Atualmente, muitos millennials estão se agarrando com frustração a sonhos americanos de longa data, como a casa própria, um emprego estável e um custo de vida acessível. No entanto, nos próximos vinte anos, essa geração está pronta para herdar cerca de US$ 90 trilhões em ativos e se tornar a mais rica da história.
Porém, isso ocorre somente àqueles que já vêm de famílias ricas, o que pode aprofundar ainda mais a desigualdade de riqueza.
Entre hoje e 2044, nos EUA, a geração silenciosa (nascidos no período entreguerras) e os baby boomers (nascidos após a Segunda Guerra Mundial) deverão passar as rédeas de sua significativa riqueza para a geração do milênio (nascidos após 1980), de acordo com o The Wealth Report, um relatório periódico da consultoria imobiliária global Knight Frank.
Mas o fato de ser um millennial na ponta receptora dessa transferência de riqueza é, em grande parte, uma loteria de nascimento.
Em última análise, essa mudança na riqueza é resultado da herança de gerações anteriores, envolvendo principalmente propriedades, mas também outros ativos. Isso trará mudanças “sísmicas” na forma como a riqueza é utilizada, disse Liam Bailey, chefe global de pesquisa da Knight Frank, em um comunicado.
A pesquisa também mostrou que os jovens afluentes têm menos probabilidade de ver a propriedade ou os imóveis como uma forma de construir riqueza no futuro.
“É improvável que o ambiente de baixas taxas de juros e o impressionante crescimento dos preços dos imóveis nos últimos 15 anos se repitam nos próximos 15 anos”, disse Mike Pickett, diretor da Cazenove Capital, no relatório.
Há evidências, disse ele, de que a geração seguinte — a Geração Z, pode se sentir mais confortável alugando uma casa, fazendo locação de um veículo e levando um estilo de vida por assinatura do que as gerações anteriores.
Ele acrescentou que não apenas a riqueza será transferida para essas pessoas mais jovens, mas também há uma variedade de novas maneiras de construir riqueza.
“Isso vai além de uma simples transferência do patrimônio existente. Acho que a diversidade de oportunidades para criar riqueza também cresceu — por exemplo, há YouTubers que valem dezenas de milhões. A criação de riqueza de primeira geração está aumentando, assim como a variedade de rotas empresariais para criá-la”, disse Pickett.
O relatório também revelou que mais pessoas se tornaram mais ricas no ano passado, com um crescimento de indivíduos super-ricos que mais do que reverteu uma queda no ano anterior.
O número de indivíduos com patrimônio líquido ultra-alto — definidos como aqueles com US$ 30 milhões (R$ 148,5 milhões) ou mais — aumentou 4,3% em 2023 em relação ao ano anterior, chegando a 626.619 pessoas em todo o mundo, segundo o relatório.
A América do Norte viu sua parcela de ultra-ricos crescer mais do que qualquer outra região, aumentando 7,2% em relação ao ano passado. Em seguida, veio o Oriente Médio, com um aumento de 6,2% no número de super-ricos; e a África, com um aumento de 3,8%.
A América Latina é a única região que viu sua população de indivíduos ultra-ricos diminuir, caindo 3,6% em relação ao ano anterior.
“A perspectiva de melhora nas taxas de juros, o desempenho robusto da economia dos EUA e um aumento acentuado nos mercados de ações auxiliaram na criação de riqueza em todo o mundo”, disse Bailey.
Esse grupo de indivíduos super-ricos considera a propriedade um investimento atraente, segundo o relatório. Cerca de 19% desse grupo planeja investir em imóveis comerciais este ano, enquanto 22% planeja comprar imóveis residenciais.
Olhando para o futuro, espera-se que o número de pessoas extremamente ricas aumente em 28% nos próximos cinco anos, conforme o relatório. Embora se espere que o número de super-ricos cresça, esse é um ritmo muito mais lento do que o aumento de 44% no período de cinco anos que termina em 2023.
Espera-se um crescimento maior de indivíduos com patrimônio líquido ultra-alto na Ásia, incluindo Índia, China, Malásia e Indonésia, segundo o relatório.
Fonte: CNN