O Ibovespa encerrou em alta e o dólar voltou a recuar ante o real nesta segunda-feira (24), com os juros futuros em queda pela terceira sessão seguida enquanto investidores aguardam pela ata do Banco Central (BC), que deve trazer mais detalhes sobre a decisão unânime da semana passa de interromper o ciclo de queda dos juros em 10,5%.
No noticiário corporativo, destaque para o avanço acima de 12% das ações do Magazine Luiza (MGLU3), com a repercussão positiva do mercado ao anúncio de parceria com a gigante chinesa Aliexpress.
Os indicadores domésticos abriram a semana no positivo à espera de dados da inflação doméstico e noa EUA.
No Brasil, a prévia da inflação de junho sairá na quarta-feira (26), enquanto na sexta (28), serão publicados números do PCE, o índice de inflação favorito do Federal Reserve (Fed) para balizar o passo dos juros.
O Ibovespa encerrou no azul pela quinta sessão seguida, registrando avanço de 1,07%, aos 122.636 pontos, a despeito do fechamento sem direção definida em Wall Street.
O clima de maior risco no cenário internacional deu nova força para a queda do dólar, que encerrou a sessão com perda de 0,94%, negociado a R$ 5,390.
Esta foi a segunda desvalorização seguida ante o real após uma sequência de altas que deixou a divisa norte-americana no maior patamar em quase dois anos.
Mais cedo, economistas consultados pelo BC em sua pesquisa Focus elevaram novamente a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ao fim deste ano, a 3,98%, ante 3,96% na semana anterior, e para 2025, a 3,85%, de 3,8%.
A visão da autarquia sobre a desancoragem das expectativas será elaborada mais uma vez na terça-feira, quando o BC divulgar a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em que foi decidida a manutenção da taxa Selic em 10,5% ao ano.
No Focus desta segunda-feira, os economistas ainda elevaram sua projeção para o valor do dólar ao fim deste ano, visto agora em R$ 5,15, ante R$ 5,13 na semana passada, em meio à fraqueza recente da moeda brasileira.
Na semana passada, os temores do mercado aumentaram ainda mais com uma série de declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva atacando o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e a condução da política monetária por parte da autarquia.
O dólar atingiu na quinta-feira seu maior valor desde 22 de julho de 2022, a R$ 5,461 na venda, ainda durante o governo de Jair Bolsonaro.
Nesta semana, após sessões marcadas por decisões de política monetária no Brasil e em mercados desenvolvidos, os investidores voltam suas atenções para a divulgação de novos dados de inflação, em busca de sinais sobre o processo de controle dos preços a nível global.
O mercado doméstico analisará na quarta-feira novos dados do IPCA-15 para junho, com expectativa de analistas consultados pela Reuters de alta de 0,45% na base mensal, ante 0,44% no mês anterior.
As divulgações de números de inflação no Brasil têm ganhado importância à medida que as expectativas do mercado sobre os preços seguem subindo para este e o próximo ano, gerando preocupação nas autoridades do Banco Central.
As ações do Magazine Luiza (MGLU3) subiram 12,28% nesta segunda-feira (24) e lideram o Ibovespa após o anúncio de parceria com a gigante chinesa Aliexpress para a venda de produtos nos dois marketplaces.
Segundo comunicado, o parceiro chinês passará a ofertar itens da linha Choice, serviço de compras premium do Magalu que oferece uma curadoria de produtos com o melhor custo-benefício e velocidade de entrega.
Já o Magalu irá oferecer produtos de estoque próprio na plataforma brasileira do Aliexpress. O início das operações focará em produtos de bens duráveis. Em nota, a varejista afirmou que os itens seguirão as regras da remessa conforme.
“No site e aplicativo, os produtos do AliExpress serão destacados em um ‘Mundo’ específico, assim como acontece com determinadas marcas e categorias. Além disso, poderão ser oferecidos pelos vendedores das mais de 1.250 lojas físicas do Magalu espalhadas por todo o Brasil”, informou a varejista brasileira.
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- Contas externas têm saldo negativo de US$ 3,4 bilhões em maio
As contas externas do país tiveram saldo negativo em maio de 2024, chegando a US$ 3,400 bilhões, informou nesta segunda-feira (24) o Banco Central (BC). No mesmo mês de 2023, houve superávit de US$ 1,093 milhão nas transações correntes, que são as compras e vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda com outros países.
A piora na comparação interanual é resultado da queda de US$ 3 bilhões no superávit comercial, em razão, principalmente, da redução de 6,9% nas exportações. Contribuindo para o resultado negativo nas transações correntes, os déficits em serviços e renda primária (pagamento de juros e lucros e dividendos de empresas) aumentaram em US$ 1,3 bilhão e US$ 168 milhões, respectivamente.
A renda secundária também passou de superávit para déficit, com variação de US$ 81 milhões.
Em 12 meses encerrados em maio, o déficit em transações correntes somou US$ 40,148 bilhões, 1,79% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma dos bens e serviços produzidos no país), ante o saldo negativo de US$ 35,654 bilhões (1,6% do PIB) no mês passado. Já em relação ao período equivalente terminado em maio de 2023, houve diminuição; na ocasião, o déficit em 12 meses somou US$ 45,283 bilhões (2,24% do PIB).
De acordo com o BC, as transações correntes têm cenário bastante robusto e vinham com tendência de redução nos déficits em 12 meses, que se inverteu a partir de março deste ano. Ainda assim, o déficit externo é baixo para os padrões da economia brasileira e está financiado por capitais de longo prazo, principalmente pelos investimentos diretos no país, que têm fluxos de boa qualidade. Os dados do Investimento Direto no País (IDP) no mês de maio somaram US$ 3,023 bilhões.
