Economia

Ibovespa fecha em queda de 0,36% com recuo de bancos; dólar tem leve alta, a R$ 4,96





Investidores também estão de olho em falas de autoridades de BCs para avaliar rumo dos juros

O Ibovespa fechou em queda e o dólar teve leve alta ante o real nesta quarta-feira (7), com os mercados acompanhando as falas de autoridades monetárias no Brasil e nos Estados Unidos.

No cenário corporativo doméstico, o destaque ficou com a queda em bloco de bancos após dados do Bradesco (BBDC4) do quarto trimestre frustrarem analistas.

O principal índice do mercado brasileiro encerrou a sessão com queda de 0,36%, aos 129.949 pontos. Na véspera, o principal índice do mercado brasileiro encerrou acima dos 130 mil pontos pela primeira vez desde meados de janeiro.

O dólar tinha teve pouca alteração nesta quarta-feira, em linha com a perda de fôlego da moeda no exterior nas últimas sessões, depois de um recente salto provocado pela redução do otimismo sobre cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA).

A divisa norte-americana subiu cerca de 0,10%, negociada a R$ 4,968 na venda.

As atenções no mercado doméstico ficaram com o Bradesco, que teve lucro de R$ 2,88 bilhões no último trimestre de 2023, alta de 80,4% em relação ao mesmo período de 2022, frustrando a expectativa dos analistas. No acumulado do ano, porém, o Bradesco teve lucro líquido recorrente de R$ 16,3 bilhões, queda de 21,2% ante 2022.

Os dados não repercutiram bem entre os investidores, que também reagiram negativamente com os planos apresentados para os próximos anos, explica Dierson Richetti, especialista em investimentos e sócio da GT Capital.

“Os resultados vieram abaixo do esperado, as projeções também para 2024 não agradaram os analistas assim como o plano estratégico para os próximos 5 anos, que também deixou a desejar e são inferiores ao guidance. Os números ficaram abaixo de projeções do mercado e isso causou uma queda vertiginosa do Bradesco”, disse.

As ações do Bradesco lideraram as quedas do dia, com perda de 15,9%.

Outros grandes bancos da bolsa brasileira também fecharam em queda. O Santander (SANB11) caiu 2,35%, enquanto Itaú (ITUB4) perdeu 0,72% e o Banco do Brasil (BBAS3) encerrou o pregão com recuo de  0,27%.

A queda do setor superou a alta das principais empresas do mercado.

As ações da Vale (VALE3) encerraram com alta de 0,19%, enquanto Petrobras (PETR4) subiu 1,47% com bom clima para commodities.

Atenção com juros

Investidores acompanham falas de dirigentes dos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos após decisões monetárias na semana passada.

presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, disse nesta quarta-feira que o Federal Reserve deve reduzir sua taxa de juros duas ou três vezes este ano com base nas informações sobre a economia atualmente disponíveis.

Depois , a diretora do Federal Reserve, Adriana Kugler, disse que está “otimista” quanto à continuidade da queda da inflação, mas acrescentou que os formuladores de política monetária precisam ter mais certeza de que esse é o caso antes de reduzir a taxa básica de juros.

A presidente do Fed de Boston, Susan Collins, defendeu que “no momento a política monetária permanece bem posicionada”, enquanto a diretora do Fed Adriana Kugler disse é preciso ter mais certeza sobre a inflação antes de reduzir a taxa básica de juros.

Os comentários vêm depois que o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell disse no domingo (4) que o banco central dos EUA deve ser “prudente” ao decidir quando reduzir sua taxa básica de juros.

Os comentários de Powell, somados a um relatório de empregos surpreendentemente forte da semana passada, reduziram as probabilidades implícitas em contratos de juros futuros dos EUA de um corte de taxa pelo Fed em março para apenas 20%. Esse cenário era visto como praticamente garantido no final do ano passado. 

A reversão do otimismo, por sua vez, impulsionou o dólar globalmente no início desta semana, e, no Brasil, a moeda chegou a operar confortavelmente acima R$ 5 nos picos intradiários antes de sofrer ajuste para baixo nas sessões seguintes.

No Brasil, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta quarta-feira que o crescimento do Brasil este ano pode surpreender e ficar um pouco acima de 2%, desde que uma série de fatores macroeconômicos globais atenda às expectativas.

Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC cortou a taxa Selic em 0,50 ponto percentual pela quinta vez seguida, e afirmou na ata dessa reunião que a incerteza internacional prescreve cautela à política monetária. 

Atualmente em 11,25%, a Selic segue em patamar bem restritivo que mantém o real atraente para uso em estratégias de “carry trade”, que consistem na tomada de empréstimos em país de juros baixos e investimento desse dinheiro em mercados de rendimentos mais altos, lucrando com o diferencial de taxas.

 

Confira outras notícias

- Setor público teve déficit de R$ 249 bilhões no ano passado 

O déficit primário consolidado do setor público em 2023 ficou em R$ 249,1 bilhões, o que corresponde a 2,29% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país). O resultado foi diretamente influenciado pela antecipação do pagamento de R$ 92,4 bilhões em precatórios no mês de dezembro. Só no último mês do ano, o déficit ficou em R$ 129,6 bilhões.

No mês, o Governo Central (Tesouro, Banco Central e Previdência Social) e os governos regionais foram deficitários em R$ 127,6 bilhões e R$ 2,9 bilhões, respectivamente. Já as empresas estatais tiveram superávit de R$ 942 milhões. Os números constam das estatísticas fiscais de dezembro de 2023, divulgadas nesta quarta-feira (7) pelo Banco Central. 

Em 2022, o resultado final do ano foi um superávit de R$ 126,0 bilhões (1,25% do PIB), enquanto o mês de setembro fechou com déficit de R$ 11,8 bilhões.

O peso dos precatórios para o resultado consolidado do setor público em 2023 decorre da decisão do governo federal em pagar os atrasados deixados pelo governo anterior.

“Esse resultado é expressão de uma decisão que o governo tomou de pagar o calote que foi dado, tanto em precatórios quanto nos governadores em relação ao ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços] sobre combustíveis. Desses R$ 230 bilhões, praticamente metade é pagamento de dívida do governo anterior, que poderia ser prorrogada para 2027 e que nós achamos que não era justo com quem quer que fosse o presidente na ocasião”, disse recentemente o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Juros nominais

De acordo com o relatório, os juros nominais do setor público (apropriados pelo critério de competência) ficaram em R$ 718,3 bilhões em 2023, o que corresponde a 6,61% do PIB. Em 2022, foram R$ 586,4 bilhões (5,82% do PIB).

No mês de dezembro, os juros nominais ficaram em R$ 63,9 bilhões, ante os R$ 59,0 bilhões observados em dezembro de 2022.

O resultado nominal do setor público consolidado – que inclui o resultado primário e os juros nominais apropriados – foi deficitário em R$ 967,4 bilhões (8,90% do PIB) em 2023. No ano anterior, o déficit estava em R$ 460,4 bilhões (4,57% do PIB) .

Em dezembro de 2023, o déficit nominal chegou a R$ 193,4 bilhões. No mesmo mês de 2022, ficou em R$ 70,8 bilhões.

Dívida

A Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) chegou a R$ 6,6 trilhões, o que corresponde a 60,8% do PIB. A elevação anual observada, em relação ao PIB, ficou em 4,7 pontos percentuais (p.p.).

De acordo com a autoridade monetária, o aumento decorreu, sobretudo, dos juros nominais apropriados (+6,6 p.p.), do déficit primário (+2,3 p.p.), do efeito da valorização cambial de 7,2% no ano (+0,8 p.p.), da variação da paridade da cesta de moedas que integram a dívida externa líquida (-0,6 p.p.), e do crescimento do PIB nominal (-4,1 p.p.)”.

Segundo o relatório, em dezembro, a relação entre a DLSP e o PIB aumentou 1,4 p.p., em função dos impactos do déficit primário (+1,2 p.p.), dos juros nominais apropriados (+0,6 p.p.), da valorização cambial de 1,9% no mês (+0,2 p.p.), do ajuste da cesta de moedas que integram a dívida externa líquida (-0,3 p.p.), e do crescimento do PIB nominal (-0,4 p.p.).

Já a Dívida Bruta do Governo Geral – compreendida por governo federal, Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e governos estaduais e municipais – atingiu R$ 8,1 trilhões (74,3% do PIB) em 2023. A relação entre DBGG e PIB foi elevada em 2,7 p.p. Segundo o BC, o resultado decorre, sobretudo, da incorporação de juros nominais (+ 7,5 p.p.), das emissões líquidas (+0,6 p.p.), do efeito da valorização cambial acumulada no ano (-0,3 p.p.) e do crescimento do PIB nominal (-5,2 p.p.).

