O Ibovespa fechou em alta e o dólar recuou ante o real nesta quarta-feira (31), com investidores analisando as novas expectativas para a queda dos juros nos Estados Unidos após o Federal Reserve (Fed) manter as taxas inalteradas entre 5,25% e 5,50% ao ano.
Mais do que o número, o mercado prestou atenção nas indicações de que o corte dos juros não começará em março.
Na cena doméstica, o mercado aguarda também pela decisão dos juros no Brasil, com expectativa de novo corte de 0,50 ponto percentual (p.p.), trazendo a Selic para 11,25% ao ano. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) divulga os números após o fechamento do Ibovespa.
A medida tirou parte do fôlego do Ibovespa, que encerrou a sessão com alta de 0,28%, aos 127.752 pontos.
O desempenho faz o principal índice do mercado fechar janeiro com queda de 4,79%, o pior desempenho mensal desde agosto do ano passado, quando perdeu 5,09%.
A expectativa com os juros nos EUA fez o dólar encerrar com queda de 0,16%, negociado a R$ 4,954. Em janeiro, no entanto, a moeda norte-americana acumulou elevação de 1,79%.
Além da questão global, a divisa foi impactada pela pela formação da Ptax de fim de mês, trazendo mais volatilidade ao câmbio.
Às 16h, o Fed anunciou a manutenção de sua taxa de juros de referência na faixa de 5,25% a 5,50% ao ano — como era largamente esperado. Em sua comunicação, descartou a possibilidade de novos aumentos de juros e, ao mesmo tempo, adotou uma postura cautelosa em relação ao início do ciclo de cortes.
Em entrevista após o anúncio, Powell afirmou que o Fed ainda não está “declarando vitória” e que um corte de juros em março não é o cenário-base da instituição.
“Embora reconheçamos os argumentos que sustentam as apostas de que a primeira redução nos juros aconteça na próxima reunião, em março, entendemos que o ciclo de cortes de juros deve se dar na reunião do dia 1º de maio”, avaliou o consultor econômico da Remessa Online, André Galhardo.
Em meio à forte volatilidade pós-Fed, o dólar à vista ainda marcou a mínima de R$ 4,925 (-0,41%) às 16h42, com Powell falando, mas depois se acomodou em patamar mais elevado no fechamento, na esteira do ganho de força da divisa também no exterior.
No Brasil, o Copom também encerra seu encontro de dois dias nesta quarta-feira, e provavelmente cortará a Selic em 0,50 ponto percentual pela quinta vez, a 11,25%.
Segundo participantes do mercado, como não há expectativa de surpresas na decisão do BC, os negócios devem ser mais influenciados pela decisão e pelas indicações de política monetária do Fed.
Ainda no cenário externo, agentes financeiros também analisavam dados sobre a economia chinesa, mostrando que a atividade industrial continuou encolhendo em janeiro, enquanto o setor de serviços voltou a crescer.
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. Fed mantém juros dos EUA na faixa de 5,25% a 5,50% e diz esperar maior 'confiança' para iniciar cortes
O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) manteve os juros do país inalterados nesta quarta-feira (31), em uma faixa de 5,25% a 5,50% ao ano. A decisão foi unânime. Esse continua sendo o maior nível das taxas desde 2001.
A medida já era esperada pelo mercado e veio após o comitê ter mantido o mesmo referencial na última reunião, em dezembro.
Ao publicar a decisão, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) afirmou que não considera apropriado reduzir o intervalo de juros até que tenha "maior confiança de que a inflação está evoluindo de forma sustentável para 2%", a meta do Fed.
Atualmente, a inflação oficial dos Estados Unidos está em 3,4% no acumulado de 12 meses — dados fechados de 2023. A afirmação do comunicado sobre a inflação foi reforçada pelo presidente do Fed, Jerome Powell, em entrevista a jornalistas após o anúncio.
"Temos confiança, mas queremos ter mais confiança de que o arrefecimento dos dados de inflação está enviando um sinal verdadeiro", disse Powell.
Por outro lado, o Fed sinalizou uma possível redução da taxa básica caso a inflação continue caindo nos próximos meses. Nesse sentido, o Fomc citou que os riscos de emprego e inflação estão "evoluindo para um melhor equilíbrio". (leia mais abaixo)
O colegiado também informou que indicadores recentes sugerem que a atividade econômica do país "tem se expandido em um ritmo sólido".
A afirmação representa uma atualização frente ao último comunicado, em dezembro. Na ocasião, o colegiado havia destacado a desaceleração da atividade "em relação ao ritmo forte registrado no terceiro trimestre" de 2023.
Outra mudança está na citação sobre o sistema bancário dos Estados Unidos. Desde a quebra dos bancos médios Silicon Valley Bank e Signature Bank e da crise enfrentada pelo First Republic Bank, em meados de março do ano passado, o Fomc vinha reforçando em suas decisões que o sistema bancário dos EUA é "sólido e resiliente". Nesta quarta, o trecho foi excluído do comunicado.
O colegiado também reafirmou que a inflação segue elevada nos Estados Unidos, mas reconheceu que a taxa "diminuiu no último ano".
Nesta quarta-feira, o Fomc voltou a mencionar que os ganhos no emprego foram moderados desde o início do ano, mas continuam fortes, e que a taxa de desemprego permaneceu baixa.
