Economia

Ibovespa sobe mais de 1% com apoio de Vale e Petrobras; dólar cai após bater maior nível em 1 ano





Mercado ainda repercute a primeira queda dos juros pelo Banco Central Europeu (BCE) em cinco anos

O Ibovespa encerrou esta quinta-feira (6) com alta de mais de 1%, enquanto os investidores aguardam novos dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos que serão publicados nesta sexta (7).

O mercado ainda repercute a primeira queda dos juros pelo Banco Central Europeu (BCE) em cinco anos, mas que ressaltou cautela e não adiantou novas reduções.

O principal índice da bolsa paulista subiu 1,23% no pregão, encerrando com 122.898,8 pontos. O volume financeiro da sessão ficou em R$ 18,7 bilhões.

Já os papéis da Vale e da Petrobras, que deram um forte impulso para a bolsa hoje, encerraram em alta de 1,39% e 0,47%, respectivamente.

O dólar encerrou em queda de 0,90%, negociado em R$ 5,2620, cedendo terreno ao real após bater R$ 5,30 na véspera, a maior cotação desde janeiro de 2023.

Segundo números publicados mais cedo, os pedidos subiram 8 mil na semana passada, para 229 mil. A previsão era de 220 mil solicitações.

Os dados chegam na véspera da publicação do payroll, um dos principais índices do mercado de trabalho analisado pelo Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA).

Nesta manhã, o foco dos mercados globais estava voltado ao anúncio da decisão de política monetária do BCE, que reduziu os custos dos empréstimos, até então em níveis recordes.

A instituição cortou sua taxa de depósito em 25 pontos-base, para 3,75%, reconhecendo o avanço em sua batalha contra a inflação nos 20 países da zona do euro. A alta dos preços estava em 10% no final de 2022 e tem desacelerado para pouco acima de sua meta de 2% nos últimos meses.

Mas esse progresso estagnou recentemente e o que parecia ser o início de um grande ciclo de afrouxamento pelo BCE há apenas algumas semanas parece agora mais incerto devido a sinais de que a trajetória da inflação da zona do euro pode se mostrar instável, como tem sido o caso nos Estados Unidos.

Cenário doméstico

No cenário doméstico, os investidores também digeriam comentários do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que discursou em evento da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), em São Paulo.

O chefe da autarquia reconheceu como um fator de preocupação para o BC a piora consistente das expectativas do mercado.

Os economistas têm elevado suas projeções de inflação no Brasil para o fim deste ano e os dois próximos, como ficou evidente na mais recente pesquisa Focus.

 

Confira outras notícias

- Lucro dos bancos sobe para R$ 145 bi, mas rentabilidade cai em 2023

O lucro líquido dos bancos foi de R$ 145 bilhões no ano passado, alta de 5% na comparação com 2022. Enquanto isso, na mesma comparação interanual, a rentabilidade do sistema bancário foi de 14,1% no ano de 2023, queda de 0,6 ponto percentual.

A lucratividade é a comparação do lucro final com o faturamento e depende de custos e formação de preços, enquanto a rentabilidade compara o lucro final com o patrimônio e investimentos realizados, ou seja, com a capacidade do negócio de gerar retornos com base no que foi investido.

De acordo com o Relatório de Economia Bancária, divulgado nesta quinta-feira (6) pelo Banco Central (BC), a rentabilidade do sistema bancário, medida pelo Retorno Sobre Patrimônio Líquido (ROE), apresentou leve redução em 2023 e distribuição heterogênea dentro do grupo das instituições financeiras (IFs) de maior importância. Ainda assim, a rentabilidade bancária no Brasil está entre as mais elevadas do mundo, apesar do declínio observado nos últimos dois anos, sendo superado por México e Índia e em um patamar similar à Indonésia.

“O aumento de ativos problemáticos foi a principal causa da redução [na rentabilidade]. A distribuição distinta do ROE entre as IFs decorreu principalmente do diferencial de sucesso nas estratégias adotadas na gestão de risco de crédito durante e no pós-pandemia [de covid-19], e de risco de mercado nos recentes ciclos de elevação e de queda da taxa básica de juros”, explicou o BC.

Os ativos problemáticos levaram à necessidade de aumento das provisões nos últimos anos, que são as reservas que os bancos fazem para pagamento das dívidas de crédito (calotes). “O aumento do comprometimento de renda das famílias, a redução da capacidade de pagamento das empresas e, por último, o caso Americanas foram os principais fatores que influenciaram o aumento dos ativos problemáticos no referido período”, diz o relatório.

Em 19 de janeiro de 2023, as Lojas Americanas entraram em recuperação judicial, com dívidas declaradas de R$ 49,5 bilhões, após a descoberta de fraudes contábeis. Em 2021 e 2022, a companhia acumulou prejuízo de R$ 19,1 bilhões.

Segundo o BC, as despesas com provisões aumentaram em 2022 e 2023, mas apresentam sinais de estabilização. O crescimento desde o final de 2021 deu lugar a uma queda consistente das provisões no segundo trimestre de 2023, com estabilização na segunda metade do ano. “A manutenção da qualidade das concessões e a redução das estimativas de perdas nas carteiras das IFs resultam em menor necessidade de provisionamento. As provisões constituídas são consideradas adequadas, acima das estimativas de perdas esperadas”, explicou a autarquia.

As diferenças de rentabilidade na comparação interanual também estão relacionadas à eficiência operacional, à gestão de risco pré-fixado na carteira de títulos e, de certa forma, aos efeitos do aumento da competição no Sistema Financeiro Nacional (SFN).

Concorrência

O Relatório de Economia Bancária mostra continuidade da redução da concentração no SFN, processo que vem ocorrendo nos últimos anos, e elevação do grau de concorrência no mercado de crédito, enquanto a concorrência em serviços financeiros ficou relativamente estável. “A concentração diminuiu para todos os agregados contábeis considerados – ativos totais, depósitos totais e operações de crédito –, envolveu o aumento da participação das cooperativas de crédito e das instituições não bancárias, e ocorreu na maioria dos mercados relevantes de crédito”, diz o relatório.

De 2022 para 2023, a participação de mercado dos quatro maiores bancos - Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Bradesco e Itaú - se reduziu em todos os agregados contábeis, de 87,8% para 87,6% nos ativos totais, de 91,2% para 90,7% nos depósitos totais e de 86,2% para 85,9% nas operações de crédito.

“Esse movimento pode ser associado à atuação das instituições não bancárias no mercado de cartão de crédito e de crédito sem consignação, ao passo que as cooperativas de crédito, em 2023, destacaram-se por sua atuação nos mercados de cheque especial e de capital de giro”, explicou o BC.

As cooperativas de crédito eram responsáveis por 5,5% dos ativos totais no ano passado, contra 5,1% em 2022. Nos depósitos, passaram de 6,4% em 2022, para 6,6% em 2023, e no caso do crédito, esse grupo respondeu por 6,8% do total das operações em 2023, contra 6,3% do ano anterior.

 

Fonte: CNN - Agência Brasil