No acumulado de janeiro a maio de 2024, o déficit nas transações correntes ficou em US$ 21,094 bilhões, contra saldo negativo de US$ 11,774 bilhões nos primeiros cinco meses de 2023.
As exportações de bens totalizaram US$ 30,676 bilhões em maio, uma redução de 6,9% em relação a igual mês de 2023, tanto em quantidade quanto em preços. Segundo o BC, não houve uma razão específica para a queda e, “aparentemente”, é uma redução pontual na série de exportações.
As importações somaram US$ 24,319 bilhões, com elevação de 3,1% na comparação com maio do ano passado. Nessa rubrica, há destaque para o crescimento dos criptoativos, que são caracterizados como bens e contabilizados na balança comercial. No mês passado, foram importados US$ 1,476 bilhão em criptomoedas, crescimento de 55% em relação aos US$ 951 milhões registrados em maio de 2023.
Entretanto, na próxima divulgação das estatísticas do setor externo, em 25 de julho, as compras e vendas de criptoativos serão reclassificadas. Segundo o BC, o Fundo Monetário Internacional (FMI), em conjunto com outros organismos internacionais e após uma consulta global a compiladores de estatísticas, modificou o tratamento metodológico para os criptoativos. Aqueles sem emissor, até então tratados como bens, passam a ser considerados ativos não financeiros não produzidos, com registro na conta de capital.
Com os resultados de exportações e importações, a balança comercial fechou com superávit de US$ 6,357 bilhões no mês passado, valor 32% menor ante o saldo positivo de US$ 9,357 bilhões no mesmo período de 2023.
O déficit na conta de serviços – viagens internacionais, transporte, aluguel de equipamentos e seguros, entre outros – somou US$ 4,482 bilhões em maio, ante os US$ 3,227 bilhões em igual mês de 2023, crescimento de 38,9%.
Segundo o BC, o déficit em serviços vem aumentando neste ano e a conta vem se diversificando. Na comparação interanual, uma das maiores altas foi no déficit em serviços de telecomunicação, computação e informações, puxada por operações por plataformas digitais; o aumento foi de 97,6%, totalizando US$ 659 milhões.
As despesas líquidas com transportes cresceram 32,6%, somando US$ 1,544 bilhão. Já em aluguel de equipamentos, o déficit teve alta de 48,9%, para US$ 920 milhões. As duas rubricas estão associadas à dinâmica da atividade produtiva, investimentos e volume de importações.
No caso das viagens internacionais, em maio, o déficit na conta fechou com alta de 12,6%, chegando a US$ 714 milhões, resultado da redução de 7,7% (para US$ 523 milhões) nas receitas (que são os gastos de estrangeiros em viagem ao Brasil) e aumento de 3% nas despesas de brasileiros no exterior (para US$ 1,237 bilhão).
Em maio de 2024, o déficit em renda primária - lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários – chegou a US$ 5,230 bilhões, ligeiramente acima do registrado em maio do ano passado, de US$ 5,062 bilhões. Normalmente, essa conta é deficitária, já que há mais investimentos de estrangeiros no Brasil – e eles remetem os lucros para fora do país – do que de brasileiros no exterior.
As despesas líquidas com juros somaram US$ 1,288 bilhão em maio deste ano, 5% menor que o resultado de maio de 2023. No caso dos lucros e dividendos associados aos investimentos direto e em carteira, houve déficit de US$ 3,981 bilhões em maio, frente aos US$ 3,726 bilhões de déficit observado no mesmo mês de 2023.
A conta de renda secundária – gerada em uma economia e distribuída para outra, como doações e remessas de dólares, sem contrapartida de serviços ou bens – teve resultado negativo de US$ 45 milhões no mês passado, contra superávit US$ 36 milhões em maio de 2023.
Apesar do bom resultado, os ingressos líquidos em investimentos diretos no país (IDP) caíram na comparação interanual. O IDP somou US$ 3,023 bilhões em maio passado, ante US$ 4,355 bilhões em igual período de 2023, resultado de ingressos líquidos de US$ 1,7 bilhão em participação no capital e de US$ 1,3 bilhão em operações intercompanhia.
O IDP acumulado em 12 meses totalizou US$ 66,005 bilhões (2,95% do PIB) em maio de 2024, ante US$ 67,338 bilhões (3,02% do PIB) no mês anterior e US$ 68,318 bilhões (3,38% do PIB) no período encerrado em maio de 2023.
Quando o país registra saldo negativo em transações correntes, precisa cobrir o déficit com investimentos ou empréstimos no exterior. A melhor forma de financiamento do saldo negativo é o IDP, porque os recursos são aplicados no setor produtivo e costumam ser investimentos de longo prazo. A previsão do BC é que os investimentos diretos no país cheguem a US$ 70 bilhões em 2024, segundo o último Relatório de Inflação, divulgado no fim de março.
No caso dos investimentos em carteira no mercado doméstico, houve entrada líquida de US$ 1,304 bilhão em maio de 2024, composta por receitas líquidas de US$ 2,2 bilhões em títulos da dívida e saídas líquidas de US$ 896 milhões em ações e fundos de investimento. Nos 12 meses encerrados em maio último, os investimentos em carteira no mercado doméstico somaram ingressos líquidos de US$ 3,9 bilhões.
O estoque de reservas internacionais atingiu US$ 355,560 bilhões em maio de 2024, aumento de US$ 3,961 bilhões em comparação ao mês anterior.
Fonte: CNN com Reuters - Agência Brasil