O Fed tem monitorado de perto o mercado de trabalho e seus reflexos na inflação. Na prática, um mercado aquecido gera mais vagas de emprego, mais contratações e aumentos salariais — o que tende a injetar mais dinheiro na economia e, assim, aumentar a inflação.
"O comitê procura atingir o nível máximo de emprego e levar a inflação à taxa de 2% a longo prazo", continuou o Fomc no comunicado, destacando que considera que "os riscos para a conquista dos seus objetivos de emprego e inflação estão evoluindo para um melhor equilíbrio".
"As perspectivas econômicas são incertas e o Comitê permanece muito atento aos riscos de inflação", afirmou.
"Além disso, o Comitê continuará a reduzir as suas participações em títulos do Tesouro e dívida de agências e títulos garantidos por hipotecas de agências, conforme descrito nos seus planos anunciados anteriormente", concluiu.
Os juros em níveis elevados nos Estados Unidos aumentam a rentabilidade dos Treasuries (títulos públicos norte-americanos) e devem continuar a refletir nos mercados de ações e no dólar, com a migração cada vez maior de investidores para o país, em busca de uma melhor remuneração.
No cenário macroeconômico, os efeitos dos juros altos nos Estados Unidos também se refletem no longo prazo, indicando uma tendência de desaceleração econômica global, já que empréstimos e investimentos também ficam mais caros.
No Brasil, investidores seguem na expectativa pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC), que será divulgada ainda nesta quarta.
A maior parte do mercado aposta em uma nova redução da taxa básica de juros (Selic), em 0,50 ponto percentual, para 11,25% ao ano.
- Setor de máquinas fecha 2023 com queda de 11%, diz Abimaq
O setor de máquinas e equipamentos encerrou o ano de 2023 com queda de 11% em sua receita líquida total, totalizando R$ 285,9 bilhões.
Segundo dados divulgados nesta quarta-feira (31) pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o desempenho foi pior do que o esperado, pois o setor tinha a expectativa que a queda ficasse abaixo de 10%.
A queda na receita total foi puxada pelo encolhimento nas receitas de vendas no mercado doméstico, que caiu 15,4% em 2023, somando R$ 215,3 bilhões. Esse encolhimento do mercado doméstico vem sendo observado desde 2022, quando houve queda de 6,9%.
De acordo com a associação, a queda só não foi maior por causa do desempenho recorde das exportações, que cresceram 14,6% em 2023 na comparação com o ano anterior, atingindo quase US$ 14 bilhões. Foi o melhor desempenho da série histórica, superando o resultado que foi registrado em 2012, quando exportou US$ 12,35 bilhões. Nesse mesmo período, as importações cresceram 7,2%, atingindo US$ 26,8 bilhões em 2023.
Já o consumo aparente de máquinas e equipamentos, que é o resultado da soma da aquisição de bens produzidos localmente com os importados, passou de R$ 403,4 bilhões em 2022 para R$ 356,9 bilhões no ano passado. Para a Abimaq, a queda reforçou a preocupação do setor com o crescimento econômico sustentado para os próximos anos.
O desempenho negativo em 2023 acabou se refletindo também sobre o quadro de pessoal ocupado. Segundo a Abimaq, 5 mil postos de trabalho deixaram de existir no ano passado. Com isso, o setor fechou o ano com 385 mil trabalhadores.
Considerando apenas os dados do mês de dezembro, o setor somou R$ 18,8 bilhões em sua receita líquida total, o que significou redução de 13,2% em comparação com o mês anterior. Já em relação a dezembro de 2022, a queda foi 22,4%.
Em dezembro, o setor registrou crescimento de 14,5% em relação a novembro, somando mais de US$ 1,1 bilhão. No entanto, em relação a dezembro de 2022 houve redução de 5%. As importações, por sua vez, caíram 0,8% em relação ao mês anterior e 1,5% em relação a dezembro de 2022.
No mês, foram importados US$ 2,2 bilhões em máquinas e equipamentos.
A Abimaq informou ainda que, para 2024, está previsto crescimento de 5,5% na receita interna e de 3,5% na receita total, com as exportações crescendo cerca de 0,6%.
-Justiça suspende recuperação judicial da 123milhas
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais determinou, na semana passada, a suspensão da recuperação judicial da empresa 123milhas. A decisão é da juíza Claudia Helena Batista, da 1ª Vara Empresarial de Belo Horizonte.
A recuperação judicial da empresa fica suspensa até que se decida quem serão os novos administradores judiciais do caso e que sejam constatadas as reais condições das empresas LH – Lance Hotéis e MaxMilhas, que foram incluídas na recuperação apenas no início de outubro de 2023.
Esta é a segunda vez que a recuperação judicial da empresa é suspensa. Em setembro do ano passado, a Justiça de Minas Gerais já havia determinado a suspensão do processo.
Em agosto, a 123milhas decidiu suspender as emissões de passagens e pacotes da linha Promo (com datas flexíveis), que tinham previsão de embarque entre setembro e dezembro do ano passado.
A medida fez a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) questionar a agência de viagens online sobre os motivos que a levaram a cancelar pacotes e a emissão de passagens. O Ministério Público de São Paulo também decidiu, na época, abrir um inquérito para investigar a empresa.
Também em agosto a Justiça deferiu o pedido de recuperação judicial da empresa.
Fonte: CNN - g1