O Ibovespa recuava nos primeiros negócios desta terça-feira (16), endossado pelo viés negativo dos futuros acionários em Wall Street, com investidores aguardando falas do diretor do Federal Reserve (Fed) Christopher Waller ao longo do dia.
Por volta das 14h45, a bolsa paulista caía 1,67%, a 129.329,77 pontos.
O mercado retomou “a postura cautelosa das últimas semanas” dada a falta de catalisadores para os ativos de risco, afirmou o analista da Terra Investimentos, Luís Novaes.
Segundo Novaes, os investidores norte-americanos estão confiantes de que o primeiro corte de juros nos Estados Unidos acontecerá em março, mas dirigentes do Fed e diversos economistas não demonstram a mesma confiança, em meio aos riscos para a inflação, como a tensão no Oriente Médio.
“Aqui no Brasil não está diferente do que está acontecendo nas bolsas mundo a fora”, afirmou o analista da Toro Investimentos, Helder Wakabayashi, com o cenário sugerindo uma abordagem “risk off”.
“A volta do feriado nos EUA realmente tem mostrado esse teor contra risco. Vamos ver o que o Waller vai falar, isso pode, dependendo de como for, trazer um pouco mais de calma para o mercado”, acrescentou Wakabayashi.
Os índices de Wall Street abriram os negócios de hoje em queda, pressionados pelas ações da Apple e Tesla e com balanços financeiros de bancos no radar.
Já a moeda norte-americana subia 1,26%, cotado a R$ 4,9241.
A alta vem em linha com os ganhos da divisa no exterior conforme investidores moderavam suas expectativas de um corte de juros em março pelo Fed, buscando ainda proteção contra uma escalada nas tensões geopolíticas.
“O dólar alcançou seu valor mais alto em um mês [contra uma cesta de pares fortes], à medida que autoridades dos bancos centrais resistiram às expectativas de cortes substanciais nas taxas de juros”, disse a Guide Investimentos em nota.
Autoridades de política monetária mantiveram nesta terça-feira uma nuvem de incerteza sobre o momento das mudanças nos juros, mesmo com os investidores apostando em uma reversão precoce e agressiva da política monetária, o que desanimava os mercados globalmente.
A manutenção de juros altos por mais tempo nas economias avançadas tende a prejudicar a atratividade de divisas emergentes, como o real, uma vez que deixa moedas como o dólar e o euro – já preferidas por serem extremamente seguras – mais rentáveis para investidores estrangeiros.
“A gente vê um estresse na curva de juros americana, indicando que isso, de alguma forma, é também uma espécie de fuga para o seguro; o mercado, não só aqui no Brasil, mas no mundo inteiro, está comprando dólar para se proteger, eventualmente, de um aumento nas tensões no Oriente Médio“, disse Thiago Lourenço, operador da Manchester Investimentos.
Nos últimos dias, o conflito no Mar Vermelho tem se acirrado, com o grupo rebelde Houthi seguindo com seus ataques a navios cargueiros que passam pela rota; enquanto do outro lado os Estados Unidos lidera esforços militares para conter o grupo iemenita financiado pelo Irã.
Na véspera, o dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 4,8667 na venda, em alta de 0,21%.
Fonte: CNN