O Ibovespa fechou em alta e o dólar recuou ante o real nesta quarta-feira (6), com mercados repercutindo falas do presidente do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), indicando que os juros devem cair neste ano, apesar da cautela com a inflação.
Ao mesmo tempo, o Relatório Nacional de emprego da ADP mostrou que foram abertos 140 mil postos de trabalho no setor privado dos EUA no mês passado, abaixo da previsão de economistas consultados pela Reuters, de abertura de 150 mil em fevereiro.
O principal índice do mercado doméstico fechou com alta de 0,62%, aos 128.890 pontos, em linha com o bom humor em Wall Street.
O bom desempenho é reforçado pela alta das maiores companhias do mercado. Vale (VALE3) registrou valorização próxima de 1,37%, buscando apoio no viés mais positivo na sessão para alguma recuperação em meio a um começo de ano difícil, com as ações acumulando até a véspera queda de quase 15% em 2024.
Já a Petrobras (PETR4) ganhou 2,2%, apoiada pela alta dos preços do petróleo no exterior e com expectativa do balanço trimestral da companhia, que será publicado nesta quinta (7).
Seguindo a queda ante as moedas mais fortes do globo, o dólar recuou 0,19% contra o real, negociado a R$ 4,946 na venda.
Em comentários para o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados dos EUA, Jerome Powell disse que o progresso contínuo da inflação “não está garantido”, embora o Fed ainda espera reduzir sua taxa de juros neste ano.
“Se a economia evoluir conforme o esperado, provavelmente será apropriado começar a reduzir a restrição da política monetária em algum momento deste ano”, afirmou.
“Mas as perspectivas econômicas são incertas, e o progresso contínuo em direção à nossa meta de inflação de 2% não está garantido.”
O presidente deve falar novamente ao Congresso nesta quinta-feira. Já na sexta (8) sai o relatório de empregos do governo dos EUA, com a previsão que os dados mostrem abertura ainda sólida de 200 mil vagas de trabalho, contra 353 mil em janeiro.
Na cena local, a balança comercial brasileira encerrou fevereiro com superávit de US$ 5,4 bilhões em fevereiro, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) divulgados nesta quarta-feira.
Este foi o maior saldo comercial para meses de fevereiro da série histórica da secretaria, iniciada em 1989.
O desempenho foi resultado de exportações de US$ 23,5 bilhões, contra importações de US$ 18,1 bilhões.
Mais cedo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a produção industrial brasileira registrou queda de 1,6% em janeiro na comparação com o mês anterior.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a produção subiu 3,6%.
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- Balança comercial tem superávit recorde de US$ 5,447 bi em fevereiro
Beneficiada pelas exportações de petróleo e pela safra de algodão, soja e café, a balança comercial – diferença entre exportações e importações – fechou fevereiro com superávit de US$ 5,447 bilhões, divulgou nesta quarta-feira (6) o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O resultado é o melhor para meses de fevereiro, e representa alta de 111,8% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Com o resultado de fevereiro, a balança comercial acumula superávit de US$ 11,942 bilhões nos dois primeiros meses deste ano, o maior resultado para o período desde o início da série histórica, em 1989. O valor representa alta de 145,9% em relação aos mesmos meses do ano passado.
Em relação ao resultado mensal, as exportações subiram, enquanto as importações ficaram relativamente estáveis. No mês passado, o Brasil vendeu US$ 23,538 bilhões para o exterior, alta de 16,3% em relação ao mesmo mês de 2023. Esse é o maior valor exportado para meses de fevereiro desde o início da série histórica. As compras do exterior somaram US$ 17,67 bilhões, avanço de 2,4%.
Do lado das exportações, a safra recorde de café e soja e a recuperação do preço do açúcar e do minério de ferro compensaram a queda internacional no preço de algumas commodities (bens primários com cotação internacional). Além disso, as exportações de petróleo bruto subiram 119,7%, beneficiadas pelo atraso na contabilização de algumas exportações.