Em dezembro, a relação DBGG - PIB aumentou em 0,5 p.p., em função basicamente dos juros nominais incorporados (+0,7 p.p.), das emissões líquidas de dívida (+0,4 p.p.), e do crescimento do PIB nominal (-0,4 p.p.).

 

- Brasileiros ainda não sacaram R$ 7,59 bilhões de valores a receber

 

Os brasileiros ainda não sacaram, até o fim de dezembro, R$ 7,59 bilhões em recursos esquecidos no sistema financeiro, divulgou nesta quarta-feira (7) o Banco Central (BC). Até agora, o Sistema de Valores a Receber (SVR) devolveu R$ 5,74 bilhões, de um total de R$ 13,33 bilhões postos à disposição pelas instituições financeiras. As estatísticas do SVR são divulgadas com 2 meses de defasagem. 

Em relação ao número de beneficiários, até o fim de dezembro, 17.928.779 correntistas haviam resgatado valores, o que representa apenas 29,4% do total de 60.984.441 correntistas incluídos na lista desde o início do programa, em fevereiro de 2022.

Entre os que já retiraram valores, 17.016.755 são pessoas físicas e 912.024 são pessoas jurídicas. Entre os que ainda não fizeram o resgate, 39.952.928 são pessoas físicas e 3.102.734 são pessoas jurídicas.

A maior parte das pessoas e empresas que ainda não fizeram o saque têm direito a pequenas quantias. Os valores a receber de até R$ 10 concentram 63,49% dos beneficiários. Os valores entre R$ 10,01 e R$ 100 correspondem a 25,11% dos correntistas. As quantias entre R$ 100,01 e R$ 1 mil representam 9,68% dos clientes. Só 1,73% tem direito a receber acima de R$ 1 mil.

Depois de ficar fora do ar por quase 1 ano, o SVR foi reaberto em março de 2023, com novas fontes de recursos, um novo sistema de agendamento e a possibilidade de resgate de valores de pessoas falecidas. Em dezembro, foram retirados R$ 191 milhões, queda em relação ao mês anterior, quando tinham sido resgatados R$ 211 milhões.

Melhorias

A atual fase do SVR tem novidades importantes, como impressão de telas e de protocolos de solicitação para compartilhamento no WhatsApp e inclusão de todos os tipos de valores previstos na norma do SVR. Também há uma sala de espera virtual, que permite que todos os usuários façam a consulta no mesmo dia, sem a necessidade de um cronograma por ano de nascimento ou de fundação da empresa.

Além dessas melhorias, há a possibilidade de consulta a valores de pessoa falecida, com acesso para herdeiro, testamentário, inventariante ou representante legal. Assim como nas consultas a pessoas vidas, o sistema informa a instituição responsável pelo valor e a faixa de valor. Também há mais transparência para quem tem conta conjunta. Se um dos titulares pedir o resgate de um valor esquecido, o outro, ao entrar no sistema, conseguirá ver as informações como valor, data e CPF de quem fez o pedido.

Fontes de recursos

Também foram incluídas fontes de recursos esquecidos que não estavam nos lotes do ano passado. Foram acrescentadas contas de pagamento pré ou pós-paga encerradas, contas de registro mantidas por corretoras e distribuidoras encerradas e outros recursos disponíveis nas instituições para devolução.

Além dessas fontes, o SVR engloba os valores, já disponíveis para saques no ano passado, em contas corrente ou poupança encerradas; cotas de capital e rateio de sobras líquidas de ex-participantes de cooperativas de crédito; recursos não procurados de grupos de consórcio encerrados; tarifas cobradas indevidamente; e parcelas ou despesas de operações de crédito cobradas indevidamente.

Golpes

O Banco Central aconselha o correntista a ter cuidado com golpes de estelionatários que alegam fazer a intermediação para supostos resgates de valores esquecidos. O órgão ressalta que todos os serviços do Valores a Receber são totalmente gratuitos, que não envia links nem entra em contato para tratar sobre valores a receber ou para confirmar dados pessoais.

O BC também esclarece que apenas a instituição financeira que aparece na consulta do Sistema de Valores a Receber pode contatar o cidadão. O órgão também pede que nenhum cidadão forneça senhas e esclarece que ninguém está autorizado a fazer tal tipo de pedido.

 

Fonte: CNN - Agência Brasil