O Ibovespa renovou a mínima do ano pelo segundo dia seguido e o dólar fechou em alta ante o real nesta quarta-feira (29), em linha com cenário internacional negativo, com investidores à espera de importantes dados da inflação dos Estados Unidos que serão publicados na sexta-feira (31).
No cenário doméstico, o mercado analisou dados positivos do mercado de trabalho, reforçando a expectativa de desaceleração da queda dos juros pelo Banco Central (BC).
O principal índice do mercado doméstico encerrou a sessão com perda de 0,87%, aos 122.707 pontos, o pior desempenho desde novembro do ano passado e na véspera de pregão fechado no país pelo feriado de Corpus Christi.
Nesta terça (28), o Ibovespa já havia renovado a mínima do ano e em seis meses ao perder o patamar dos 124 mil pontos.
O clima negativo global deu fôlego ao dólar ante moedas emergentes. A divisa norte-americana encerrou a sessão com alta de 1,1%, negociada a R$ 5,210 na venda.
Este é o maior valor de fechamento desde 18 de abril, quando a divisa foi cotada a R$ 5,250.
Os títulos do Tesouro dos EUA voltaram a pressionar o mercado, atingindo o pico em quatro semanas, com investidores à espera do PCE, o dado de inflação favorito do Federal Reserve (Fed) para definir os rumos dos juros. Os números serão divulgados na manhã de sexta.
Os dados podem sinalizar a perspectiva para o início de um ciclo de afrouxamento monetário no Fed e no Banco Central Europeu. A manutenção da taxa de juros nos EUA tem ajudado a valorizar o dólar, deixando-o mais interessante para investidores globais.
Nas últimas semanas, autoridades do banco central norte-americano tem reforçado que precisam avaliar mais dados para ganhar confiança de que a inflação no país está à caminho da meta de 2%, sem indicar quando a instituição pode começar a cortar sua taxa de juros.
Hoje, o Fed publicou o Livro Bege, uma espécie de “termômetro” da economia norte-americana, indicando que a maior das empresas estão pessimistas com o futuro dos indicadores econômicos.
Os dados também mostraram que a economia do país continuou se expandindo entre abril e maio.
Para Anderson Silva, sócio da GT Capital, o cenário visto no documento não causou surpresa por já ter sido adiantado por indicadores da inflação divulgados nas últimas semanas.
“O dado trouxe a informação de que a expansão da economia continua forte, nada de diferente do que vemos representados na divulgação de dados como CPI e PPI, o que faz com que cada vez mais, a possibilidade de apenas um corte ou até mesmo nenhum corte na taxa de juros nos EUA em 2024 ganhe força”.
Na cena local, investidores analisaram os principais índices do mercado de trabalho do país.
O Brasil abriu 240.033 vagas formais de trabalho em abril, acima do esperado, e registrou uma nova queda no desemprego, em 7,5% no trimestre terminado em abril, de acordo com dados do Caged e do IBGE, respectivamente.
Os números do mercado de trabalho, ainda que positivos, reforçaram as preocupações de que a renda maior possa pressionar a inflação, o que reduziria ainda mais o espaço do BC para cortar a taxa Selic, hoje em 10,5% ao ano.
Em seu último encontro de política monetária, no início do mês, o BC reduziu o ritmo de cortes da Selic, de 50 para 25 pontos-base, e não se comprometeu com mais cortes da taxa, considerando o cenário de maior incerteza.
Na ata da reunião, o BC destacou o “elevado dinamismo” do mercado de trabalho e citou debate sobre a possível transmissão para salários e preços desse aperto do mercado, mas também o entendimento de que não há evidências conclusivas sobre seu impacto inflacionário.
Nesta quarta-feira, porém, a leitura dos investidores foi de que o mercado de trabalho aquecido é de fato um obstáculo para o controle da inflação.
Também no cenário doméstico, dados do Banco Central mostraram que a dívida bruta do Brasil registrou alta em abril, fechando em 76% do PIB, contra 75,7% no mês anterior. Já a dívida líquida foi a 61,2%, de 61,1%.
Fonte: CNN com Reuters