O Ibovespa encerrou em queda e o dólar avançou ante o real nesta terça-feira (21), com mercados à espera da divulgação da ata do Federal Reserve (Fed), nesta quarta.
A expectativa de pistas sobre o rumo dos juros na maior economia do globo ocorre em meio falas de membros da autoridade monetária apontando cautela com a inflação.
Na cena local, a Receita Federal divulgou arrecadação de R$ 228,8 bilhões em abril, alta de 8,26% sobre o mesmo mês do ano anterior, marcando o quinto recorde para o mês consecutivo.
O cenário de expectativas global deu fôlego ao dólar, que fechou a sessão com alta de 0,23%, negociado a R$ 5,116 na venda, enquanto a cotação ante a cesta das principais moedas do globo teve alta moderada.
O principal índice do mercado doméstico encerrou com perda de 0,27%, aos 127.411 pontos, na contramão do desempenho positivo em Wall Street.
Os papéis da Yduqs (YDUQ3) dispararam 10,2% no pregão após previsões sobre lucro, enquanto Suzano (SUZB3) figurava na ponta de baixa, com recuo de 3,72%, após notícia sobre aumento de oferta pela International Paper.
O mercado aguarda a divulgação da ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve, que pode sinalizar quando o banco central norte-americano pretende iniciar seu ciclo de afrouxamento monetário e em qual intensidade.
Em falas separadas na segunda-feira, membros do Fed ainda demonstraram cautela com a inflação.
O vice-chair do Fed, Philip Jefferson, afirmou que ainda é cedo para saber se a inflação está de volta a uma trajetória sustentável para a meta de 2%, enquanto o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, classificou os dados de preços como “muito irregulares”.
O Fisco anunciou a melhor arrecadação para abril desde o início da série histórica, em 1995.
No período acumulado de janeiro a abril de 2024, a arrecadação alcançou o valor de R$ 886,6 bilhões, representando um acréscimo de 8,33%.
Rodrigo Cohen, analista CNPI e co-fundador da Escola de Investimentos, pontua que o temor com o risco fiscal apaga parte do otimismo dos dados positivos do Fisco.
“Foi divulgada uma arrecadação recorde, mas a gente sabe que o governo está cada vez mais abrindo novas frentes de gastos e isso tira a credibilidade do nosso atingimento de metas, do nosso governo aqui, da nossa questão fiscal, o que deixa o investidor nervoso”, pontua.
O cenário fiscal também reflete em maiores expectativas de juros e inflação.
Dados do Boletim Focus publicados na segunda (20) apontaram que a previsão para a Selic este ano é de 10%, de 9,75% antes, na terceira semana seguida de elevação. Para 2025 a projeção continua sendo de 9%.
O movimento acompanha previsões de inflação mais alta no período. Para este ano, o mercado espera que o índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerre em 3,8%, enquanto em 2025 o indicador oficial da inflação deve fechar com alta de 3,74%.
Fonte: CNN com Reuters