O uso excessivo de celular na sala de aula atrapalha o desempenho de alunos do Brasil e de outros países, segundo o Pisa 2022, principal avaliação mundial da educação.
Oito em cada 10 alunos brasileiros de 15 anos disseram que se distraem com o uso de celulares nas aulas de matemática. Outros países como Argentina, Canadá, Chile, Finlândia, Nova Zelândia e Uruguai registraram o mesmo indicador.
Na média dos países da OCDE, são seis estudantes a cada 10 que se distraem com os aparelhos digitais. No Japão, que lidera as primeiras posições no ranking geral, 18% dos estudantes disseram perder a concentração com celulares.
A organização afirma ainda que a proibição do celular nem sempre é eficaz. Alunos de 13 países frequentam escolas onde o uso do telefone é proibido, segundo a avaliação.
No ranking geral de matemática, 7 em cada 10 estudantes brasileiros não sabem o básico esperado. Isso significa que 73% não conseguem resolver contas simples.
O Pisa mede o desempenho dos estudantes de 15 anos em matemática, leitura e ciências. As habilidades em matemáticas receberam maior foco nessa edição.
Os alunos que disseram se distrair com celulares tiveram 15 pontos a menos que os estudantes mais concentrados. "O desafio é promover a integração da tecnologia digital em ambientes de aprendizagem, minimizando ao mesmo tempo o seu potencial de distração", afirma o relatório da OCDE.
Estudantes que passaram até uma hora por dia no celular tiveram 49 pontos a mais em matemática do que os alunos que ficaram entre cinco e sete horas no aparelho. Cerca de 40% dos alunos brasileiros disseram que perderam a concentração por colegas usarem o celular.
Relatório divulgado pela Unesco em julho deste ano alertou sobre os impactos negativos do uso de celulares na escola. O documento apontou que a tecnologia pode ser uma "distração, prejudicando a aprendizagem" dos estudantes.
50% dos estudantes não conseguem encontrar a ideia principal em um texto — a média dos outros países é de 26%. Em leitura, a nota do Brasil caiu de 413 pontos para 410 (de 2018 para esta última edição).
Em ciências, 55% dos alunos no Brasil não sabem o mínimo esperado sobre a disciplina. Esses estudantes não conseguem reconhecer a explicação correta para fenômenos científicos, por exemplo.