O Ibovespa se firmou no campo positivo e o dólar recua ante o real nesta terça-feira (23), apoiado pelas ações da Vale (VALE3) e em linha com a alta do minério de ferro no mercado global.
Ainda na cena internacional, investidores seguem monitorando as expectativas para corte dos juros nos Estados Unidos ainda no primeiro trimestre enquanto aguardam por dados da inflação que serão publicados na sexta-feira (26).
Na agenda doméstica, dados mostraram que a arrecadação do governo federal fechou 2023 com uma queda real de 0,12% na comparação com 2022, totalizando R$ 2,318 trilhões, mas, apesar do recuo, o dado do ano é o segundo melhor da série histórica iniciada em 1995, informou a Receita Federal.
Por volta das 15h30, o principal índice do mercado brasileiro subia próximo de 1,3%, na faixa de 128 mil ponto, após atingir na véspera o patamar mais baixo desde meados de dezembro.
Na mesma hora, o dólar recuava cerca de 0,6%, negociado a R$ 4,960 na venda. A divisa norte-americana chegou a superar a marca psicológica de R$ 5 nas primeiras negociações da manhã, a primeira vez desde 1° de novembro.
O movimento refletiu temores despertados na segunda-feira (22) com o anúncio de um novo plano de desenvolvimento do governo para a indústria brasileira, que levantou temores sobre mais despesas.
O Ibovespa é suportado pelas principais empresas do mercado. A Vale subia 2,6%, apoiada na alta dos futuros do minério de ferro na Ásia, onde o contrato mais negociado na Dalian Commodity Exchange encerrou as negociações do dia com elevação de 1,42%, após a China prometer medidas mais enérgicas e eficazes para apoiar a confiança do mercado.
Ao mesmo tempo, Petrobras (PETR4) ganhava 1,64%, ignorando a queda do petróleo nos mercados globais.
As ações do IRB(Re) também chamavam a atenção, disparando cerca de 10%, após a resseguradora ter lucro em novembro.
Também no radar estava a entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao programa Roda Viva, na qual ele afirmou que persegue o objetivo do déficit zero com convicção e que espera uma decisão final sobre o tema da desoneração da folha salarial até a próxima semana, defendendo o fim gradual do benefício.
Ainda na agenda doméstica, dados mostraram que a arrecadação do governo federal fechou 2023 com uma queda real de 0,12% na comparação com 2022.
O número de dezembro ajudou a fortalecer o resultado anual ao apresentar uma alta de 5,15% sobre o mesmo mês do ano anterior, a R$ 231,2 bilhões. O dado do último mês do ano veio acima da expectativa indicada em pesquisa da Reuters, que apontava para arrecadação de R$ 227,3 bilhões.
As realocações de expectativas pelos próximos passos do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), seguem mexendo com o humor dos investidores.
Nesta sexta serão publicados dados dos preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), o indicador de inflação favorito do Fed.
Depois de um 2023 amplamente positivo para o real, com queda de mais de 8% do dólar no período, o início do novo ano tem se mostrado difícil para o mercado de câmbio doméstico, em grande parte devido ao surgimento de dúvidas no mercado sobre quando o Fed poderá começar a cortar os juros.
As expectativas dos operadores de um corte pelo Fed agora estão concentradas em maio, com uma probabilidade de 84% de redução de pelo menos 0,25 ponto percentual, de acordo com a ferramenta FedWatch do CME Group.
Quanto mais baixos os juros nos EUA, menos atraente fica o dólar em comparação com pares emergentes, que apesar de mais arriscados, oferecem rendimentos mais altos.
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- Confiança do empresário do comércio sobe 0,8% em janeiro, diz CNC
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) alcançou 109,1 pontos em janeiro. O patamar representa uma elevação de 0,8%, se comparado ao mês anterior. De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que apura o indicador mensalmente, o resultado interrompe uma sequência de quatro quedas consecutivas, o que para os pesquisadores indica uma virada positiva nas perspectivas do varejo.
“A melhor percepção sobre o consumo atual no mês de janeiro contribui para o aumento do otimismo, indicando que as condições de mercado estão em sintonia com as expectativas dos comerciantes”, apontou a nota da CNC.
O presidente da CNC, José Roberto Tadros, também considera a recuperação do Icec em janeiro como um sinal positivo para o começo de 2024. “Aponta um otimismo moderado, aliado à melhora das condições atuais do setor, mas com a prudência necessária diante do atual cenário”, comentou na nota.
Tadros acrescentou que a combinação da confiança dos varejistas com os dados da pesquisa Intenção de Consumo das Famílias (ICF), revela mais disposição das famílias brasileiras ao consumo e refletem um equilíbrio entre otimismo e cautela.
O crescimento de 4,5% na confiança dos empresários para as condições atuais do setor, em relação a dezembro do ano passado, foi o destaque do período. O economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, observou que a taxa “representa a primeira leitura positiva após quatro meses consecutivos” e que o indicador aponta para uma melhora da saúde financeira das empresas do comércio.
O indicador que retrata as expectativas dos empresários foi outro que teve bom desempenho, mostrando alta de 0,3%. “Esse resultado significou a saída das taxas anuais negativas, indicando um retorno à estabilidade entre janeiro de 2024 e 2023”, explica Felipe Tavares.
A maior variação mensal desse grupo de indicadores (0,6%) está relacionada à expectativa dos varejistas para suas empresas. Na variação anual, a expectativa para a economia teve destaque com avanço de 1,1%.
“O conjunto desses dados mostra maior otimismo entre os empresários no presente, contrastando com perspectivas mais cautelosas para o futuro”, disse o economista-chefe da CNC.
Em movimento contrário, as intenções de investimento registraram pequeno recuo de 0,1%. O resultado, segundo a CNC, reflete a cautela dos consumidores para os próximos meses. “A queda mensal das intenções de investimento revela o cuidado dos empresários em alocar mais capital na empresa antes de terem sua confiança confirmada, apontando um ambiente de incerteza econômica”, apontou a CNC.
A proporção de comerciantes que planejam reduzir suas contratações chegou a 37% em janeiro de 2024. É o maior nível desde junho do ano passado. O nível de inadimplência das empresas atingiu 3,6% e mesmo com as taxas de juros mais acessíveis do que no ano passado, significa a maior dificuldade dos estabelecimentos em manter seus fluxos de capital.
Também em janeiro, todos os segmentos do varejo pesquisados mostraram crescimento na confiança do empresário do comércio. O maior avanço mensal foi no comércio de produtos de bens essenciais, anotando um aumento de 3,8% nas séries com ajuste sazonal. Beneficiado pelo acesso facilitado por causa dos juros mais baixos, o grupo de produtos duráveis subiu 1,6%.
Na percepção atual do comércio,a atividade de bens semiduráveis foi a única em queda no mês. A retração ficou em 1,2%. O recuo, conforme o indicador, pode ser atribuído ao foco das famílias em bens essenciais, refletindo uma queda de 0,5% na ICF de janeiro. “Apesar de os duráveis não estarem nessa categoria, foram auxiliados pela melhora do mercado de crédito”, concluiu.
Apesar do corte de juros favorecer o segmento de bens duráveis, os empresários do setor ainda enfrentam desafios. Felipe Tavares informou que diante das dívidas, as famílias controlam seu orçamento para evitar a inadimplência e isso impacta as intenções de investimento. “Assim, esses comerciantes não experimentam totalmente os efeitos positivos dos cortes na Selic, uma vez que a demanda está desaquecida”, analisou o economista-chefe.
Fonte: CNN - Agência Brasil