Apesar de se afastar das mínimas, o Ibovespa fechou em queda nesta quarta-feira (3), mesma direção do dólar, com recuo dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos e investidores analisando dados da economia norte-americana e declarações do chair do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell.
O principal índice do mercado doméstico encerrou a sessão com perda de 0,18%, na faixa dos 127.318 pontos, pressionado pelas perdas das principais companhias do Ibovespa.
O dólar inverteu após falas de Powell sinalizarem queda dos juros neste ano fechou com desvalorização de 0,34%, negociado a R$ 5,041 na venda, em linha com o movimento de baixa da divisa norte-americana ante a cesta de moedas fortes.
Na véspera, o dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 5,058 na venda, estável, mas ainda no maior valor de fechamento desde 13 de outubro do ano passado, depois de ter acumulado alta de 1,57% nos dois dias anteriores.
O chair do Federal Reserve, Jerome Powell, reiterou nesta quarta-feira que o banco central da maior economia do mundo tem tempo para deliberar sobre seu primeiro corte na taxa de juros dada a força da economia e as recentes leituras de inflação elevada.
Ele repetiu que se a economia evoluir de forma geral como os integrantes do Fed esperam, eles concordam que uma taxa mais baixa será apropriada “em algum momento deste ano”. Mas reforçou que isso só acontecerá quando “tiverem mais confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável” para os 2%.
Em paralelo, dados mostraram que o setor de serviços dos EUA desacelerou em março, e uma medida dos preços pagos pelas empresas por insumos caiu a uma mínima em quatro anos. A abertura de vagas no setor privado vista pela ADP, por sua vez, mostrou um mercado de trabalho ainda forte no mês passado.
A agenda norte-americana ainda reserva na semana o relatório do governo sobre o mercado de trabalho dos EUA em março.
O movimento de queda do Ibovespa é reforçado pelo recuo das principais companhias do mercado. Vale (VALE3) perdeu 1,44%, em linha com a desvalorização do minério de ferro.
Já as ações preferenciais da Petrobras (PETR4) cederam 0,52% com a pressão vendedora atenuada pela alta dos preços do petróleo no exterior.
Os preços do petróleo ampliavam seus ganhos nesta quarta-feira, com o Brent se aproximando dos US$ 90 por barril, em meio a riscos de oferta decorrentes de ataques ucranianos a refinarias russas e potencial de escalada do conflito no Oriente Médio.
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- Movimento do câmbio é flutuante e não tem relação com intervenção do BC, diz Campos Neto
A intervenção no câmbio feita pelo Banco Central nesta semana, em “nada tem a ver” com o patamar do câmbio, assegurou o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, nesta quarta-feira (3).
Na terça-feira (2), o BC realizou um leilão adicional de swap cambial pela primeira vez desde o início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A ação ocorreu após o dólar fechar em R$ 5,05 na sessão de segunda-feira (1º), o maior patamar desde outubro, com novo temor de adiamento do corte dos juros nos Estados Unidos após dados indicarem resiliência da maior economia do mundo.
Segundo Campos Neto, havia um título NTN-A — atrelado à variação do câmbio — com prazo de vencimento próximo e o BC identificou uma possível “disfunção” no mercado cambial. Por isso a intervenção.
“A gente inclusive colocou isso no texto da intervenção. A gente entende que o câmbio é flutuante e o BC tem que fazer intervenções quando há disfuncionalidade na moeda. Se algum momento tiver, a gente vai fazer”, disse Campos Neto durante a participação no evento Bradesco BBI Brazil Investment Forum, promovido pelo Bradesco BBI, em São Paulo.
- Norte e Centro-Oeste lideram crescimento de empresas exportadoras
As regiões Norte e Centro Oeste lideraram o crescimento de empresas brasileiras exportadoras em 2023, divulgou nesta quarta-feira (3) a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O órgão elaborou um estudo com base no porte fiscal das empresas e o cruzamento de dados com origem (regiões e estados), produtos vendidos e destino das mercadorias.
No ano passado, o Brasil alcançou o recorde de 28.524 firmas vendendo para o exterior, alta de 2% em relação a 2022. No recorte regional, o Norte teve o maior crescimento percentual: 8,8%. Na sequência, aparecem Centro-Oeste (+8%), Sul (+2,6%) e Sudeste (+1,4%).
O Nordeste registrou queda de 1,6% no total de companhias que vendem para o exterior. O resultado foi puxado pelo número de micro e grandes empresas exportadoras: -3,9% e -2,4%, respectivamente. Em compensação, a região registrou o maior crescimento percentual em relação às empresas exportadoras de pequeno porte: 7,5%.
Entre as empresas de grande porte, a maior alta percentual ocorreu no Centro-Oeste (+11%). Em relação às microempresas que vendem para o mercado exterior, a maior alta foi registrada no Norte (+10%).
Apesar do crescimento no Norte e no Centro-Oeste, os números absolutos mostram que ainda é muito grande a concentração de firmas exportadoras no Sudeste e no Sul. As duas regiões respondem por 83,6% das microempresas, 88,3% das pequenas e 87,7% das médias e grandes exportadoras.
Das 28.524 firmas exportadoras registradas em 2023, segundo o estudo da Secretaria de Comércio Exterior, 59% são médias e grandes, 21,2% são microempresas e 18,9% são de pequeno porte. Há ainda 0,8% de empresas classificadas como não mercantis, categoria que abrange fundações sem fins lucrativos e empresas governamentais.
Em relação ao tamanho da empresa, as médias e grandes exportadoras registraram o maior crescimento percentual em relação a 2022, com 3% de expansão em nível nacional. O número de pequenas exportadoras subiu 1% e o de microempresas caiu 0,1%.
Entre os setores de atividade econômica, o destaque ficou com a agropecuária, com crescimento de 7% nas empresas médias e grandes e de 4,5% nas de pequeno porte. A indústria de transformação também cresceu nesses dois segmentos, com expansão de 2,6% e 1%, respectivamente.
Em relação aos destinos dos produtos, a China lidera em todas as categorias, com crescimentos percentuais de 17% (pequeno porte), 9,8% (médias e grandes) e 1% (microempresas).
Fonte: CNN - Agência Brasil