Após recordes em 2023, o Ibovespa fechou a primeira semana do ano em queda, enquanto o dólar subiu ante o real, com investidores analisando dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos e as perspectivas para a queda dos juros pelo Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA).
O principal índice do mercado brasileiro encerrou a sessão com alta de 0,61%, aos 132.002 pontos. Apesar da alta, na semana o pregão registrou perda de 1,62%.
Já o dólar encerrou a primeira sexta do ano com perda de 0,72%, negociado a R$ 4,872, enquanto o balanço semanal fechou com valorização de 0,42% ante o par brasileiro.
Pela manhã, o Departamento do Trabalho norte-americano divulgou os números do relatório payroll, bastante aguardados pelos investidores. Eles revelaram a criação de 216.000 vagas de emprego em dezembro nos EUA, bem acima das 170.000 vagas projetadas por economistas consultados pela Reuters.
Já os dados de novembro foram revisados para baixo, mostrando a criação de 173.000 postos de trabalho, em vez dos 199.000 informados anteriormente.
Apesar do movimento surpreendente, Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, afirma que o histórico veio positivo com queda progressiva nos últimos meses.
“Isso reforçou, na mesma hora, as apostas da Bolsa de Chicago, a Bolsa de Aposta CME, em que 65% acreditam que a queda dos juros permanece para iniciar em março de 2024 desse ano, mesmo com esses dados vindo acima do esperado, mas por causa da queda progressiva”, destaca.
Os números do payroll impulsionaram os rendimentos dos títulos norte-americana e, em paralelo, o dólar ante as demais divisas, em meio à percepção de o mercado de trabalho aquecido ainda é uma preocupação para o controle inflacionário, o que pode levar o Federal Reserve a não iniciar o ciclo de corte de juros já em março, como vem sendo majoritariamente precificado.
“Então, agora o mercado vai ficar atento em relação as próximas divulgações de dados para vermos se de fato teremos os juros caindo em março, como o esperado”, diz Cohen.
- Balança comercial tem superávit recorde de US$ 98,838 bi em 2023
Impulsionada pela safra recorde de soja e pela queda das importações, a balança comercial encerrou 2023 com superávit recorde de US$ 98,839 bilhões, divulgou nesta sexta-feira (5), em Brasília, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O resultado representa alta de 60,6% sobre 2022, pelo critério da média diária, e é o maior desde o início da série histórica em 1989.
No ano passado, as exportações bateram recorde, enquanto as importações recuaram. Em 2023, o Brasil vendeu US$ 339,673 bilhões para o exterior, alta de 1,7% em relação a 2022. As compras do exterior somaram US$ 240,835 bilhões, recuo de 11,7% na mesma comparação.
Apenas em dezembro, a balança comercial registrou superávit de US$ 9,36 bilhões. O valor também é recorde para o mês, com alta de 127,1% sobre o mesmo mês de 2022 pelo critério da média diária, que minimiza a diferença de dias úteis entre meses iguais de um ano e outro.
As exportações totalizaram US$ 28,839 bilhões no mês passado, com aumento de 2,1% em relação a dezembro de 2022 pela média diária. As importações somaram US$ 19,479 bilhões, com queda de 11,3%, também pela média diária.
O resultado superou as previsões do mercado. Segundo o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo Banco Central (BC), as instituições financeiras estimavam superávit comercial de US$ 81,3 bilhões para o ano passado.
O superávit também superou a estimativa de US$ 93 bilhões divulgada pelo MDIC em outubro.
Em relação às exportações, o recorde decorreu principalmente do aumento da quantidade exportada, que subiu 8,7% no ano passado, impulsionado principalmente pela safra recorde de grãos. Os preços médios recuaram 6,3%, puxados principalmente pela desaceleração na cotação das commodities (bens primários com cotação internacional).
Nas importações, a quantidade comprada caiu 2,6%, mas o preço médio recuou 8,8%. A queda nos preços decorreu principalmente da redução no preço internacional do petróleo e de derivados, como fertilizantes, em 2023. Em 2022, as cotações dispararam por causa do início da guerra entre Rússia e Ucrânia.
“Mesmo com queda do preço de commodities e menor crescimento na economia mundial, o Brasil avançou 8,7% no volume das exportações e 1,7% do valor das exportações. Nossas exportações cresceram dez vezes mais que a média mundial. Em todo o planeta, as exportações cresceram 0,8% no ano passado”, declarou, por meio de videoconferência, o ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e Vice-Presidente da República, Geraldo Alckmin.
Ele anunciou uma meta de US$ 348 bilhões em exportações para este ano. “Vamos trabalhar para isso”, disse. Alckmin também divulgou o recorde de 28,5 mil empresas exportadoras no ano passado e recorde de vendas para o exterior dos seguintes produtos em 2023: soja, açúcar, milho, carnes e máquinas de mineração.
Em relação aos principais mercados, Alckmin ressaltou que as maiores expansões foram registradas nas exportações para China, Indonésia, México, Vietnã, Argentina, Uruguai e Paraguai.
Quanto ao saldo da balança comercial, o MDIC projeta superávit de US$ 94,4 bilhões em 2024, com queda de 4,5% em relação a 2023. Isso decorre porque a pasta prevê alta de 2,5% das exportações e aumento de 5,4% das importações neste ano. As compras do exterior deverão subir por causa da recuperação da economia, que aumenta o consumo, num cenário de preços internacionais menos voláteis do que no início do conflito entre Rússia e Ucrânia.
Fonte: CNN - Agência Brasil