Economia

Ibovespa cai 2,5% na semana, pior desempenho desde março; dólar sobe 1,45%, a R$ 4,92





Realocação de expectativas dos investidores por queda dos juros nos EUA cria cenário de fuga do risco

Em uma semana marcada pela realocação das expectativas dos investidores com os juros nos Estados Unidos, o Ibovespa registrou perda de 2,54%, a pior queda no período desde março de 2023. Foi a terceira semana seguida no vermelho, maior sequência desde julho e agosto do ano passado.

A fuga do risco também deu força ao dólar, que teve alta de 1,45% no período encerrado nesta sexta-feira (19), negociado a R$ 4,927.

Na cena doméstica, as atenções do mercado se voltaram ao embate entre o governo federal, Congresso e empresários sobre a desoneração da folha de pagamento dos 17 setores que mais empregam na economia.

Após ficar a maior parte da tarde no zero a zero, o principal índice do mercado financeiro encerrou a sessão de hoje com alta de 0,25%, aos 127.653 pontos, em linha com a alta em Wall Street.

Já o dólar fechou o dia com leve perda ante o real, desvalorizando 0,10%, a R$ 4,927 na venda.

Realocação de expectativas por juros nos EUA

A semana foi marcada pela revisão de expectativas do mercado para o início da queda dos juros nos Estados Unidos pelo Federal Reserve (Fed) após uma série de dados e falas de autoridades indicarem que a autoridade monetária ainda luta para conter a inflação.

Depois de toda a euforia de adiantamento dos cortes para o primeiro trimestre deste ano, alguns investidores já avaliam que uma redução em março pode ser uma aposta muito otimista.

Na véspera, o governo dos EUA informou que o número de pessoas que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego caiu na semana passada para o nível mais baixo desde o final de 2022, sugerindo que o crescimento do emprego provavelmente permaneceu sólido em janeiro.

O movimento reforçou o pessimismo dos investidores com a queda dos juros já em março, cenário que já estava abalado devido a falas mais duras de autoridades do Federal Reserve e do Banco Central Europeu (BCE) no início da semana.

O clima tem afetado particularmente mercados emergentes, como o Brasil, que tendem a se beneficiar de perspectivas de juros mais baixos em economias como os Estados Unidos.

Desoneração no radar

No cenário doméstico, o IBC-Br, considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB) registrou variação positiva de 0,01% em novembro, na comparação com o mês anterior. O dado, divulgado hoje pelo Banco Central, veio abaixo das expectativas da Reuters, de 0,10% no mês.

Investidores também acompanham os desdobramentos da medida provisória (MP) para a desoneração da folha de pagamento.

O presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou hoje que o governo federal vai revogar a medida. Dessa maneira, a desoneração, conforme decidido pelo Congresso, continuará valendo.

Também nesta sexta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu para marcar uma reunião com Pacheco para debater o tema.

Fonte: CNN