Economia

Dólar fecha em queda em meio à tensão geopolítica e pessimismo com juros nos EUA; Ibovespa sobe





O pessimismo com a queda de juros nos EUA e o cenário fiscal brasileiro também seguem influenciando o movimento do mercado financeiro desta sexta-feira

O Ibovespa fechou em alta nesta sexta-feira (19), de volta ao patamar dos 125 mil pontos, puxado pela valorização nas ações da Vale e da Petrobras, enquanto os papéis da Petz dispararam após acerto para união com a Cobasi.

O índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa, subiu 0,75%, a 125.124,3 pontos, embora tenha acumulado perda semanal de 0,65%. Na máxima do dia, chegou a 125.508,91 pontos. Na mínima, a 124.056,03 pontos.

Enquanto isso, o dólar à vista fechou em queda firme ante o real, de quase 1%, em um dia de ajustes de preços e realização de lucros após avanços firmes em sessões anteriores, enquanto no exterior a moeda norte-americana também cedia ante boa parte das demais divisas, a despeito das preocupações com os conflitos no Oriente Médio.

A divisa fechou o dia cotada a R$ 5,1989 na venda, em baixa de 0,99%. Na semana, porém, a moeda ainda acumulou alta de 1,52%.

Durante a tarde, em palestra em Nova York, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também voltou a defender que a autarquia só intervenha no mercado de câmbio em caso de disfuncionalidades — e não em função da alta das cotações.

“Se o câmbio está se valorizando porque as pessoas estão comprando dólar, deve ser porque as pessoas perceberam um risco que é maior. E você não quer que essa variável não reflita o risco”, disse.

Campos Neto afirmou ainda que o Brasil depende do dólar mesmo depois que o governo optou por reduzir sua dívida externa e compensá-la com o aumento da dívida interna, num movimento que ocorreu a partir do início dos anos 2000.

Segundo ele, parte dos detentores dos títulos públicos brasileiros são estrangeiros que precisam vender dólares e comprar reais para fazer operações. Com isso, movimentos na curva de juros acabam impactando a demanda por dólar.

No início da sessão, preocupações em torno de um ataque de Israel ao Irã deram força ao dólar em todo o mundo, em meio à busca dos investidores por ativos de segurança. Às 9h09, pouco depois da abertura, o dólar à vista registrou a cotação máxima de 5,2782 reais (+0,52%).

Durante a madrugada, relatos de explosões em uma cidade iraniana, no que fontes descreveram como um ataque israelense, geraram temores de uma escalada do conflito, levando os preços do petróleo a dispararem no mercado internacional.

À medida que o susto com o ataque israelense diminuía, o dólar foi perdendo força em todo o mundo, incluindo no Brasil. Assim como no mercado de renda fixa, onde as taxas futuras de juros passaram por ajustes de baixa após os fortes ganhos recentes, o dólar à vista virou para o negativo e acelerou as perdas no restante da sessão.

Profissionais do mercado afirmaram ser natural que, após os excessos recentes, o dólar passasse por um dia de ajustes. No meio da tarde, às 15h28, o dólar à vista marcou a cotação mínima de 5,1858 reais (-1,24%).

O índice de volatilidade da B3, que mede a volatilidade de curto prazo implícita nos preços das opções do Ibovespa, subia 2,21%.

Na agenda doméstica, sem grandes indicadores a serem divulgados, as atenções se voltaram para os compromissos do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em Washington.

Dólar

A queda do dólar segue sendo motivada pelos mesmos fatores que influenciaram a moeda durante a semana: a cautela dos investidores com o conflito entre Irã e Israel, o pessimismo com a política econômica dos EUA e a preocupação com o cenário fiscal no Brasil.

Na véspera, o presidente do Federal Reserve de Atlanta, Raphael Bostic, e o presidente do Fed de Nova York, John Williams, disseram que o banco central dos EUA não está com pressa para cortar os juros, ecoando fala do chair do Fed, Jerome Powell, do início da semana.

Na terça-feira, Powell disse que o banco central dos Estados Unidos pode precisar manter a taxa básica de juros mais alta por mais tempo do que se pensava anteriormente, devido ao que ele chamou de “falta de mais progresso” este ano em direção à meta de inflação de 2%.

Essa fala foi um dos principais impulsionadores do dólar frente ao real nesta semana, embora também tenha pesado a decisão do governo brasileiro de afrouxar a meta de resultado primário para 2025 a um déficit zero, ante superávit de 0,50% do PIB buscado antes.

Na véspera, o dólar à vista fechou o dia cotado a 5,2508 reais na venda, em leve alta de 0,12%. No entanto, a moeda caminha para um ganho de 2,53% frente ao encerramento da última sexta-feira, o que marcaria um quarto ganho semanal consecutivo e o mais intenso desde o início de outubro de 2023.

 

Confira outras notícias

- Bilionário mexicano elogia economia brasileira e anuncia investimentos 

O empresário mexicano Carlos Slim, fundador da América Móvil, maior conglomerado de telecomunicações da América Latina, e que controla a operadora Claro, no Brasil, foi recebido nesta sexta-feira (19) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto. Eles conversaram sobre o panorama da economia e investimentos programados para os próximos anos. Um dos homens mais ricos do planeta, Slim tem uma fortuna estimada em quase US$ 100 bilhões, segundo estimativas da revista norte-americana Forbes. Após o encontro com Lula, o empresário elogiou os rumos da economia brasileira.  

"Falamos das economias, como estão, a economia do Brasil, que está cada vez melhor, com a inflação muito reduzida, muitos planos de investimento e o interesse que temos de seguir investindo em telecomunicações", disse em conversa com jornalistas. 

O mexicano anunciou planos de investimentos para os próximos anos da Claro no Brasil, que prevê aportes de R$ 40 bilhões, especialmente em fibra ótica, internet de alta velocidade e serviços para cidadãos e empresas a partir da tecnologia 5G.

Slim também falou sobre a alta concorrência do mercado brasileiro em telecomunicações e defendeu uma revisão da neutralidade de rede, para que as grandes plataformas de tecnologia, as chamadas big techs, paguem pelo uso intensivo de dados. As quatro maiores big techs do mundo (Apple, Microsoft, Meta e Google) usam, segundo Slim, 70% da rede de tráfego de dados disponibilizada pelas empresas de telecomunicações.  

"Eu creio que a neutralidade da rede faz com que as grandes empresas, que fazem grandes operações, usem a rede, e seria conveniente que fizessem um pagamento mínimo, que se reverta em benefício ao consumidor, através de mais investimento e menores preços", defendeu.

Em nota, o Palácio do Planalto informou que o presidente Lula relembrou, na conversa com o empresário, sobre o isolamento internacional que o Brasil viveu no governo anterior e como o país se reinseriu no cenário internacional em 2023, com presença nos principais fóruns e reuniões bilaterais com os principais líderes mundiais.

"Lula relatou o processo de reconstrução do Estado brasileiro a partir da PEC da Transição e da retomada de programas sociais. Reforçou que em 2024 o Brasil vai crescer de novo mais do que o previsto, assim como ocorreu em 2023, com estabilidade e previsibilidade, e falou dos planos de investimento em infraestrutura, que totalizam R$ 1,7 trilhão via Novo PAC nos próximos anos", diz a nota.

 

Fonte: CNN - Agência Brasil