Do lado das importações, o recuo nas compras de petróleo, de derivados e de compostos químicos foi o principal responsável pelo elevado saldo na balança comercial.
Após baterem recorde em 2022, depois do início da guerra entre Rússia e Ucrânia, as commodities recuam desde a metade de 2023. A principal exceção é o minério de ferro, cuja cotação vem reagindo por causa dos estímulos econômicos da China, a principal compradora do produto.
No mês passado, o volume de mercadorias exportadas subiu 20,9%, enquanto os preços caíram 3,8% em média na comparação com o mesmo mês do ano passado. Nas importações, a quantidade comprada subiu 13,3%, mas os preços médios recuaram 10,4%.
No setor agropecuário, a safra de grãos e de algodão pesou mais nas exportações. O volume de mercadorias embarcadas subiu 34,5% em fevereiro na comparação com o mesmo mês de 2023, enquanto o preço médio caiu 17,1%. Na indústria de transformação, a quantidade subiu 6%, com o preço médio recuando 0,6%. Na indústria extrativa, que engloba a exportação de minérios e de petróleo, a quantidade exportada subiu 61%, enquanto os preços médios aumentaram apenas 1,9%.
Os produtos com maior destaque nas exportações agropecuárias foram algodão bruto (498,1%), café não torrado (71,5%) e soja (4,5%). Em valores absolutos, o destaque positivo é o algodão, cujas exportações subiram US$ 406,5 milhões em relação a fevereiro do ano passado. A safra recorde fez o volume de embarques de algodão aumentar 497,8%, mesmo com o preço médio subindo apenas 0,04%.
Na indústria extrativa, as principais altas foram registradas em óleos brutos de petróleo (119,7%) e minério de ferro (41,4%) minérios preciosos (que saltou de zero para US$ 39 milhões). No caso do ferro, a quantidade exportada aumentou 21,4%, e o preço médio subiu 16,5%.
Em relação aos óleos brutos de petróleo, também classificados dentro da indústria extrativa, os preços médios recuaram 6,1% em relação a fevereiro do ano passado, enquanto a quantidade embarcada aumentou 134%.
Na indústria de transformação, as maiores altas ocorreram em açúcares e melaços (201,2%), carne bovina (32,2%) e farelos de soja e outros alimentos para animais (9,8%). A crise econômica na Argentina, principal destino das manufaturas brasileiras, também influenciou no crescimento das exportações dessa categoria. As vendas para o país vizinho caíram 30% em fevereiro em relação ao mesmo mês do ano passado.
Em relação às importações, os principais recuos foram registrados nos seguintes produtos: cevada não moída (50,8%), soja (44%) e látex e borracha natural (38,8%), na agropecuária; minérios de cobre (100%) e óleos brutos de petróleo (16,8%), na indústria extrativa; compostos organo-inorgânicos (21,8%) e adubos ou fertilizantes químicos (32%), na indústria de transformação.
Em relação aos fertilizantes, cujas compras do exterior ainda são impactadas pela guerra entre Rússia e Ucrânia, os preços médios caíram 25,5%, e a quantidade importada recuou 8,8%.
Apesar da desvalorização das commodities, o governo projeta superávit de US$ 94,4 bilhões este ano, com queda de 4,5% em relação a 2023. A próxima projeção será divulgada em abril.
Segundo o MDIC, as exportações subirão 2,5% este ano, encerrando o ano em US$ 348,2 bilhões. As importações avançarão 5,4% e fecharão o ano em US$ 253,8 bilhões. As compras do exterior deverão subir por causa da recuperação da economia, que aumenta o consumo, em um cenário de preços internacionais menos voláteis do que no início do conflito entre Rússia e Ucrânia.
As previsões estão um pouco mais otimistas que as do mercado financeiro. O boletim Focus, pesquisa com analistas de mercado divulgada toda semana pelo Banco Central, projeta superávit de US$ 80,98 bilhões neste ano.
Fonte: CNN - Agência Brasil