O Ibovespa fechou em queda e o dólar ficou praticamente estável ante o real nesta quinta-feira (29), com investidores digerindo dados do PCE, o índice de inflação favorito do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), que deve balizar as expectativas pelo início da queda dos juros.
O indicador subiu 0,3% em janeiro, em linha com o esperado pelos analistas. Os dados indicam que a inflação segue em trajetória descendente – embora acidentada – em direção à meta de 2% do Fed.
Com isso, os investidores agora veem cerca de 65% de chance de um corte de juros pelo Fed em junho, contra cerca de 60% antes dos dados.
O principal índice do mercado doméstico fechou a sessão com perda de 0,87%, aos 129.020 pontos. Apesar do desempenho negativo, o Ibovespa valorizou 0,99% em fevereiro, enquanto na parcial de 2024 tem queda de 3,84%.
O debate sobre os juros nos EUA tirou parte da força do dólar, que encerrou a sessão “de lado”, com alta de 0,01%, negociado a R$ 4,971. Em fevereiro, a moeda norte-americana acumulou elevação de 0,67%. No ano, a alta é de aproximadamente 0,4%.
O dólar apresentou maior volatilidade na primeira metade da sessão, com a disputa pela Ptax – uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista e que serve de referência para a liquidação de contratos futuros.
O índice PCE, a medida de inflação norte-americana preferida do Fed, veio em linha com o esperado pelo mercado, mostrando alta de 0,3% no mês passado, informou o Departamento de Comércio norte-americano nesta quinta-feira.
Os dados de dezembro foram revisados para baixo, mostrando um aumento de 0,1% no índice de preços PCE, em vez de 0,2%, conforme informado anteriormente.
Na cena corporativa local, o destaque ficava para a Ambev (ABEV3), que desabou após divulgar queda de 6,47% no lucro líquido do quarto trimestre sobre o mesmo período de 2022, com a empresa prevendo para o ano queda no custo por hectolitro de cerveja diante do que chamou de menores pressões de preços de commodities.
Também na ponta negativa, Petrobras (PETR4) perdeu 0,72% após recuo de mais de 5% na quarta-feira, quando investidores reagiram a declarações do presidente-executivo da petrolífera que sinalizaram uma postura mais conservadora quando à remuneração aos acionistas.
- Transações via DOC e TEC deixam de existir nesta quinta-feira
Após quatro décadas de existência, o modelo de transferência via Documento de Ordem de Crédito (DOC) acaba nesta quinta-feira (29). A partir de hoje, as ordens deixam de ser processadas, tanto para pessoas físicas como jurídicas, para transferência entre instituições financeiras distintas.
Em 15 de janeiro, as instituições financeiras haviam encerrado as emissões e os agendamentos, mas as transferências agendadas até 29 de fevereiro ainda estavam sendo executadas.
Além do DOC, está sendo encerrada nesta quinta-feira a Transferência Especial de Crédito (TEC), modalidade por meio da qual empresas podem pagar benefícios a funcionários e que também está em desuso.
Nos últimos anos, o DOC e a TEC perderam espaço para o Pix, sistema de transferência instantânea do Banco Central sem custo para pessoas físicas. Criado em 1985, o DOC permite o repasse de recursos até as 22h, com a transação sendo quitada no dia útil seguinte à ordem. Caso seja feito após esse horário, a transferência só é concluída dois dias úteis depois.
Segundo levantamento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), com base em dados do Banco Central, as transações via DOC somaram 18,3 milhões de operações no primeiro semestre de 2023, apenas 0,05% do total de 37 bilhões de operações feitas no período.
Em número de transações, o DOC ficou bem atrás dos cheques (125 milhões), da TED (448 milhões), dos boletos (2,09 bilhões), do cartão de débito (8,4 bilhões), do cartão de crédito (8,4 bilhões) e do Pix, a modalidade preferida dos brasileiros, com 17,6 bilhões de operações.
Utilizada principalmente para transferência de grandes valores, a Transferência Eletrônica Disponível (TED) continuará em vigor. Criada em 2002, a TED permite o envio dos recursos entre instituições diferentes até as 17h dos dias úteis, com a transação levando até meia-hora para ser quitada.
- Consumo nos lares sobe 1,2% em janeiro
O consumo nos lares brasileiros registrou alta de 1,2% em janeiro em comparação com o mesmo mês de 2023. Em relação a dezembro, houve queda de 22%. Os dados, divulgados nesta quinta-feira (29), são da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
“O consumo recua tradicionalmente no início do ano devido ao pagamento de impostos e despesas com educação. A exemplo dos anos anteriores, ele tende a ser maior no final do trimestre, com o menor comprometimento da renda e a chegada da Páscoa”, disse o vice-presidente da Abras, Marcio Milan.
A estimativa da associação é de aumento no consumo doméstico em 2024. Segundo a Abras, o ano deverá fechar com alta de 2,5%.
A cesta de produtos da Abras, com 35 itens de largo consumo, estava custando R$ 732,69 em janeiro, 2,9% a menos do que a de janeiro de 2023. Em comparação ao último mês de 2023, a cesta de janeiro de 2024 teve variação positiva de 1,4%.