundo o levantamento, as principais altas do mês foram batata (11,23%), cebola (8,46%), arroz (2,99%), carne bovina – corte traseiro (1,94%), açúcar refinado (1,88%), tomate (0,97%), extrato de tomate (0,83%), pernil (0,57%).
A maior retração em outubro foi registrada na cesta de lácteos com leite longa vida (-5,48%), queijos muçarela e prato (-1,14%), leite em pó (-0,87%), margarina cremosa (-0,60%).
Na cesta de produtos básicos, as principais quedas vieram do feijão (-4,67%), do óleo de soja (-1,77%), do café torrado e moído (-1,23%), da farinha de mandioca (-0,65%), da farinha de trigo (-0,56%).
Entre as proteínas que mantiveram a tendência de queda nos preços estão ovos (-2,85%), carne bovina - corte do dianteiro (-0,30%). As altas foram registradas na carne bovina - corte do traseiro (1,94%), pernil (0,57%), frango congelado (0,54%).
Na cesta de higiene e beleza, as principais quedas foram registradas no sabonete (-0,78%), xampu (-0,08%) e as altas no papel higiênico (+0,99%) e no creme dental (+0,22%). Em limpeza, houve recuo em sabão em pó (-1,03%), detergente líquido para louças (-0,42%), água sanitária (-0,04%).
Fonte: CNN - Agência Brasil